Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A Volta a Itália, primeira das Grandes Voltas da temporada, arrancou este ano com uma novidade histórica: a sua partida em território albanês, o primeiro evento deste calibre alguma vez realizado no país. A corrida já entrou em território italiano e vai agora alternando entre dias exigentes e jornadas com oportunidades para os homens rápidos. A 6ª etapa marca precisamente um desses dias, com final em Nápoles, num regresso a um local que tem sido sinónimo de espetáculo nos últimos anos.
Depois de dois terços da etapa com montanha, a aproximação à cidade napolitana será feita através de um percurso maioritariamente plano. Ainda assim, trata-se de uma etapa longa - 227 quilómetros - e o desgaste acumulado, aliado à altimetria, poderá criar dificuldades inesperadas.
Ao todo, estão previstos cerca
de 2500 metros de desnível acumulado, concentrados nos primeiros dois terços do
dia. As quatro subidas dignas de nota começam com um esforço de 5 quilómetros a
4% de inclinação média, seguido de uma subida longa, com 20 quilómetros de
extensão e outras duas ascensões que terminam ainda a 82 quilómetros da meta.
Apesar de não serem suficientemente duras para eliminar os sprinters mais
resistentes, o acumulado poderá fazer estragos nos comboios e provocar bastante
desgaste nas pernas antes do final.
A chegada será em moldes já familiares para o pelotão da Corsa Rosa. Nápoles tem acolhido finais animados nos últimos anos e esta etapa deverá seguir o mesmo guião. Os quilómetros finais têm algumas zonas técnicas, mas os últimos 1,2 quilómetros são totalmente em linha reta, à beira-mar, oferecendo o cenário ideal para um sprint limpo, com tempo suficiente para reposicionamentos e lançamentos bem cronometrados.
O Tempo
Vento de sudeste no início do
dia, que se transforma numa brisa de sul à medida que os ciclistas se dirigem
para Napoles. Isto significa que teremos um vento de costas no início do dia e
no final do dia, será maioritariamente um vento lateral. Isto favorece
ligeiramente uma fuga, especialmente porque o início será difícil de controlar
se o ritmo for muito elevado, mas, honestamente, muito poucas equipas tentaram
até agora correr riscos na corrida e o cenário mais realista continua a ser o
de uma pequena fuga.
Os
Favoritos
Mads Pedersen é, naturalmente, o nome mais apontado para a vitória na etapa. A corrida tem-lhe assentado bem e, apesar dos sinais de fadiga evidentes na última subida da etapa anterior, tudo indica que estará de novo na luta pela vitória, salvo qualquer imprevisto. O dinamarquês tem conseguido ultrapassar todas as subidas até agora e, neste perfil, terá tempo para recuperar antes do sprint final. Embora não seja o sprinter mais explosivo do pelotão, a longa distância e o acumulado de subida jogam a seu favor, reduzindo a concorrência pura e favorecendo a sua resistência.
Os principais rivais deverão
ser aqueles que já estiveram em destaque na etapa 4, vencida por Casper van
Uden. O jovem da Team Picnic PostNL mostrou oportunismo e poderá voltar a ser
uma ameaça, embora este final seja menos caótico e favoreça equipas com
comboios mais estruturados.
Olav Kooij tem qualidade para
vencer, mas continua a lutar com o seu posicionamento, ainda por cima sem o
apoio de Wout van Aert, que tem estado abaixo da forma habitual. Por outro
lado, Kaden Groves poderá beneficiar de um lançamento explosivo de Jensen
Plowright, o que lhe pode garantir vantagem nos metros finais.
Milan Fretin e Matteo
Moschetti são nomes menos sonantes, mas têm a velocidade necessária para
surpreender num final como este, especialmente se conseguirem posicionar-se bem
antes da recta final.
A Decathlon AG2R La Mondiale
também tem razões para acreditar. A estrutura mostrou-se competente no único
sprint puro até agora, e apesar de Sam Bennett ainda não ter exibido grandes
pernas, se conseguir lançar o seu sprint no momento certo, poderá voltar a
mostrar o instinto que já o levou ao topo. Max Kanter e Paul Magnier terão
igualmente liberdade para tentar, enquanto Maikel Zijlaard, especialista em
posicionamento, poderá capitalizar numa chegada mais limpa.
Outros nomes a ter em conta
para um top-10 ou até mais são: Giovanni Lonardi, Gerben Thijsen, Matevz
Govekar, Orluis Aular, Andrea Vendrame, Luca Mozzato e Filippo Fiorelli, todos
com capacidade para se intrometer na luta pela vitória.
E se a
fuga resultar?
Embora a probabilidade de uma
fuga vingar seja reduzida, o perfil da etapa apresenta alguns elementos que
podem favorecer esse cenário: o arranque é seletivo, o vento será favorável
(com predominância de costas), e o longa extensão do dia poderá dificultar uma
perseguição eficiente. Para além disso, muitos ciclistas parecem estar a
guardar forças para a segunda semana, o que poderá dar alguma liberdade aos
homens mais ofensivos.
Taco van der Hoorn, Marco
Frigo, Quentin Pacher, Mikkel Honoré, Davide Formolo, Koen Bouwman e Martin
Marcellusi são nomes que podem tentar a sorte. Todos têm motor e experiência
suficientes para integrar uma fuga bem organizada e lutar pela vitória
Previsão
Volta a Itália - 6ª etapa:
*** Kaden Groves, Mads
Pedersen, Olav Kooij
**Casper van Uden, Milan
Fretin, Matteo Moschetti
*Sam Bennett, Gerben Thijssen,
Paul Magnier, Maikel Zijlaard, Giovani Lonardi, Max Kanter, Corbin Strong,
Orluis Aular
Escolha: Kaden Groves
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