Por:
José Carlos Gomes
Rui
Costa foi hoje o décimo classificado na prova de fundo do Campeonato Mundial de
Estrada, em Innsbruck, Áustria, o terceiro melhor resultado de sempre de
Portugal na corrida de elite.
O
corredor português ofereceu uma grande exibição de ciclismo aos adeptos,
apresentando-se ambicioso e atacando várias vezes nas duas últimas voltas ao
duro circuito austríaco, numa competição que arrancou em Kufstein e terminou em
Innsbruck, depois de ultrapassados 258 quilómetros.
Rui
Costa desferiu vários ataques, tanto na subida de Patscherkofel, que foi
ultrapassada sete vezes, como na descida seguinte. O chefe-de-fila da Equipa
Portugal esteve em posição adiantada, procurando chegar à última subida, a
íngreme escalada de 2,8 quilómetros para Gramartboden, adiantado, por não ser
uma colina ao seu jeito. A união de esforços das equipas mais fortes, que
conseguiram entrar na derradeira volta ainda com vários elementos disponíveis
para trabalhar, impediu a iniciativa do corredor português de dar frutos.
Sentindo
a falta de ritmo provocada por uma época com poucos dias de competição, devido
a lesões, Rui Costa abordou as primeiras rampas de Gramartboden com câibras.
Ainda assim, teve o sangue-frio e a capacidade física para controlar as
sensações e conseguiu cortar a meta no décimo lugar, com o mesmo tempo do sexto
e a 43 segundos do espanhol Alejandro Valverde, que conquistou a medalha de
ouro.
“Estive
quase toda a corrida com os melhores. Na última subida longa tentei entrar num
grupo, porque sabia que a subida final era muito inclinada para mim. Não foi
possível. Tive de gerir o melhor possível, até porque já vinha com câibras. Dei
o meu melhor por Portugal. Estou contente com o décimo lugar, com pena por não
ter conseguido mais. Agradeço a todos aqueles que me ajudaram e sempre me
apoiaram, numa época com vários problemas. Acabar o Mundial no top 10 é muito
gratificante para mim”, reagiu Rui Costa, após cortar a meta.
A
Equipa Portugal cumpriu o objetivo traçado, que passava por colocar um corredor
nos dez primeiros. O selecionador nacional, José Poeira, mostrou-se satisfeito,
embora considere que Rui Costa poderia ter rendido ainda mais, caso a temporada
tivesse sido menos atribulada.
“Foi
uma boa prestação da equipa. O Rui veio de uma lesão prolongada, o que lhe
prejudicou a preparação para esta prova. Tendo em conta que este foi um
percurso muito duro, esteve em excelente plano. Só faltou um bocadinho na parte
final. Penso que isso se deve a não ter a preparação ideal. Demonstrou que
tinha valor para estar na discussão das medalhas”, considera José Poeira.
Nelson
Oliveira também fez uma corrida de grande nível, mantendo-se no grupo dos
favoritos até à volta final, ajudando Rui Costa a colocar-se para enfrentar a
última subida longa da prova nas melhores condições para o ataque que viria a
desferir. No final, o bairradino acabou na 39.ª posição, a 5m00s do vencedor.
“Apesar de o circuito ser bastante duro, dei o meu máximo, tentando ajudar a
equipa, que era o nosso objetivo. Estou contente com a prestação de todos nós”,
afirma o corredor que, na quarta-feira, foi quinto classificado na prova de
contrarrelógio.
Tiago
Machado e Rúben Guerreiro estiveram entre os 112 corredores que não terminaram
a corrida, queixando-se ambos de problemas físicos, que limitaram o rendimento
durante a prova. Rúben Guerreiro mostrou-se bem colocado durante uma parte
significativa da prova, mas acabou por perder o contacto com o pelotão na
quinta das sete escaladas a Patscherkofel.
“Tentei
andar sempre com o Rui, para protegê-lo, queria que este fosse, finalmente, um
bom Mundial para mim. Infelizmente, estive envolvido numa queda na estrada
estreita depois da ponte, magoando o joelho direito. A partir daí, não estive
mais confortável, não conseguindo fazer força com essa perna, tendo
dificuldades que me levaram a perder o contacto com o pelotão”, explica Rúben
Guerreiro.
Tiago
Machado lamentou problemas lombares e num dente que contribuíram para que a
condição não fosse a mais desejada. “Fiz cinco horas de corrida com uma
pulsação média de 150. Isto mostra o cansaço acumulado por época demasiado
longa. Não é normal. Agora, há que recuperar, porque quero regressar ao meu
melhor na próxima temporada. Gostaria de ter uma prestação melhor, mas hoje dei
o máximo que podia”, sublinha o famalicense.
A
luta pelas medalhas travou-se a quatro. O espanhol Alejandro Valverde, o
francês Romain Bardet e o canadiense Michael Woods destacaram-se da
concorrência na íngreme subida batizada de “Inferno”. Na descida, o holandês
Tom Dumoulin fez a junção, proporcionando um despique a quatro.
Alejandro
Valverde conquistou a medalha de ouro que, há muito perseguia, ao fim de
6h46m41s de uma prova disputada à média de 38,064 km/h. O segundo foi Bardet e
Woods fechou o pódio.
Portugal foi o 14.º melhor país em Innsbruck
A
Equipa Portugal terminou o Campeonato do Mundo como a 14.ª melhor nação,
somando o resultado de todas as provas por seleções, disputadas entre
segunda-feira e hoje. Portugal somou 116 pontos, na tabela estabelecida pela
União Ciclista Internacional. No primeiro lugar, com 1315 pontos, colocou-se a
Holanda.
O
14.º posto no ranking das nações significa uma subida de três lugares face ao
ano anterior. Em 2018 participaram 75 países no Campeonato do Mundo.
Fonte:
FPC