quarta-feira, 29 de outubro de 2025

"É extremamente perigoso, já ninguém trava" Vestiu durante 14 anos a camisola da Sky-INEOS e diz adeus ao ciclismo”


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Depois de 14 épocas no coração de uma das dinastias mais dominantes da era moderna, Salvatore Puccio pendurou a bicicleta. O siciliano de 35 anos põe um ponto final na sua carreira após uma vida inteira ao serviço da Team Sky e mais tarde, da INEOS Grenadiers - admitindo que o ciclismo que agora deixa para trás, sofreu muitas alterações, quando comparado com o que encontrou em 2011.

Em entrevista ao TuttoBiciWeb, Puccio refletiu sobre um pelotão que considera mais rápido, mais tenso e mais perigoso do que nunca.

“É extremamente perigoso e desgastante. Já quase ninguém trava. Se abrandamos por um instante, perdemos quarenta posições e para podermos recuperá-las é brutal”, disse Puccio. “Se deixamos um espaço aberto, há alguém que entra logo. Não é uma questão de mudanças, é mental. Os acidentes que se veem na televisão são apenas um por cento do que realmente acontece dentro do pelotão.”

 

“O ciclismo mudou muito”

 

A decisão de abandonar surgiu no final de uma temporada atribulada, marcada por lesões e por uma reflexão pessoal. Puccio fraturou o pulso antes da Volta aos Alpes, o que o afastou da Volta a Itália, a corrida onde viveu o ponto alto da sua carreira: vestiu a Camisola Rosa em 2013, após a vitória da Sky no contrarrelógio por equipas.

De regresso à competição, percebeu como o ciclismo tinha evoluído.

“O ciclismo mudou muito, é muito mais exigente agora. No último inverno treinava três vezes por dia para me manter competitivo”, contou. “A nutrição também mudou completamente. Antes saíamos para pedalar cinco horas depois de comer uma omoleta. Agora levamos os bolsos cheios de géis e aprendemos a absorver 120 gramas de hidratos de carbono por hora.”

Essa exigência, reconhece, tem um preço. “O pelotão está tão compacto que o caos começa logo no quilómetro zero. Recentemente atingi 84 km/h numa descida e fiquei assustado. Infelizmente, acho que só vai piorar”, acrescenta.

 

Um gregário que simbolizou a lealdade

 

Ao longo de mais de uma década, Puccio foi sinónimo de lealdade e profissionalismo. Desde que se tornou profissional, em 2011, vestiu sempre a mesma camisola - primeiro da Sky, depois da INEOS - tornando-se um pilar silencioso na engrenagem de campeões como Bradley Wiggins, Geraint Thomas, Egan Bernal e Filippo Ganna.

“Sempre vesti a mesma camisola porque me sentia bem nesta equipa. Vi muitos colegas entrarem e saírem, mas eu prefiro a estabilidade e a calma. Não gosto de mudanças”, confessou.

Mesmo sem vitórias individuais, Puccio mede o sucesso de forma diferente. “Cada vitória dos meus colegas é como se fosse minha. Tive a sorte de correr com verdadeiros campeões. Para um gregário isso é tudo. Podes dar tudo o que tens, mas se o teu líder não ganhar, o teu trabalho não conta para nada.”

 

Um novo capítulo no carro da equipa

 

Puccio despediu-se em casa, nas clássicas italianas de outono - Giro dell’Emilia, Tre Valli Varesine e Il Lombardia - e prepara-se agora para uma nova etapa como director desportivo. Já se inscreveu no curso da UCI e não esconde a vontade de continuar ligado ao pelotão.

“Gostaria de passar para o carro da equipa, nem que fosse noutra formação”, revelou. “Inspiro-me em Matteo Tosatto, cheio de carisma e energia, e em Dario David Cioni, mais calmo e ponderado. Gostava de encontrar um equilíbrio entre os dois.”

Com serenidade e sem arrependimentos, Salvatore Puccio fecha um ciclo. “Estou incrivelmente feliz com a minha carreira. Tirando o cansaço, faria tudo outra vez desde o início.”

Um fim discreto, mas digno, para um ciclista que personificou o trabalho invisível que sustenta as maiores vitórias do World Tour.

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“Vinicius Rangel quebra o silêncio após suspensão: “Foi um erro de comunicação, não batota”


Por: Carlos Silva

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No final de outubro, veio a público um novo episódio relacionado com doping ou neste caso, com falhas de localização, que segundo o regulamento da UCI equivalem a uma violação das regras antidopagem. O protagonista é o brasileiro Vinicius Rangel, antigo ciclista da Movistar Team, atualmente ligado à Swift Pro Cycling.

