Ciclista dinamarquês regressou
hoje à estrada no Gran Camiño, quatro meses depois da sua última prova,
oscilando entre a vontade de fugir à expectativa que o rodeia e a aceitação do
estatuto de campeão do Tour
Por: Lusa
Foto: Marco BERTORELLO / AFP
O hermético Jonas Vingegaard
regressou hoje à estrada no Gran Camiño, quatro meses depois da sua última
prova, oscilando entre a vontade de ‘fugir’ à expectativa que o rodeia e a aceitação do estatuto
de campeão do Tour.
“Claro
que seria bom mostrar-me, mas também sei que mesmo que não consiga mostrar-me
aqui, não vou stressar quanto a isso. Sei o que posso fazer quando estou bem.
Teremos de ver esta semana. Sei que a forma é boa. Farei o meu melhor”,
prometeu o ciclista da Jumbo-Visma, em declarações aos jornalistas, minutos
antes do arranque da segunda edição do Gran Camiño, que decorre até domingo na
Galiza.
Jonas Vingegaard é um
mistério: enquanto outros, como o seu rival Tadej Pogacar, acumulam dias de
competição e objetivos, o dinamarquês seleciona o seu escasso calendário sem
lógica aparente, tanto que escolheu a prova galega para iniciar uma temporada
na qual só tem previstas mais três corridas até iniciar a defesa do título no
Tour (as outras são o Paris-Nice, a Volta ao País Basco e o Critério do
Dauphiné).
Avesso aos holofotes e
profundamente hermético, provocou o alarme ao ausentar-se na terça-feira de
Santiago de Compostela, onde a Jumbo-Visma estava instalada, evocando um motivo
pessoal, o que obrigou ao cancelamento, momentos depois de ser convocada, da
conferência de imprensa agendada para a tarde de quarta-feira.
As horas passavam e a presença
de Vingegaard no Gran Camiño continuava a ser uma incerteza, até que, um dia
depois de voar para Málaga, o campeão do Tour voltou para o hotel, fez rolos e
passeou-se pelos corredores de máscara, como aquelas que lhe escondiam o rosto
no pico da covid-19.
Franzino e discreto, o campeão
do Tour esquiva qualquer atenção mediática, uma missão impossível tendo em
conta o seu estatuto no pelotão atual, mas, hoje, ciente de que era o homem que
todos queriam ver (e ouvir), aceitou, finalmente, falar aos jornalistas.
“Espero
que esta seja uma corrida difícil, fria. Hoje, está frio. Penso que estava a
nevar há apenas alguns minutos. Expetavelmente, será uma corrida dura, e depois
veremos [o resultado]”, declarou em plena Muralha de Lugo, ponto
de partida dos 188 quilómetros da primeira etapa da prova galega, que termina
em Sarria.
A neve foi mesmo a convidada
surpresa do arranque de temporada do dinamarquês de 26 anos, que não competia
há mais de quatro meses, mais concretamente desde a Volta à Lombardia, em 08 de
outubro.
Mas nem os flocos brancos,
primeiro escassos e, depois, mais persistentes, que foram colorindo o desfile
das equipas pela Muralha de Lugo – e que desapareceram pouco antes dos
ciclistas da Jumbo-Visma saírem do autocarro, afastaram o público, desejoso de
ver ao vivo o campeão em título do Tour.
De telemóvel em punho,
eternizaram o momento com fotos à distância, aplaudindo o nome do dinamarquês
quando este ecoou nos altifalantes instalados junto à Catedral.
“Simplesmente,
quero correr um pouco, reentrar no ritmo para o Paris-Nice. Para mim, é o
início da temporada, claro que quero sair-me bem, mas veremos”,
resumiu.
Amável, apesar de tímido,
Vingegaard não deixou de sorrir enquanto explicava que o Gran Camiño era “uma boa preparação” para a prova francesa, que marcará o seu primeiro
frente a frente esta época com Tadej Pogacar, o bicampeão da Volta a França que
destronou, e que decorre entre 05 e 12 de março.
“Gosto de
correr aqui em Espanha, é um país agradável. Não corri muitas vezes nesta parte
de Espanha, estou ansioso para começar”, concluiu, antes de
dar as primeiras pedaladas de um 2023 em que vai procurar defender o cetro na
Volta a França, agendada entre 01 e 23 de julho.
Fonte: Sapo on-line