Christian Prudhomme, diretor
da Volta a França, elogia a edição deste ano
Por: Lusa
Foto: Reuters
O diretor da Volta a França
considerou que a 109.ª edição ficou marcada "por
uma forma de correr completamente nova", apontando a etapa
do Col du Granon como "uma das mais
belas" dos últimos 30
anos.
"Vivemos
uma Volta a França em que aconteceu algo importante quase todos os dias desde a
partida e do fervor excecional da Dinamarca. E tivemos uma etapa louca no Col
du Granon [ganha por Jonas Vingegaard], uma das mais belas etapas de montanha
que pude ver nos últimos 30 anos", começou por destacar
Christian Prudhomme, em entrevista à agência noticiosa France-Presse.
O diretor do Tour mostrou-se
impressionado com o facto de nesta edição os ataques terem acontecido "muito cedo, muito longe", como
se o pelotão estivesse sempre 'ligado à
corrente".
"Sentimos
desde há alguns anos que as etapas ditas de transição desapareceram. Este ano,
essa sensação foi ainda mais forte, passou-se qualquer coisa em todas as
etapas, a primeira hora de corrida era feita a grande velocidade, muitas vezes
com os favoritos e os seus companheiros de equipa nas fugas, numa forma de
correr completamente nova", evidenciou.
Antes do 'Grand Départ', em 01 de julho, em
Copenhaga, na Dinamarca, Prudhomme tinha reconhecido que o percurso da 109.ª
edição tinha sido desenhado para ciclistas de ataque e, antes do pelotão chegar
a Paris e de Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) ser coroado campeão, assumiu que
não podia estar mais satisfeito.
Questionado sobre as ilações
que a espetacularidade deste Tour pode ter em percursos futuros, o diretor da
prova defendeu que "ainda é muito cedo para
dizer",
"Nunca
sabemos o que vai acontecer um ano depois. Depende sempre dos corredores que
estarão à partida. Este ano, tivemos uma primeira semana desenhada para os
'puncheurs', com três nomes em mente. Tivemos, mais do que nunca, o Wout van
Aert, mas o Mathieu van der Poel foi uma sombra de si mesmo e o Julian
Alaphilippe nem esteve presente. E, ainda assim, tivemos uma primeira semana
absolutamente louca", avaliou.
No entanto, Prudhomme não se
juntou ao 'coro' daqueles que
apontam o camisola verde como a grande figura desta edição.
"Penso
que é um pouco excessivo, mesmo que o Wout van Aert seja excecional. Até onde
pode ele ir? Sabemos hoje que um Van Aert inspirado, com Julian Alaphilippe e
Mathieu van der Poel, pode criar diferenças na primeira semana do Tour que
contarão 15 dias depois. Ele é um elemento essencial do Tour, como o Tadej
Pogacar, que vejo amadurecer com a derrota. Ele não para de atacar, pelo prazer
da luta, da bicicleta", destacou.
O diretor da 'Grande Boucle' tive ainda palavras elogiosas
para Vingegaard, revelando mais detalhes do lado humano do vencedor da 109.ª
edição.
"As
nossas equipas contaram-me que quando ele se cruzava com os juniores e os
cadetes, que faziam os primeiros ou últimos quilómetros das subidas, tinha
sempre uma palavra para eles, o que não acontece com todos os campeões.
Repetimos muitas vezes: 'diz-me quem derrotaste, dir-te-ei quem és'. A resposta
em relação ao Vingegaard é muito satisfatória e isso deve-se ao Pogacar",
acrescentou.
O dinamarquês da Jumbo-Visma,
de 25 anos, vai sagrar-se hoje campeão do Tour, após o pelotão concluir os
115,6 quilómetros entre a zona parisiense de La Défense e o coração dos Campos
Elísios.
Vingegaard tem 3.34 minutos de
vantagem sobre Pogacar (UAE Emirates), o vencedor das últimas duas edições, e
8.13 face a Geraint Thomas (INEOS), campeão de 2018 e 'vice' de 2019, que vai
regressar ao pódio final como terceiro classificado.
Fonte: Record on-line