O organismo que rege o ciclismo anunciou a suspensão de 20 meses, datada de 28 de outubro de 2025, depois de Rangel ter falhado três controlos fora de competição num período de 12 meses. De acordo com o Código Mundial Antidoping, os ciclistas devem manter permanentemente atualizados os seus dados de localização para permitir testes inopinados - três falhas equivalem a uma infração, mesmo sem qualquer resultado positivo.

 

“Houve uma falha de comunicação”

 

Aos 24 anos, Rangel veio agora explicar publicamente a sua versão dos acontecimentos, sublinhando que tudo se tratou de um mal entendido administrativo e linguístico.

“Houve uma falha na comunicação com a UCI, também por causa da língua, que só pode ser o francês e o inglês”, começou por afirmar.

“Por questões completamente fora do meu controlo e por dificuldades de linguagem e de adaptação a um sistema que ainda estava a aprender a gerir, acabei por ser penalizado pela UCI por falhas nos controlos de localização”, acrescentou o ciclista, campeão brasileiro de estrada em 2022.

O corredor fez questão de negar qualquer intenção de ludibriar o sistema.

“Sempre procurei seguir as regras, honrar o desporto e competir de forma justa, com o mesmo respeito e dedicação que sempre me guiaram desde o início da minha carreira. Mas admito que cometi erros nos processos, erros que me ensinaram muito. Aprendi a importância de prestar atenção a todos os pormenores também fora da competição.”

 

Uma carreira travada por um erro burocrático

 

Vinicius Rangel era apontado como uma das maiores promessas do ciclismo brasileiro. Formado em estruturas espanholas, destacou-se cedo pelas suas qualidades em terreno acidentado e capacidade de sacrifício. Em 2022, conquistou o título nacional e tornou-se o primeiro ciclista da Movistar a usar as cores do Brasil no World Tour.

Depois de três épocas na equipa espanhola, decidiu regressar ao Brasil em 2025 para representar a Swift Pro Cycling, equipa continental com ambições de crescimento internacional. O caso agora revelado interrompe essa trajetória e mantê-lo-á afastado até 2027.

 

Vinicius aceita sanção

 

Vinicius Rangel não poderá voltar a competir até abril de 2027 e aceitou a sanção imposta pela UCI:

"Esta pausa será um período de aprendizagem, de reforço e de crescimento. Voltarei mais forte, mais preparado e ainda mais empenhado em contribuir para a limpeza, a transparência e a melhoria do ciclismo. O desporto é sobre ganhar, mas também é sobre lições. E esta é uma das coisas mais importantes da minha vida", concluiu.

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“Vai melhorar porque os 'pintores' chegam esta semana” Wiggins denuncia cultura “racista e homofóbica” no ciclismo britânico”


Por: Carlos Silva

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Sir Bradley Wiggins, primeiro britânico a vencer a Volta a França e cinco vezes campeão olímpico, revelou na sua nova autobiografia The Chain aquilo que descreve como uma cultura profundamente tóxica e discriminatória no seio do programa nacional de ciclismo do Reino Unido.

Em excertos do livro publicados pelo jornal The Sun, o antigo ciclista afirma ter ouvido linguagem racista, sexista e homofóbica utilizada por figuras de topo da British Cycling durante a sua carreira, incluindo comentários ofensivos dirigidos a Victoria Pendleton e Shanaze Reade, duas das maiores ciclistas britânicas da sua geração.

“Ouvi a palavra f**** [injúria homofóbica]* usada para descrever um membro gay da equipa de gestão sénior do ciclismo britânico”, escreve Wiggins, acrescentando que o funcionário em questão acabou por se demitir devido à cultura que enfrentou.

O vencedor da Volta a França de 2012 afirma ainda que uma das atletas foi alvo de comentários misóginos por parte de um dirigente, que brincou sobre o ciclo menstrual de Pendleton para explicar variações no seu rendimento.

“Antes de uma prova da Taça do Mundo em Manchester, Victoria Pendleton estava a treinar na pista. Perguntei a um dos responsáveis como é que ela se estava a sair. Ele respondeu: ‘Está bem, mas vai melhorar porque os pintores chegam esta semana’. O silêncio foi ensurdecedor”, recorda Wiggins.

O britânico diz que esse tipo de atitude criou um ambiente de medo e silêncio dentro da equipa nacional.

“Éramos quatro homens e nenhum de nós era santo, mas todos percebemos que o comentário era totalmente inaceitável”, escreveu. “No ciclismo de elite, a linha entre crítica e humilhação era tão ténue que deixava de fazer sentido. Queria a minha filha nesse sistema? Absolutamente não.”

 

“Homofobia a outra escala”

 

Segundo Wiggins, um membro homossexual da estrutura técnica acabou por abandonar a organização, após ser alvo de um clima insustentável de discriminação.

“No final, ele demitiu-se porque não conseguia trabalhar com alguém cuja homofobia era de outra dimensão. É evidente que quem devia ter saído era a pessoa que fez o comentário”, escreveu o antigo campeão.

