Por: Carlos Silva
Foto: Lusa
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O julgamento do caso
"Prova Limpa" conheceu hoje mais um capítulo, quando o ex. director
desportivo da W52-FC Porto, Nuno Ribeiro, foi ouvido na audiência desta
segunda-feira, realizada num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de
Paços de Ferreira.
Nuno Ribeiro pediu para
prestar declarações na ausência de todos os arguidos, alegando ter sofrido
imensas pressões e ameaças por parte Adriano Quintanilha, referindo que
Quintanilha já o abordou no passado por três vezes para que "assumisse a
culpa toda" a troco de 2 mil euros mensais durante dois anos. Nuno Ribeiro
leu inicialmente uma declaração antes de prestar as declarações onde diz
"Não me senti um criminoso. Fui um fraco por ceder. Devia ter dito não e
não (doping ed.) Sinto-me triste e arrependido. Sei o quanto errei e peço
desculpa à sociedade, a todos, mas sobretudo aos meus atletas”, disse de forma
emocionada.
Citado pela agência Lusa, o
antigo dirigente afirmou "Nunca tive dinheiro para o doping, nem instiguei
ao uso do doping. Foi e sempre o senhor Adriano que o fez. O senhor Adriano
gastava milhares de euros a patrocinar essas práticas dopantes" antes de
se dirigir a Adriano Quintanilha "ele era um ditador e mestre da
manipulação. O do quero, posso, mando e pago. Ele sabia de tudo, queria ganhar
a todo o custo e dizia: ‘pago para ganhar e ganho’. Atirava isso à cara dos
ciclistas e ameaçava. O ambiente era infernal", disse.
O antigo diretor desportivo da
W52-FC Porto assumiu que era normal o doping na equipa de ciclismo, mas garante
nunca incentivou o seu uso e que era Adriano Quintanilha que incentivava,
promovia e custeava a prática do doping. Referiu que o patrão da W52-FC Porto
"pagava um valor extra mensal aos ciclistas" para que comprassem as
substâncias e que a estratégia adotada para "mascarar esses pagamentos
passava por ajudas de custo fictícias", como pagamento de refeições ou
quilómetros.
Após ter referido este
esquema, a defesa fez um requerimento ao tribunal para que fosse feito o
levantamento do sigilo bancário de uma conta da A.C. Várzea Clube de Ciclismo,
o clube se Sobrado que era patrocinado pela empresa de Quintanilha.
Com este testemunho,
levantasse um pouco mais do véu de quem alegadamente sempre afirmou não saber o
que se estaria a passar. Afinal, Adriano Quintanilha passou de presumível
inocente para alegadamente cabecilha do esquema de doping e terá de responder a
muitas perguntas que permaneciam sem resposta.
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