sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

“João Almeida sobre o Tour, a relação com Ayuso e o regresso a Portugal: "Mostrei o que valho e o tipo de pessoa que sou"


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

A UAE Team Emirates - XRG esteve a estagiar no mês de dezembro no sul de Espanha, na bem conhecida cidade de Benidorm. As conversas e entrevistas com os ciclistas multiplicaram-se ao longo dos dias, pois todos estavam ávidos de poderem recolher as primeiras impressões para 2025 das estrelas da equipa e ouvirem as palavras do balanço do ano de 2024.

João Almeida está a entrar na sua 4ª temporada com as cores da equipa dos Emirados Árabes Unidos e falou sobre a sua estreia na Volta a França no verão passado, começando por falar da sua preparação para a corrida de três semanas na Volta à Suíça, onde venceu duas etapas e terminou em 2º lugar da geral.

"Na Suíça tive o meu pico de forma. Na Volta à Suíça apanhei um resfriado, não só eu como outros atletas, e na semana seguinte não pude treinar muito para recuperar a 100% para o Tour. Tive ali uma semana que treinei muito pouco e notei essa falta de treino depois no Tour. Não comecei o Tour com as minhas melhores pernas, mas sinceramente fui de menos a mais no Tour e a última semana foi a semana que me senti melhor."


De facto, a primeira semana da corrida o jovem das Caldas da Rainha não esteve muito exuberante na primeira semana, exceptuando a etapa do Col du Galibier. "A primeira semana do Tour foi a que me senti pior, os primeiros dias foram muito maus. Tive lá um dia que me senti muito bem que foi o do Galibier, mas sem ser esse dia foi a semana mais difícil para mim, mas depois da primeira semana senti-me melhor e acho que terminei bastante bem", disse em conversa com o Top Cycling.

Almeida não tem dúvidas em afirmar "O Tour é o Tour. É totalmente diferente. Já fiz 4 Voltas a Itália, 3 Voltas a Espanha, mas de facto o Tour é outra corrida, não só pelo mediatismo. É uma corrida de verão, o ritmo é outro, toda a gente está no pico de forma. Há sempre qualquer tipo de interesse em qualquer etapa, nem que seja uma meta volante há sempre uma equipa que vai tirar por aquela meta volante e é uma corrida que a 80 quilómetros da meta já estamos a fazer comboios para estarmos bem posicionados. Se eu tiver de vir buscar água, só se disser "service" porque tenho bidons para entregar aos meus colegas, senão acho que ninguém passa para a frente. É uma luta pela colocação incrível."

"Fazer parte da equipa do Campeão o nível de respeito é sempre superior, o que facilita as coisas ás vezes" diz João, relativamente a ter estado ao lado de Tadej Pogacar na sua reconquista da Volta a França, onde terminaria em 4º lugar na Classificação Geral, tendo subido ao pódio em Nice não só porque a UAE Team Emirates ganhou a prova coletivamente, mas porque João Almeida foi considerado pela organização da corrida o "melhor domestique" do Tour de 2024 "Mostrei o que valho e o tipo de pessoa que sou, que acho que é importante."

Sobre o momento polémico com Juan Ayuso no Col du Galibier, que fez correr muita tinta, João esclarece. "Para acabar um bocadinho com a polémica, sempre estiveram bem. Nós damo-nos bem, não temos nada um contra o outro. Às vezes há situações de corrida que não correm a 100% como desejamos, mas depois é uma coisa que é falada, é discutida, acabou ali e pronto. Todos cometemos erros, tanto de um lado como do outro, acontece. O mais importante é aprender com o A UAE tem muitos nomes sonantes e por vezes isso torna-se difícil de gerir, pois os egos são muitos e as ambições de todos os ciclistas são as mesmas. "Esse trabalho é para os directores desportivos e para o Matxin, que é o director geral, mas certamente que não é fácil de gerir tudo isso, arranjar oportunidades para todos os corredores, toda a gente estar minimamente satisfeita. Numa equipa como a nossa que tem bastantes atletas talentosos e ele tem gerido bem as coisas. Às vezes as pessoas têm que engolir o seu próprio ego em certas situações, mas depois cabe a cada um tomar as decisões que acham as mais corretas".

Às vezes temos que engolir uns sapos... "Exactamente, faz parte da vida, por assim dizer, acho que nos ajuda a crescer e mais vale um pássaro na mão que dois a voar". O sucesso da equipa em 2024 foi estrondoso, com muitas vitórias conquistadas por 20 ciclistas diferentes, uma fórmula que será difícil de repetir ou mesmo melhorar "Sim, melhor é um bocado difícil. Muito do sucesso que tivemos e dessa quase perfeição deve-se ao Tadej, que é um corredor surreal. A maioria dos sucessos que tivemos foi ele que fez. Claro que sem a equipa ele não o conseguia fazer sozinho, obviamente."

