Esloveno explica por que deixou colega Sepp Kuss para trás
Por: Lusa
Foto: EPA
Sepp Kuss (Jumbo-Visma) viveu
esta quarta-feira um dia de aniversário difícil, mantendo, por meros oito
segundos, a camisola vermelha no final da 17.ª etapa da Volta a Espanha,
vencida pelo seu companheiro Primoz Roglic.
Há vários dias que o ambiente
nos bastidores da equipa holandesa é o principal tema de conversa na Vuelta e,
hoje, nos últimos quilómetros de ascensão ao emblemático Angliru, Primoz Roglic
e Jonas Vingegaard voltaram a alimentar a polémica, ao nem olharem para trás
quando o norte-americano ficou em dificuldades, fazendo, respetivamente,
primeiro e segundo na tirada, com as mesmas 3:15.56 horas.
"Limitei-me
a impor o meu ritmo. É estranho [deixar Kuss], mas numa subida tão inclinada
cada um vai o mais rápido possível e depois vê-se",
justificou o pragmático esloveno, após vencer pela segunda vez nesta edição e
pela 12.ª em cinco participações na Volta a Espanha.
Apesar de a Jumbo-Visma se ter
apressado a recorrer à rede social X para 'revelar'
que foi Kuss que disse aos seus companheiros para continuarem sem ele, o certo
é que o leal gregário da formação neerlandesa, de 29 anos, defendeu a camisola
vermelha da aproximação de Vingegaard por apenas oito segundos, depois de ser
terceiro na etapa, a 19 dos seus habituais líderes.
"Disse-lhe
[a Kuss] 'continua a lutar, continua a acreditar'",
alegou ainda Roglic, que reduziu para 1.08 minutos a diferença para o seu
companheiro, fechando o pódio da geral, na qual João Almeida (UAE Emirates)
subiu a nono, após também não ter esperado pelo colega espanhol Juan Ayuso, que
tem o quarto lugar comprometido, depois da aproximação do compatriota Mikel
Landa (Bahrain Victorious).
Antes do 'show' da
Jumbo-Visma, Remco Evenepoel foi o ciclista mais ativo na primeira metade dos
124,5 quilómetros entre Ribadesella e o alto do Angliru, tentando
sucessivamente entrar numa fuga, missão que concretizou com êxito decorridos
que estavam perto de 70 quilómetros, na companhia do seu companheiro Mattia
Cattaneo (Soudal Quick-Step) e do também italiano Lorenzo Germani
(Groupama-FDJ).
Atrás do trio, isolou-se Marc
Soler (UAE Emirates), com o então sexto da geral (caiu para 13.º após a etapa)
a tentar testar a Jumbo-Visma, sem sucesso acabaria alcançado pelo pelotão a 15
quilómetros da meta, quando o belga da Soudal Quick-Step já seguia isolado.
Já sem aspirações na geral, o
ainda campeão em título e atual líder da montanha da Vuelta começou a escalar o
mítico Angliru em solitário com mais de um minuto de vantagem sobre o grupo do
camisola vermelha, comandado pela Bahrain Victorious.
A seis quilómetros do alto,
João Almeida demonstrou estar em dificuldades e, pouco depois, no momento em
que Evenepoel era alcançado, também o seu companheiro Juan Ayuso descolou,
comprometendo as ambições da UAE Emirates de estar no pódio final em Madrid, no
domingo.
O ritmo imposto pela equipa de
Mikel Landa, nomeadamente pelo 'super'
Wout Poels, condenou também Enric Mas (Movistar), com o grupo de candidatos a
cingir-se, nos derradeiros 4.000 metros, ao trio de líderes da Jumbo-Visma e
aos dois ciclistas da Bahrain Victorious.
Primoz Roglic foi o primeiro a
atacar, com a movimentação do esloveno a servir apenas para confirmar a
supremacia da equipa neerlandesa, com Landa, sétimo à partida, a ficar
definitivamente para trás, ao mesmo tempo que Almeida, ignorando a hierarquia
da UAE Emirates, chegava ao grupo de, Mas, deixando para trás o seu jovem
colega espanhol.
A dois quilómetros da meta, o
camisola vermelha, em dia de aniversário, foi abandonado pelos seus dois
colegas, com Roglic e Vingegaard a mostrarem-se impassíveis perante as
dificuldades do seu fiel gregário -- os dois devem e muito as vitórias no Giro
e no Tour, respetivamente, deste ano ao norte-americano, cortando a meta nas
duas primeiras posições.
"Trabalhamos
muito bem juntos, eles são dois grandes campeões. Queria a minha oportunidade,
mas também estou disposto a trabalhar para eles",
disse o sempre afável norte-americano, que nunca demonstra estar desiludido com
as atitudes dos vencedores das duas grandes Voltas desta temporada.
Com o mesmo tempo de Kuss,
chegou Landa, que subiu dois lugares na geral e está a apenas 19 segundos de
Ayuso, enquanto João Almeida foi sexto, a 58 segundos do vencedor o seu líder
espanhol foi apenas nono, a 01.42.
Assim, o terceiro classificado
do Giro2023 saltou uma posição e é nono, a 9.26 minutos do camisola vermelha,
numa classificação em que Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) é 44.º e Nelson
Oliveira (Movistar) 48.º, após hoje terem sido, respetivamente, 57.º (a 18.45
minutos do vencedor) e 37.º (a 15.14).
André Carvalho (Cofidis) foi
91.º, a 21.58 minutos, e Rui Oliveira (UAE Emirates) foi 144.º, a 26.06. Na
geral, o primeiro é 139.º, a 03:33.38 horas, enquanto Oliveira está quase a
quatro horas de Kuss, na 149.ª e última posição.
Na quinta-feira, a 18.ª etapa
da Volta a Espanha liga Pola de Allande e o alto de La Cruz de Linares, onde
está instalada uma contagem de montanha de primeira categoria, no final de
178,9 quilómetros.
Fonte: Record on-line