Minas da Quinta da Recheira,
as Maravilhas do Paul, o Museu do Queijo, e o Museu dos Lanifícios, são as
atrações deste roteiro
Por: José Morais
Fotos: Helena Morais e José
Morais
Depois de quase três anos de
interregno, a Revista Notícias do Pedal volta á sua rubrica “Roteiros
Cicloturisticos”, onde através da utilização da bicicleta, se podem visitar e
conhecer locais muitas vezes paradisíacos do nosso Portugal.
Iniciamos pela Cova da Beira,
fomos até à Covilhã, e com local de partida daquela linda cidade serrana,
iniciamos quatro locais para visitar, com a utilização da bicicleta, o
primeiro, e o nosso principal objetivo, o turismo mineiro, fomos visitar as
Minas da Quinta da Recheira, no Barco, depois fomos até ao Paul com as suas
maravilhas, passamos pelo Museu do Queijo, e ainda o Museu dos Lanifícios,
tendo sempre como ponto de partida o centro da cidade.
A
bicicleta e o turismo rural
Minas da
Quinta da Recheira, uma viagem no tempo
As “Minas da Quinta da Recheira”, no Barco, foi o nosso
primeiro ponte de visita, e o principal deste Roteiro, a cerca de 23
quilómetros do local de partida, a Covilhã, fomos encontrar uma das maravilhas
da Cova da Beira, único em Portugal, este projeto que abriu ao publico em plena
pandemia, em agosto de 2020, é um dos 50 lugares secretos a descobrir e a
explorar no centro de Portugal, na Beira Baixa.
Este complexo mineiro antigo na
exploração de estanho e volfrâmio, mais
conhecido pelas “Minas do Alemão” esteve ao abandono mais de 40 anos, levando
seis anos para ser recuperado, sendo transformado num aconchegante local de
visita, possui lindas e encantadas vistas de paisagens naturais, do corredor
ecológico do vale e rio Zêzere, sendo um sítio geológico nacional estando já na
lista da UNESCO, com uma vista panorâmica das Torres da Serra da Estrela e
Estrela Geopark.
A Quinta da Recheira que
pertenceu à família de César Fernandes, a qual nos anos quarenta descobriram
que existiam filões de minérios, como o estanho e o volfrâmio, e já no final da
corrida ao Volfrâmio na Serra da Argemela, se perdiam na memória dos tempos, de
relembrar que já há muitos anos naquelas terras, tanto mouros como romanos
exploraram a zona.
Os alemães, Walter e Karl
Thobe chegaram ao local nos anos 60, fazendo algumas pesquisas e inspeções,
verificaram na altura a existência de minérios como o volfrâmio e o estanho, fizeram na altura um
registo ao apresentarem um manifesto mineiro, e conseguiram inaugurar as minas
em 1966, mas onde apenas elaboraram durante alguns anos, com o seu encerramento
a ocorrer num ano em que a extração de estanho chegou a atingiu duas toneladas,
porem, com o preço muito baixo a que o estanho ficou na altura, decidiram o seu
encerramento por não justificar a sua extração, mas que ainda hoje atualmente brilham no escuro os seus filões nas rochas
das Minhas da Recheira.
Um projeto que necessitava de
um grande investimento, atualmente são três os seus investidores, um português,
um alemão e um brasileiro, os quais esperam para poderem avançar na altura
certa com novos investimentos e atrações, apesar da 1ª fase ter estado a correr
muito bem, nesta fase teve algumas intervenções para se fazerem visitas em
segurança, onde a cada passo se encontram coisas maravilhosas, tem as minas sido
visitadas por imensas pessoas, ainda visitas escolares, e universidades
portuguesas, e também provenientes de Espanha, já que este é o único projeto de
Turismo Mineiro nacional, onde se podem observar filões de quartzo
mineralizados, os quais estão rodeados de muito mistério, e a brilharem ainda
hoje muito no escuro, em diversas galerias maravilhosas, com imensas e grandes
chaminés de ventilação.
