Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Enquanto as atenções do
pelotão internacional estão centradas na Volta à Itália, um episódio insólito e
polémico marcou a Liege-Bastogne-Liege Sub-19, com um desfecho que provocou
indignação generalizada e uma queixa formal apresentada à UCI.
Na chegada da edição júnior da
clássica belga, o britânico Harry Hudson foi declarado vencedor após um final
caótico na icónica subida de La Redoute. Hudson travava um duelo directo com o
belga Leander De Gendt quando, já nos metros finais, uma moto da polícia entrou
inadvertidamente na linha de corrida, parecendo obstruir a trajetória de De
Gendt no momento decisivo. O episódio permitiu a Hudson cruzar a meta em
primeiro lugar, garantindo uma vitória envolta em polémica.
A equipa Cannibal-Victorious,
à qual pertence De Gendt, apresentou protesto formal junto da organização e da
União Ciclista Internacional, alegando que a interferência do veículo
comprometeu directamente o desfecho da corrida.
Francis Van Mechelen, director
desportivo da formação belga e pai do ciclista profissional Vlad Van Mechelen,
recorreu às redes sociais para expressar a sua indignação: "Estamos a
apresentar uma queixa à UCI contra o resultado e estamos a pedir um 'Ex aequo'
para os dois ciclistas que chegaram juntos à meta em La Redoute!",
escreveu no Facebook.
O pedido de vitória partilhada
(Ex aequo) é extremamente raro no ciclismo profissional, sendo uma decisão que
só é considerada em casos excepcionais. A natureza do protesto sublinha a
gravidade do incidente e a percepção de injustiça sentida pela equipa e pelo
jovem ciclista belga.
O episódio gerou também um
debate mais amplo sobre as condições de segurança e a gestão de veículos
motorizados em corridas de formação, onde os erros logísticos podem ter impacto
ainda mais significativo no desenvolvimento e motivação dos jovens talentos.
A corrida de elites da
Liège-Bastogne-Liège decorreu no mês passado sem qualquer tipo de incidentes,
no dia em que Tadej Pogacar conquistou a sua terceira vitória no Monumento,
mas, como alguns ironizaram, nem o esloveno precisou de ultrapassar motas para
vencer.
Resta agora aguardar pela
posição oficial da UCI sobre o protesto e pela eventual revisão do resultado,
que poderá vir a criar um precedente na gestão de corridas juniores de alto
nível.
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