Por:
José Carlos Gomes
A
prova de fundo para a elite masculina do Campeonato do Mundo de Estrada, hoje
disputada entre Winterthur e Zurique, Suíça, foi uma montanha-russa de emoções
para Portugal. A esperança de João Almeida ficou por terra com uma queda,
enquanto Rui Oliveira animava as hostes nacionais com uma fuga. No final, Rui
Costa e Nelson Oliveira foram os resistentes da Seleção Nacional.
Sabia-se
que os 273,9 quilómetros de corrida seriam muito duros, mas as dificuldades de
Portugal começaram bem cedo. João Almeida, a aposta da Seleção para um lugar
entre os primeiros, sofreu uma queda ainda antes da primeira das oito passagens
pela meta.
O
desconforto físico provocado pelo impacto com a estrada impediu o português de
continuar, o mesmo tendo acontecido a outras vítimas da queda também com
ambições, como Mikel Landa, Julian Alaphilippe e Mattias Skjelmose.
Enquanto
João Almeida ficava arredado da corrida, os adeptos portugueses animavam-se com
a presença de Rui Oliveira numa fuga de seis homens, que comandou a prova até
faltarem menos de 100 quilómetros para final, altura em que um ataque do
esloveno Tadej Pogačar mudou a configuração da corrida.
O
esloveno rapidamente chegou à frente e obrigou o pelotão a reagir, fazendo-se
uma seleção de valores em ritmo acelerado. Nessa altura, Ivo Oliveira perdeu o
contacto com o grupo dos mais fortes, onde resistiram Rui Costa e Nelson
Oliveira.
Afonso
Eulálio acusou a passagem dos quilómetros e, sobretudo, as recuperações que
antes fizera devido a dois infortúnios. Primeiro recolou ao pelotão após avaria
e mais adiante teve de fazer nova reentrada, após queda.
Com a
triagem a continuar a ser feita, Nelson Oliveira era o mais bem colocado à
entrada para as duas voltas finais, mas acabaria por sentir-se “vazio” de
forças, perdendo posições para terminar em 55.º, a 12m09s de vencedor, Tadej
Pogačar, cujo ataque de longe nunca seria neutralizado.
“Como
se esperava, foi uma corrida bastante dura. Tentei seguir o grupo da frente o
mais possível, mas houve um momento da corrida, já nas duas voltas finais, em
que fiquei completamente ‘vazio’. A partir daí foi lutar para terminar a
corrida, o que, hoje, já não era fácil”, afirmou Nelson Oliveira.
Rui
Costa, acusando a falta de ritmo provocada pela queda na Volta a Espanha,
entregou tudo o que tinha, fazendo uma corrida consistente, que o colocou como
melhor português, no 42.º lugar, integrado no mesmo grupo de Nelson Oliveira.
“Dei o
máximo, mas a condição física não era a melhor. Não estou satisfeito com o
resultado, mas deu o meu melhor. Soube a pouco, porque queremos sempre estar
nos lugares cimeiros de um Mundial, mas as pernas hoje não deram mais”,
explicou Rui Costa.
Os
olímpicos Rui Costa e Nelson Oliveira foram os únicos portugueses a terminar a
corrida. “O resultado não foi aquele que queríamos. As circunstâncias da
corrida não permitiram que estivéssemos na discussão, como era o nosso
objetivo. O Rui Costa e o Nelson Oliveira voltaram a provar a consistência que
todos lhes reconhecemos, apesar de não estarem na máxima condição, o Rui devido
à paragem após a queda na Vuelta e o Nelson devido a uma época muito longa e
preenchida”, resume o selecionador nacional, José Poeira.
Com
Tadej Pogačar num nível diferente face à concorrência, a luta pela medalha de
prata foi animada, acabando por viajar para a Austrália, na bagagem de Ben
O’Connor, segundo, a 34 segundos do vencedor. O terceiro classificado foi o
campeão de 2023, o neerlandês Mathieu van der Poel, a 58 segundos do esloveno.
Flávio Pacheco cumpre objetivo
Flávio
Pacheco concretizou hoje o objetivo de terminar a prova de fundo do Campeonato
Mundial de Paraciclismo, em Zurique, Suíça, entre os oito melhores de classe
H4, sendo o oitavo classificado.
A
prova de 57,8 quilómetros apresentou uma dureza pouco comum para o
paraciclismo, com os corredores a cumprirem uma volta ao seletivo circuito de
Zurique, onde se têm decidido as provas de ciclismo, além de seis voltas a um
circuito para curto, totalmente dentro da cidade.
Flávio
Pacheco deu-se bem com a exigência, sendo o sétimo melhor na parte mais dura da
corrida. No regresso á cidade perdeu algumas posições, mas com o passar dos
quilómetros acabou por ganhar fôlego, subindo ao oitavo lugar final, cumprindo
o objetivo a que se propôs para este Mundial, de forma a ser integrado nos
programas de alto rendimento paralímpico.
A
vitória pertenceu ao francês Joseph Fritsch, que revelou grande superioridade
sobre a concorrência, terminando com 4m31s de vantagem sobre o segundo
classificado, o austríaco Thomas Fruhwirth. O terceiro, a 6m27s, foi o Fabian
Recher. Só os quatro primeiros conseguiram termina na mesma volta do vencedor.
Flávio Pacheco ficou a uma volta.
Fonte:
Federação Portuguesa Ciclismo