As Minas com imensas galerias
e labirintos, tem ao longo das mesmas uma boa sinalização, porem se não existir
um excelente guia a acompanhar os visitantes, tudo poderia acontecer a que
qualquer um visitante, mesmo com imenso cuidado se pudesse perder. E o que se
pode encontrar sem ser filões de minério, podemos encontrar ao longo da mina em
diversas galerias manequins a fingir serem mineiros, onde mostram como desempenhavam
as suas funções nos diversos trabalhos, vestido e com artefactos à época,
inseridos num cenários real, ferramentas da época, e coisas maravilhosas que só
se podem descobrir visitando, mas no seu exterior o visitante pode também ver
diverso material de trabalho utilizado nas minas, como sentarem-se nas
vagonetes e locomotivas antigas, e fazer uma fotografia como recordação.
Ao guia que acompanha os
visitantes, faz parte a explicação de toda a atividade que era feita na mina,
mostrando alguns ponto de interesse ao longo da mesma, com muito espólio
interessante, uma das partes é o de acender os “Gasómetros” numa das zonas mais escuras da mina, as lanternas
utilizadas pelos minheiros, onde os visitantes são convidados a pegar no mesmo
juntamente com ferramentas originais da época e serem fotografados. A visita da
“Batsuite”, onde se pode encontrar o Batman a descansar, o Lago da Juventude, a
galeria da Arte Fotográfica, onde é apresentada a história dos mineiros, e uma bonita colonia
de morcegos, já que o “Rechinho” um morcego é a mascote das minas, são outros
dos atrativos.
Porem, um dos pontos de
bastante interesse, é a visita à galeria mineira de estágio de maturação, com
condições naturais, com uma temperatura e humidade sensivelmente constante e
ideias pela ausência total da luz, tem um método raro e inédito, onde estão armazenadas cerca de 5000 garrafas
de espumante, e diversos barris de carvalho com vinho reserva Almeida Garret,
noutras galerias mineira existe uma produção de cogumelos em caixas de
madeiras, já que possui essa galeria um microclima muito específico para o
desenvolvimento de diversas espécies, e ainda uma maturação de queijo
“Roquefort” o qual possui um ambiente propício para a sua maturação.
E por fim, o salão de eventos
mineiro é sem dúvida o ex-líbris das Minas da Recheira, está a uma profundidade
de cinquenta metros, e a cento e cinquenta metros dentro da galeria mineira
três, está preparado e é destinado a diversos eventos, um experiência única
pelo seu ambiente, onde se podem realizar casamentos, batizados, almoços,
jantares, festas temática, atividades de Team Building, como diversas
atividades e criatividades que tenham os que podem utilizar, e muitas mais
surpresas.
As “Minas da Quinta da
Recheira” são sem dúvida uma viagem no tempo, onde o visitante vai poder
encontrar coisas maravilhosas, os visitantes podem levar o seu animal de
estimação se o desejarem, e ao longo da visita quando estão presentes crianças
e adolescentes, os mesmos serão acompanhados também por um cão-guia ou
gato-guia, distraindo e animando os mais novos.
As visitas são feitas duas por
dia, uma de manhã outra de tarde com marcações, as mesmas tem duração de uma a
duas horas, existindo sempre uma hora certa para entrar, mas a saída por vezes
incerta, já que as imensas selfies tiradas pelos visitantes, e o interesse pelo
local é imenso, o que origina muitas perguntas abordadas ao longo da visita,
acaba por não existir hora certa de saída.
As “Minas da Quinta da
Recheira” já contaram com muitos visitantes, tendo o mais novo apenas dois
meses, e o mais idoso com 98 anos, já foi palco para a gravação de videoclipes,
séries televisíveis e programas de televisão.
O “Centro de Interpretação Mineiro” é o ponto de concentração dos visitantes, aqui
são recebidos os mesmos, e antes do início da visita, é feita uma apresentação do
local, contando um pouco a historia do mesmo, são apresentados diversos
minérios, e outras coisas de interesse dos mineiros, diversas pedras, com uma
explicação muito interessante, neste espaço existem diversas estantes com
coisas interessante que vale a pena descobrir, e é aqui neste local que termina
a vista, onde os visitantes dispõem de lembranças que podem adquirir para
recordação.