O ciclista também recorda a forma desigual como a federação tratava as relações pessoais dentro da estrutura, referindo o caso de Pendleton, que se envolveu com o seu treinador, algo que segundo Wiggins, foi tratado com severidade, enquanto outras situações semelhantes foram ignoradas.

“A Victoria apaixonou-se pelo treinador e ele perdeu o emprego, enquanto outro dirigente tinha um caso e nada aconteceu. Por amor de Deus, não se pode escolher por quem nos apaixonamos. Isso não é crime”, sublinhou.

 

Reação da British Cycling

 

Perante as revelações, a British Cycling emitiu uma declaração oficial, afirmando “não tolerar qualquer forma de discriminação” e garantindo que foram implementadas reformas estruturais desde a auditoria independente de 2017, que já havia identificado falhas semelhantes.

“Ao longo dos últimos dois ciclos olímpicos e paralímpicos, demonstrámos uma mudança cultural centrada no ciclista, que o ajuda a perseguir os seus sonhos num ambiente seguro e de apoio. Continuamos empenhados em promover uma cultura respeitosa e inclusiva, onde todos possam prosperar”, afirmou um porta-voz da federação.

 

“Senti-me rejeitado e não apreciado”

 

Wiggins, que se retirou do ciclismo profissional em 2016, revelou ainda que recusou uma proposta para ter uma estátua no exterior do Velódromo de Manchester, símbolo máximo do sucesso britânico na modalidade, por se sentir “rejeitado e não apreciado” pela instituição.

O seu novo livro, The Chain, promete revisitar os triunfos da era dourada do ciclismo britânico, mas também expor as suas contradições internas, revelando o lado sombrio de um sistema que durante anos foi apresentado como modelo de excelência desportiva.

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“Se nadasse em Paris e a foca aparecesse, pelo menos não a via”


Esta quarta-feira na cerimónia da homenagem, feita pelo Comité Olímpico de Portugal, a Vasco Vilaça, o triatleta disse que, entre nadar outra vez no rio Sena, em Paris, ou ser novamente mordido por uma foca, preferia claramente enfrentar as águas sujas da prova dos Jogos Olímpicos.

“Se nadasse em Paris e a foca aparecesse, pelo menos não a via”, brincou o terceiro melhor triatleta do Mundo, ao responder à curiosidade dos presentes sobre a sua vida como triatleta.

“O segmento onde tenho mais dificuldades é a natação. No ciclismo, tenho um nível bastante bom e na corrida é onde sofro mais”, afirmou, revelando que a primeira transição é muito dura, pois leva-se o corpo ao limite, no sprint feito, na saída da água, até à bicicleta.

Era suposto Vasco Vilaça mostrar o troféu ganho na finalíssima na Austrália, mas o atleta de 25 anos chegou ao COP de mãos vazias. “O troféu é mais pesado do que parece e não o consegui meter na mala”, justificou a rir. “Tinha peso a mais para a minha bagagem, tive de o deixar lá e vão me enviá-lo mais tarde”.

Fonte: Federação Triatlo Portugal

“Vasco Vilaça homenageado pelo COP”


Vasco Vilaça foi esta quarta-feira homenageado pelo Comité Olímpico de Portugal (COP) pela medalha de bronze na contabilidade final do Campeonato do Mundo de Triatlo.

Numa cerimónia realizada na sede do COP, o atleta de 25 anos foi recebido pelo Presidente, Fernando Gomes, e por Emanuel Silva, canoísta e atualmente Presidente do Comissão de Atletas Olímpicos.

Fernando Gomes disse ser um orgulho para Portugal ter um atleta como Vasco Vilaça, a representar a Seleção Nacional ao mais alto nível.

O presidente da Federação de Triatlo de Portugal, Fernando Feijão, enalteceu, por seu turno, a já longa carreira do triatleta.

“Tenho o privilégio de acompanhar a carreira do Vasco desde que ele era pequeno. Ele tem já 20 anos dedicados à modalidade. Agradecemos-lhe muito por tudo o que tem feito pelo triatlo português”, afirmou.

Fernando Feijão não esqueceu de referir os outros triatletas da Seleção Nacional que, como Vasco Vilaça, têm “muito potencial” para alcançar grande resultados a nível internacional.

Com grande à vontade perante a plateia, a estrela do evento, o terceiro melhor triatleta do Mundo, revelou um pouco sobre todo o trabalho de bastidores, aquilo que não se vê, mas sem o qual é impossível alcançar bons resultados.

“Treino 30 horas por semana e tenho 15 dias de férias durante todo o ano. Só nas viagens, como a última, à Austrália, é que tenho desculpa para não treinar, dado as muitas horas de voo”, disse entre risos.

Fonte: Federação Triatlo Portugal

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