Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A UCI clarificou oficialmente
a sua posição sobre os suplementos de cetonas, confirmando que não irá impor
restrições à sua utilização, mas deixando claro que não recomenda o seu consumo
pelos ciclistas profissionais.
Num comunicado divulgado esta
segunda-feira, o organismo que rege o ciclismo explicou que "não há razão
para a sua utilização", com base nas mais recentes evidências científicas,
que não demonstram benefícios mensuráveis no desempenho de resistência ou na
recuperação pós esforço.
Das
promessas iniciais à desilusão científica
Os suplementos de cetonas,
geralmente em forma líquida e promovidos como uma fonte alternativa de energia,
tornaram-se populares no pelotão depois de um estudo de 2016 sugerir ganhos
potenciais de resistência e eficiência metabólica.
Várias equipas do WorldTour,
incluindo algumas com patrocínios diretos de empresas produtoras de cetonas,
começaram a testar a sua utilização, alegando vantagens na ressíntese de
glicogénio ou na recuperação entre etapas.
No entanto, a UCI sublinha que
a investigação posterior não conseguiu confirmar esses efeitos. "Embora os
estudos iniciais tenham apontado para potenciais benefícios ao nível da
recuperação e do metabolismo, a investigação mais recente contradisse esses
resultados", lê-se no comunicado.
A
entidade acrescenta:
"Como não existem provas
convincentes de que os suplementos de cetonas melhorem o desempenho ou a
recuperação, a UCI não vê razão para a sua utilização. Por conseguinte, não
recomenda a inclusão destes produtos nos planos nutricionais dos ciclistas".
Legais,
mas desencorajadas
Apesar de alguns apelos dentro
do desporto para que as cetonas fossem totalmente proibidas, a UCI deixou claro
que a sua utilização continua a ser legal e não regulamentada ao abrigo das
atuais regras antidopagem. A recomendação tem caráter não vinculativo, cabendo
a cada equipa ou ciclista decidir se pretende ou não utilizar o suplemento.
O Movimento para um Ciclismo
Credível (MPCC), que defende práticas de competição ética e transparente, há
muito que desencoraja as suas equipas associadas a recorrer a cetonas. A
maioria das equipas que integram o MPCC mantém essa proibição voluntária, alinhando
com os princípios de precaução e transparência do movimento.
Fim de
uma era de hype?
A decisão da UCI surge após
uma revisão científica de vários anos, que concluiu que os suplementos de
cetonas são seguros, mas ineficazes para oferecer qualquer vantagem
significativa em competição.
Com esta posição, a UCI parece
querer encerrar definitivamente o debate, sinalizando ao pelotão que a era das
cetonas pode ter chegado ao fim, não por razões de doping, mas simplesmente por
falta de resultados que justifiquem o entusiasmo inicial.
Para o organismo, a mensagem é
clara: o ciclismo de alto rendimento deve continuar a evoluir com base em
evidência científica sólida, e não em promessas de milagres metabólicos.
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