Numa visita sem dúvida muito
interessante, no final tentamos abordar alguns visitantes que nos deram as suas
opiniões, onde os mesmos estavam encantados com o que viram, e algo que
aprenderam, a primeira abordagem foi feita a uma menina de 10 anos a Carolina
que tinha vindo de Almada, a qual vinha encantada e perguntamos que mais
gostou, a qual dizia; “Gostei foi muito
bonito, o que mais me encantou foi o salão de festas, e não se importava de ter
ali uma festa, o gasómetro também foi interessante, encantada também com o
relógio, um telefone antigo que ficou a saber como se utilizava, e muitas
outras coisas” e terminava dizendo com um sorriso nos lábios; “Venham visitar a Mina que é muito giro”.
Outra da entrevistadas também
foi uma menina, a Alice de 8 anos que tinha vindo de Viseu dizia; “Achei muito divertidas e fixe, encantada com a história
das minas e dos mineiros” ela que foi uma das escolhidas para
ser mineira por um dia dizia; “Foi muito fixe
ser mineira, o gasómetros é muito interessante, explicou como funcionava o
mesmo e para que servia, diferente do que acontece atualmente” e
terminava dizendo; “Recomendo aos meus amigos
que venham visitar, observem bem, por existem muitas histórias para contar”.
Por fim, a Fátima que tinha
vindo de Carcavelos dizia: “Foi a primeira
vez que vim aqui, tive conhecimento porque os coordenadores são meus amigos,
tiramos o dia para visitar, tínhamos passado pelas Minas da Panasqueira, e
depois viemos até aqui, fiquei surpreendida, nunca pensei o que estava por
baixo da terra, a visita é muito agradável, o coordenador consegue-nos
levar-nos a uma experiencia no tempo, conseguindo mostrar algo que nunca tinha
visto, a sala de festa encantou-me, a história envolvente é maravilhosa, a
cultura a parte histórica, o que recomendo esta visita”.
Um guia
muito interessante
O Engenheiro Luis António foi o
nosso guia, acompanhou-nos nesta visita, e que tão bem o fez, as suas
explicações, a maneira como sabe prender a atenção em especial de miúdos, e
também graúdos, conseguindo levar o visitante a uma experiencia no tempo, marcou
o mesmo sem dúvida a visita, e no final estivemos à conversa com ele o qual nos
dizia à nossa reportagem, “Nós tentamos
sempre cativar o mineiro mais pequenino, até ao mais idoso, tentamos cativar as
várias faixa etária, e diversas profissões, em especial as crianças a conhecer a natureza, algo que vão estudar
na escola ou já estudaram, e quem gosta destas matérias, seguir a parte da
universidade nas visitas de estudo”.
Como abriram ao público; “A nossa administração e composta por um português, um
brasileiro e um alemão, com estes três sócios a ver que existia um nicho de
mercado, algo que não existe em Portugal que é o turismo mineiro, e também o
turismo ambiental recuperando o antigo complexo mineiro, isto estava
abandonado, tudo danificado, mas viram que poderiam encaixar um turismo
diferente, que não está explorado no nosso país, e ainda as visitas de estudo,
como ainda paisagem maravilhosa”.
Sobre as galerias dizia; “São muitas as galerias, visitáveis apenas são três, são
muitos quilómetros e escolhemos as mais interessantes, temos diversas experiências
nas mesmas, temos parcerias com diversos parceiros da zona, em especial os
espumantes, com um maturação muito interessante, numa parceria com uma das
adegas mais antigas da região”.
O futuro das Minhas da Quinta
da Recheira; “A administração deixou para uma
segunda fase a criação de alojamentos, onde se pensa a criação de uma piscina e,
uma praia fluvial privada, onde se pode praticar desportos náuticos, já que
temos o rio Zêzere, nesta fase apenas as visitas, e temos o nosso salão de
eventos, que está preparado para receber qualquer, personalizado ao pormenor”.
