Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Pedro Delgado, vencedor da
Volta a França de 1988 e uma das vozes mais reconhecidas do ciclismo, apelou à
calma e à ponderação após a polémica desencadeada pelos seus comentários na TVE
sobre os protestos pró-Palestina que marcaram a edição mais recente da Volta a
Espanha de 2025, contestando a presença de uma equipa israelita.
Delgado abordou o tema na
quinta-feira, durante uma aparição pública numa tradicional corrida de
bicicletas sem corrente.
Delgado disse manter-se sereno
perante a situação e defendeu uma descida da tensão social. “Estou tranquilo. O
que acontece é que vivemos numa sociedade que procura confrontos onde eles não
existem”, afirmou, antes de acrescentar que sente que as suas palavras foram
usadas no debate mais amplo. “Sinto-me manipulado, e acho que as pessoas também
se devem sentir manipuladas”.
Nesse contexto, apontou o
tempo como fator apaziguador. “Precisamos de um pouco de paz e calma, e penso
que o tempo, felizmente, nos dá isso”.
Pogacar e
Vingegaard, muito acima do resto
Para lá da polémica, Delgado
avaliou também o estado atual do ciclismo profissional, que considera marcado
por uma hierarquia muito clara. Destacou a evidente superioridade de Tadej
Pogacar e Jonas Vingegaard face ao restante pelotão e previu que ambos voltarão
a concentrar as atenções nas Grandes Voltas.
“Neste panorama competitivo,
há um monstro, que é o Pogacar, e depois outro, o Vingegaard, que está um
degrau abaixo. Mas, a seguir, os restantes estão dois ou três degraus atrás”,
avaliou Delgado.
Na mesma linha, referiu que os
dois voltarão a ser o foco principal nas Grandes Voltas, embora sublinhando que
o cenário muda noutros tipos de corridas. Nas Clássicas, afirmou, há mais
alternativas, o que gera um espetáculo mais dinâmico.
Delgado destacou ainda a
postura ofensiva de ambos os corredores e das suas equipas. “O ciclismo moderno
é espetacular porque Pogacar e Vingegaard são corredores cujas equipas atacam
de muito longe. Mantém a corrida viva não no último quilómetro, mas nas últimas
duas horas”.
A Vuelta
mantém-se fiel à sua identidade
Delgado comentou também o
percurso recentemente apresentado para a próxima Volta a Espanha, deixando uma
avaliação claramente positiva. Disse que o traçado preserva a identidade
tradicional da corrida e reforça a sua exigência.
“É um percurso que me agrada.
Penso que reflete a identidade da Volta a Espanha, com etapas nervosas e muitas
chegadas em alto”, afirmou. Entre os exemplos, mencionou a chegada em Aitana e
realçou o final da prova, descrevendo a última etapa em Granada como
“espetacular”.
Delgado focou-se ainda nos
números e na dificuldade acumulada do percurso, comparando-o com as outras
Grandes Voltas. “Para quem gosta dos números, em termos de metros de desnível
acumulado, que definem a montanha, tem mais do que o Giro e o Tour no próximo
ano”, disse, antes de concluir: “Portanto, podemos dizer que é a mais dura das
três Grandes Voltas que serão disputadas em 2026”.
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