Venezuelano da
Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados já se sente como antes do vírus
Por: Lusa
Foto: Tavfer - Mortágua - Ovos
Matinados
O ciclista venezuelano Leangel
Linarez (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) perdeu grande parte de 2021 devido à
Covid-19, só voltando ao seu melhor nível este ano, 'sintoma' comum entre o
pelotão nacional.
"A
Covid-19 atacou-me de forma muito dura. Na temporada passada, não consegui
fazer nenhuma corrida a 100%", lamenta o velocista
venezuelano, de 24 anos, em entrevista à Lusa.
O coronavírus 'apanhou-o'
pouco depois da Volta ao Algarve, em maio, e foram "15 dias de problemas respiratórios graves, falta de
respiração, muito mal-estar geral". "Demorou muito a nível de
performance. Na vida normal, já estava bem, mas em cima da bicicleta notei
muito as sequelas da covid-19. Não conseguia fazer muitas séries, estava
habituado a trabalhar mas não rendia como de costume",
conta.
Voltou, a meio gás, no Grande
Prémio Internacional Torres Vedras -- Troféu Joaquim Agostinho, mas a sentir-se
melhor só no GP Jornal de Notícias, onde foi segundo numa etapa, na última
corrida do ano, "logo que estava a recuperar sensações".
"Sabíamos
que tínhamos de fazer um grande inverno para recuperar esta temporada, e no
princípio do ano viria uma corrida, a Prova de Abertura, que era adequada aos
meus pontos fortes, com uma chegada ao 'sprint'",
analisa.
Esse trabalho deu frutos: impôs-se
nessa prova e, desde então, tem dado nas vistas, primeiro com um 10.º lugar num
'sprint' na 'Algarvia', face a
ciclistas do WorldTour, e depois com uma vitória na Volta ao Alentejo, na
terceira tirada. "Atualmente, acho que
estou recuperado a 100%, já me sinto outra vez eu mesmo. Espero continuar assim
para o resto da temporada", comenta.
Em Portugal, tem-se feito
sentir mais ou menos o mesmo a que se tem assistido no pelotão mundial, onde
não há dia de prova em que não falte alguém por doença, sintomas, falta de
capacidade ou dores corporais, numa multiplicidade de fatores pós-covid-19 que
provocou uma 'razia' na
Quick-Step Alpha Vinyl ou na BORA-hansgrohe e afetou outras equipas.
A Glassdrive-Q8-Anicolor teve
vários positivos, mas quase todas as equipas lusas se viram a braços com
infetados de fora das corridas ou com os efeitos posteriores. Apesar do
regresso de Leangel Linarez ao melhor nível, muitos meses depois da infeção, um
vírus estomacal quase 'ameaçou'
a prestação na 'Alentejana',
que apanhou vários membros da equipa, noutro sinal de que a linguagem vírica
chegou de vez ao pelotão.
"Trabalhámos
bem no inverno e graças a Deus caiu-nos a vitória, foi muito importante para
mim para ultrapassar um ano difícil e entrar neste com muita confiança, percebi
que estava de volta e a sentir o que devia depois da covid-19",
atira.
Linarez confirma que há hoje
mais atenção a estas matérias, até porque "desde
2020 que se fica sempre na expectativa" de falhar uma
prova, ou de esta ser adiada ou mudar de planos para a temporada.
Isso mesmo aconteceu a João
Rodrigues (W52-FC Porto), que vinha de um 2021 em grande nível, com a vitória
na Volta ao Algarve, mas cuja pedalada foi interrompida de forma abrupta. "Ficar fora do Algarve era das piores coisas que
[me] podiam acontecer, por a corrida ser no Algarve e eu ser algarvio, por ter
vencido no ano anterior, e porque partir com o número um para esta grande
corrida seria espetacular. Infelizmente, a covid-19 não me deixou",
lamentou o ciclista da W52-FC Porto, em declarações à Lusa à margem da Volta ao
Alentejo.
A covid-19 'roubou-lhe' a
forma de que precisava, mas também o fez sentir febre, tosse e dores no corpo,
falhando a defesa do título e obrigando a repensar a temporada.
"É
claro que vamos um pouco abaixo, porque o nosso corpo não responde, não temos
as mesmas pernas. Por exemplo, agora, na primeira competição que tive, na
[clássica da] Primavera, parecia que não era o mesmo ciclista. Não me senti
nada bem, o meu corpo não respondia ao que a cabeça mandava. Senti-me em baixo,
mas faz parte do ciclismo", reconheceu.
Fonte: Record on-line