Este ano João Almeida vai deixar as Clássicas das Ardenas de fora do seu calendário, mas deixou o seu desejo de voltar à Amstel Gold Race e à Liege - Bastogne - Liege, contudo não quer repetir a La Fléche Wallogne. Vai correr pela primeira vez na Volta à Comunidade Valenciana e na Volta à Romandia " Vai ser a primeira vez que as vou fazer e estou entusiasmado. Corridas diferentes, novas", para as quais se sente motivado "São subidas diferentes, dinâmicas diferentes e mesmo os atletas contra quem vou competir. São disputadas noutra altura da temporada, que também muda bastante"

João vai regressar a Portugal já no próximo mês de fevereiro, depois de no ano passado ter faltado à Figueira Champions Classic e à Volta ao Algarve por doença "Sim, já não faço o Algarve há algum tempo e quero voltar à corrida e dar o meu melhor e tentar sacar uma vitória para os portugueses, acho que seria bastante bom." sem erros."

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/joao-almeida-sobre-o-tour-a-relacao-com-ayuso-e-o-regresso-a-portugal-mostrei-o-que-valho-e-o-tipo-de-pessoa-que-sou

“Uma marca indelével: 10 anos de Nelson Oliveira na Movistar”


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Nelson Oliveira é imagem de marca da equipa espanhola Movistar Team. É o mais velho da equipa comandada por Eusebio Unzué e está como o Vinho do Porto. “Os anos vão passando e os números vão aumentando”, diz numa entrevista ao Top Cycling.

“Noto a passagem do tempo pelos companheiros; vão uns e vêm outros. Chegamos à mesa e desde que comecei só há dois ou três que estão aqui. O tempo vai passando e vamos notando. Aqui já me tratam como uma família, estão contentes comigo. Para já vejo-me a correr porque estou bem fisicamente, sinto-me com vontade de treinar, tenho a responsabilidade de treinar todos os dias. Provavelmente mais do que tinha quando era mais jovem. A idade é outra, a responsabilidade é outra, se calhar o medo de falhar também é outro. Tento dar tudo nos treinos para que esse medo não se torne uma realidade.”

A equipa espanhola renovou o seu contrato com o seu principal patrocinador até 2029, mas a força financeira já não é a mesma de outros tempos, para fazer frente a equipas milionárias como a UAE Team Emirates - XRG, Team Visma | Lease a Bike ou a mais recente Red Bull- BORA hansgrohe. “O ciclismo evoluiu muito, a maneira de correr e de treinar também. Há sempre aspetos que temos que melhorar. Há uns anos não comíamos o que comemos agora, ou seja, havia uma filosofia diferente do que era a nutrição em corrida, nos treinos. A nível nutricional evoluímos, há mais energia no corpo e isso reflete-se nos números. Nos últimos quatro anos os meus números não foram piorando, tenho-me mantido, tem a ver com trabalho, alimentação e disciplina.”

Nelson Oliveira tem um início de temporada que passará por Portugal, pela Figueira Champions Classic, mas mais à frente irá juntar-se a Enric Mas, o líder da equipa que tem como principal objectivo o Tour, onde falhou em 2024. “Provavelmente irá preparar o Tour de forma diferente. O stress que se vive no Tour é diferente do que se vive na Vuelta. O mediatismo é diferente, provavelmente pode-o afetar ou não, não sei dizer. Tem mantido o rendimento, tem margem de melhora e poderá evoluir em alguns aspetos porque no ciclismo melhorar um por cento já é muito. No Tour já se sabe, entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard vai haver fogo de artifício por todo o lado, quando estão os dois é para ver quem faz 3.º mais ou menos.”

Falou em Pogacar e em Vingegaard, que têm gladiado entre eles o trono da Volta a França nos ultimos anos, pelo que será impreterível a questão. O que é que eles têm, que está a faltar aos rivais para tentar igualá-los. “É o método de treino, a fisionomia, o ADN. São melhores do que os outros em muitas coisas, mas não em tudo. Pões o Vingegaard a fazer um contrarrelógio de um dia e não o faz tão bem como numa grande Volta. O Pogacar também não vai ganhar um contrarrelógio no Mundial… até ver. Ao lado do Ganna ou do Remco é favorito, mas não como no Tour.”

 

Nelson vai para a 10ª temporada ao serviço da Movistar, como referido, mas tem números que por vezes passam ao lado dos menos atentos. Já participou em 21 Grandes Voltas na sua carreira e é o ciclista no activo que está há mais tempo sem abandonar uma corrida: 208. Afinal qual é o segredo, qual é a receita para tal registo. “Não há receita. É não ter azares, saber o que estamos a fazer e seguir para a frente sem pensar em muita coisa. Não tenho tido azares ao ponto de abandonar.”

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/uma-marca-indelevel-10-anos-de-nelson-oliveira-na-movistar

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