Por: José Morais/Com Skoda
Foto: Skoda
Se para os homens não há
qualquer dúvida quanto aos benefícios de usar a bicicleta, seja para treinar ou
como meio de transporte, neste campo a biologia prega uma rasteira às mulheres,
quando se engravida, surge de imediato uma mão-cheia de mitos, ideias
pré-concebidas, opiniões e, sobretudo, informação contraditória, afinal, é ou
não seguro para a futura mãe e para o bebé continuar a pedalar?
Longe vão os tempos em que ver
uma mulher andar de bicicleta era não só considerado imoral como perigoso, dada
a sua “natureza delicada”, não só vivemos numa época em que o mais correto é
promover a igualdade, como está mais do que comprovado que o uso da bicicleta,
seja enquanto desporto ou como forma de locomoção, é uma prática salutar para o
corpo e para a mente.
No entanto, a gravidez é, quer
queiramos quer não, um momento de grandes mudanças no corpo de uma mulher, os
comportamentos do dia-a-dia, os hábitos sociais e alimentares têm influência no
desenvolvimento do feto, e a sociedade em geral tem sempre uma palavra a dizer
acerca daquilo que uma mulher grávida pode e deve ou não fazer.
No entanto, qualquer mulher
que goste de andar de bicicleta e que, entretanto, fique grávida é de repente
assolada por estas dúvidas: “Será que é seguro? Será desconfortável? Não vou
prejudicar o bebé? E até que altura posso andar de bicicleta?”
A
pergunta certa é “porque não”?
Quando se preza um estilo de
vida saudável, e quando a bicicleta já faz parte do nosso dia-a-dia, será justo
privarmo-nos durante nove meses de algo que nos faz bem ao corpo e à mente? De
acordo com as opiniões médicas em diversos estudos levados a cabo sobre este
tema, andar de bicicleta quando se está grávida não é em si mesmo um risco.
Embora a mulher deva estar
consciente do seu próprio estado de saúde, das suas capacidades e potenciais
vulnerabilidades, o primeiro trimestre da gravidez, por exemplo, é um período
bastante propenso a enjoos, tonturas e possível perda de equilíbrio.
É também um período em que a
mulher está a aprender a lidar com mudanças hormonais intensas e, por isso,
deve estar consciente de que essas alterações poderão influenciar toda a sua
perceção e bem-estar geral, é, por isso, importante ouvir o nosso próprio
corpo.
Claro que andar de bicicleta
pode até contribuir para manter a forma física, espairecer, apanhar ar e
relaxar numa altura de grandes mudanças emocionais, mas ao mínimo sinal de
indisposição ou falta de equilíbrio, deve-se parar e sair da bicicleta, a fim
de evitar estes problemas deve-se beber água, manter-se hidratada e não fazer
esforços muito intensos na bicicleta.
Benefícios
e riscos
Há, claro, muitos benefícios
em continuar a pedalar, nomeadamente, a manutenção da forma física, evitar o
excesso de peso e fortalecer os músculos de forma geral, caso não haja nenhuma
questão de saúde impeditiva, nem qualquer contraindicação do médico que faz o
acompanhamento, com as devidas cautelas pode-se pedalar durante toda a
gravidez.
Isto, se já se pedalava
regularmente antes de engravidar, se não se tem experiência nem o hábito de
andar de bicicleta, talvez não seja agora a melhor altura de o começar a fazer,
pois o stress de lidar com uma nova situação não te fará bem, nem ao bebé.
Portanto, pode ser até
benéfico não quebrar com as rotinas e hábitos anteriores, a fim de manter o
bem-estar emocional, fisicamente, pedalar pode mesmo ajudar a aliviar problemas
tão comuns da gravidez como ter as pernas e os pés inchados.
Mas, há que ter em conta que
no terceiro trimestre andar de bicicleta pode tornar-se mais complicado, não
porque seja prejudicial para a criança, mas porque pode ser desconfortável para
a mulher grávida pedalar com uma barriga enorme, o centro de gravidade é agora
outro, pelo que manter o equilíbrio pode ser um desafio.
O risco de quedas é maior,
pelo que se quiser continuar a pedalar num estado de gravidez avançado, deve-se
redobrar a segurança e, se possível, evitar caminhos esburacados e/ou com muito
trânsito, nesta fase, uma queda pode ser bastante prejudicial, pois um impacto
no abdómen pode causar hemorragias e afetar a placenta, provocando traumas ao
bebé.
Eis
algumas recomendações, a fim de tornar as viagens de bicicleta mais
confortáveis e seguras:
Adaptar a bicicleta para que
possa sentar-se mais direita e ter espaço para a barriga que continua a crescer,
se possível, instalar um guiador mais elevado, optar por um selim mais largo
para ter mais apoio e se sentir mais confortável.
Se sente que o seu equilíbrio
não é o mesmo, regule a altura do selim para que consiga pôr os pés no chão
mais facilmente.
Optar por uma bicicleta com um
quadro rebaixado, geralmente conhecidos como quadros de mulher, que não obriga
a levantar muito a perna para subir para a bicicleta.
Se usa a bicicleta como meio
de transporte, deve considerar alterar o seu percurso habitual, para que não
tenha de passar por ruas com muito trânsito, se possível, optar por usar
ciclovias.
Pedalar mais devagar e
organizar os seus horários para poder demorar o teu tempo a chegar ao deu
destino.
Se pedalar com chuva ou vento,
tomar precauções extra para evitar quedas, se as condições meteorológicas forem
mais agrestes, evitar pedalar de todo.
Não se esqueça de levar sempre
água e uma bolsa com todas as suas informações médicas e contactos de
emergência.
Acima de tudo, há que escutar
o que o corpo nos diz, cada mulher e cada gravidez é diferente, e por muito que
se goste de andar de bicicleta, deve prevalecer o bom-senso, se sente que é
arriscado, coloque a bicicleta de lado até o bebé nascer, se se sente
confortável e retirar benefícios de pedalar nem que seja uns minutos por dia,
porque não?
Pedale sempre que se sinta
confortável, mas em segurança.