Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
Depois de conquistar a Volta
ao País Basco com duas vitórias em etapas e uma exibição dominante, João
Almeida não escondeu a satisfação com um dos momentos mais marcantes da sua
carreira. O português da UAE Team Emirates - XRG classificou esta vitória como
a mais importante até ao momento, destacando a consistência e o controlo que
manteve ao longo da semana.
“Felizmente já tive boas
vitórias em corridas grandes, mas esta foi uma vitória na geral, numa das
corridas mais importantes do mundo, e eu consegui ganhar com uma vitória
bastante dominante e com duas vitórias em etapas. É claro que todas as vitórias
são importantes, têm o seu peso. Espero ter vitórias que superem esta, mas
esta, para já, é a número um”, afirmou ao microfone da TSF.
Almeida explicou que a equipa
começou a corrida com ambição, mesmo sabendo que o percurso não era totalmente
favorável às suas características. “Começámos esta corrida com o objetivo de
vencer, apesar de não ser um percurso perfeito para mim. Temos de ser
realistas, este ano tenho feito corridas que são ao meu jeito, mas tenho
apanhado adversários como o Jonas Vingegaard, que não é um adversário qualquer,
é um dos melhores do mundo, que já ganhou a Volta a França mais do que uma
vez.”
Com Vingegaard ausente nesta
edição da prova basca, o português não deixou de reconhecer a qualidade dos
restantes rivais. “O Jonas não esteve presente, ele é um adversário que tem um
peso muito grande. Os outros ciclistas também são muito fortes, mas eu sabia
que estava muito bem, e mesmo não sendo um percurso muito ao meu jeito, mostrei
o corredor que sou e dei o meu melhor, que é o mais importante.”
O
contrarrelógio foi o dia chave
Questionado sobre os momentos
chave da corrida, João destacou o contrarrelógio inicial e a sua primeira
vitória em etapa. “Eu diria que, se calhar, o primeiro dia, o contrarrelógio.
Fiz um contrarrelógio muito bom, meti logo tempo a todos os adversários. Todas
as etapas têm o seu peso, e depois a primeira vitória em etapa, em que meti
tempo nos adversários e mostrei quem era o mais forte. Esses dois dias foram os
mais importantes. Todos os dias contam um bocadinho. Todos os pormenores são
importantes.”
Sobre o estatuto crescente que
tem conquistado dentro do ciclismo português, João responde com humildade.
“Fico feliz por isso, mas é sempre um bocadinho relativo. O Rui Costa não é um
corredor de Grandes Voltas, é um corredor para Clássicas, para corridas de uma
semana, a Volta à Suíça, que já ganhou várias vezes. O Rui já foi Campeão do
Mundo. Quem diz o Rui diz outros ciclistas portugueses. Pessoalmente, sinto-me
bastante bem e tenho trazido coisas boas para Portugal, e espero trazer ainda
mais.”
E prossegue: “Se sou o melhor
ou não é relativo, mas o mais importante mesmo é dar o meu melhor. Quero ser a
melhor versão de mim próprio e, se isso acontecer, vou estar sempre feliz.”
Preparação
para o Tour e Vuelta
Quanto ao futuro, os objetivos
estão bem definidos e passam por ajudar Tadej Pogacar na Volta a França, mesmo
que isso signifique abdicar das próprias ambições. “Quero chegar à Volta a
França com o meu pico de forma esta temporada, para ajudar o Tadej o máximo que
conseguir. Obviamente que o meu resultado vai ser secundário. Mas, a partir do
momento em que esteja na minha melhor forma para ajudar o Tadej, acho que o meu
resultado está sempre presente e é uma questão de vermos como é que vamos dia a
dia.”
Antes disso, terá ainda duas
paragens importantes. “Vou fazer a Volta à Romandia e a Volta à Suíça, onde vou
dar o meu melhor, e o objetivo será sempre a vitória e discutir a corrida.”
A longo prazo, João não
esconde o sonho que o acompanha desde sempre: conquistar uma das Grandes
Voltas. “Objetivos de carreira? Para mim, era ganhar uma Grande Volta, qualquer
uma das três. Obviamente que ganhar uma Volta a França... assinava já por baixo.”
Por agora, Almeida vive o
presente com confiança, mas com os pés bem assentes no chão: “Espero que venham
mais vitórias, mas, no fundo, espero não ter percalços, não ter azares, não ter
quedas. Isso é o principal. Depois, o trabalho duro e a dedicação trazem o
resto.”
Pode visualizar este artigo
em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/joao-almeida-fala-do-pas-basco-do-futuro-e-mantm-se-humilde-se-sou-o-melhor-ciclista-portugus-da-actualidade-o-rui-costa-j-foi-campeo-do-mundo