Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Nelson Oliveira é imagem de
marca da equipa espanhola Movistar Team. É o mais velho da equipa comandada por
Eusebio Unzué e está como o Vinho do Porto. “Os anos vão passando e os números
vão aumentando”, diz numa entrevista ao Top Cycling.
“Noto a passagem do tempo
pelos companheiros; vão uns e vêm outros. Chegamos à mesa e desde que comecei
só há dois ou três que estão aqui. O tempo vai passando e vamos notando. Aqui
já me tratam como uma família, estão contentes comigo. Para já vejo-me a correr
porque estou bem fisicamente, sinto-me com vontade de treinar, tenho a
responsabilidade de treinar todos os dias. Provavelmente mais do que tinha
quando era mais jovem. A idade é outra, a responsabilidade é outra, se calhar o
medo de falhar também é outro. Tento dar tudo nos treinos para que esse medo
não se torne uma realidade.”
A equipa espanhola renovou o
seu contrato com o seu principal patrocinador até 2029, mas a força financeira
já não é a mesma de outros tempos, para fazer frente a equipas milionárias como
a UAE Team Emirates - XRG, Team Visma | Lease a Bike ou a mais recente Red
Bull- BORA hansgrohe. “O ciclismo evoluiu muito, a maneira de correr e de
treinar também. Há sempre aspetos que temos que melhorar. Há uns anos não
comíamos o que comemos agora, ou seja, havia uma filosofia diferente do que era
a nutrição em corrida, nos treinos. A nível nutricional evoluímos, há mais
energia no corpo e isso reflete-se nos números. Nos últimos quatro anos os meus
números não foram piorando, tenho-me mantido, tem a ver com trabalho,
alimentação e disciplina.”
Nelson Oliveira tem um início
de temporada que passará por Portugal, pela Figueira Champions Classic, mas
mais à frente irá juntar-se a Enric Mas, o líder da equipa que tem como
principal objectivo o Tour, onde falhou em 2024. “Provavelmente irá preparar o
Tour de forma diferente. O stress que se vive no Tour é diferente do que se
vive na Vuelta. O mediatismo é diferente, provavelmente pode-o afetar ou não,
não sei dizer. Tem mantido o rendimento, tem margem de melhora e poderá evoluir
em alguns aspetos porque no ciclismo melhorar um por cento já é muito. No Tour
já se sabe, entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard vai haver fogo de artifício
por todo o lado, quando estão os dois é para ver quem faz 3.º mais ou menos.”
Falou em Pogacar e em
Vingegaard, que têm gladiado entre eles o trono da Volta a França nos ultimos
anos, pelo que será impreterível a questão. O que é que eles têm, que está a
faltar aos rivais para tentar igualá-los. “É o método de treino, a fisionomia,
o ADN. São melhores do que os outros em muitas coisas, mas não em tudo. Pões o
Vingegaard a fazer um contrarrelógio de um dia e não o faz tão bem como numa
grande Volta. O Pogacar também não vai ganhar um contrarrelógio no Mundial… até
ver. Ao lado do Ganna ou do Remco é favorito, mas não como no Tour.”
Nelson vai para a 10ª
temporada ao serviço da Movistar, como referido, mas tem números que por vezes
passam ao lado dos menos atentos. Já participou em 21 Grandes Voltas na sua
carreira e é o ciclista no activo que está há mais tempo sem abandonar uma corrida:
208. Afinal qual é o segredo, qual é a receita para tal registo. “Não há
receita. É não ter azares, saber o que estamos a fazer e seguir para a frente
sem pensar em muita coisa. Não tenho tido azares ao ponto de abandonar.”
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