Como mensagem final Engenheiro
Luís António dizia; “Venham fazer uma viagem
no tempo, sejam mineiros por um dia, e ver como era uma mina à 60 anos atrás,
será uma manhã ou tarde diferente, promovemos a cultura, a história, num
complexo minheiro parado no tempo, e também uma forma de puxar os mais pequenos
para o interesse da biologia, da geologia, de diversas coisas, somos únicos em
Portugal nas diversas vertente que promovemos, e divulgar o centro do país,
somos uma plataforma económica, e todos os que nos visitam enviamos para os
nossos parceiros, caso da hotelaria e restauração, por diversas cidades, e não
apenas aqui na zona, mas no país inteiro, porque trabalhamos com diversos
parceiros, sendo o principal o Estrela Geopark”, a finalizar,
deixamos aqui um agradecimento especial, como a nossa equipa foi recebida, e a
disponibilidade que tivemos para recolher imagens, o nosso muito obrigado, e
podem visitar o site onde podem encontrar mais informações e fazer reservas
para visitas em: https://minasdarecheira.pt/
Paul
O Paul, é o segundo local
neste roteiro, a cerca de 20 quilómetros da Covilhã, o visitante pode descobrir
as suas piscinas naturais e a cascata, são uns dos atrativos da terra, Situa-se
na margem esquerda da ribeira da Caia, afluente do rio Zêzere que muito
contribui para a fertilidade das suas terras.
Apesar de ser recente como
aglomerado populacional, a sua primeira referência vem de 1615, apresentando características
que permitem concluir da presença humana na região desde há muitos séculos,
referente à presença dos fenícios, gregos, romanos e árabes, com o património
arqueológico conhecido da vila do Paul tem como herança a presença de um
importante legado de instrumentos ligados à atividade da panificação e moagem
tradicional.
O nome de Paul proveio de uns
pauis, ou pântanos que se situavam junto ao povo, onde existiam prados. Este
povo era um priorado real, estando livre de qualquer tributo, pensão ou
senhorio, reconhecendo somente por senhor o muito alto e soberano Senhor Rei de
Portugal, a quem somente pagava os seus tributos ou direitos, será um local a
não perder, com uma boa visita, descobrindo coisas maravilhosas.
Museu do
Queijo
Em Peraboa, a cerca de 14
quilómetros da Covilhã fica o Museu do Queijo, aqui pode conhecer a produção do
queijo da Serra da Estrela, algo fascinante, o que se pode nesta pequena
aldeia, este interessante Museu.
Aqui se contam as histórias
das dóceis ovelhas, dos sábios pastores que habitam nas montanhas desde os
primórdios, das rotas dos rebanhos através de Portugal e Espanha, no museu
encontra-se um guia o qual é um anfitrião excelente, ao contar as histórias com
um sentido de humor, tendo um conhecimento profundo, onde não falta a imensa
hospitalidade, um local a não perder de visitar.
Museu dos
Lanifícios
A cerca de um quilómetro do
centro da Covilhã fica o Museu dos Lanifícios, junto à Universidade da Beira
Interior, foi criado com a finalidade de salvaguardar a área das tinturarias da
Real Fábrica de Panos, uma manufatura de Estado, fundada pelo Marquês de Pombal
em 1764, integrada nas instalações da Universidade da Beira Interior e
classificada como Imóvel de Interesse Público.
Criado com a missão a
salvaguarda e a conservação ativa do património industrial têxtil, assim como a
investigação e divulgação da tecnologia associadas ao processo de
industrialização dos lanifícios, sendo um Museu de ciência e tecnologia, com os
fios do passado e uma “conservação ativa” do património que possuem à sua guarda.
O Museu de Lanifícios é um
museu polinucleado que integra os seguintes núcleos: o Núcleo da Real Fábrica
de Panos que é focalizado no período da pré e proto industrialização dos
lanifícios (séc. XVIII), Núcleo da Real Fábrica Veiga / Centro de Interpretação
dos Lanifícios, com a sede do Museu desde 2004, com as valências de Núcleo
Museológico da Industrialização dos Lanifícios (séculos. XIX e XX) e de Centro
de Documentação/Arquivo Histórico dos Lanifícios, e Núcleo das Râmolas de Sol,
um Núcleo ao ar livre constituído por um conjunto de râmolas de sol e um
estendedouro de lãs.
As
sugestões finais
Estas, as sugestões para um “Roteiro
Cicloturistico” a realizar de bicicleta, numa viagem pela Cova da Beira, onde o
ponto de saída é a Covilhã, a deslocação até esta zona poderá ser feita de
automóvel, de comboio ou autocarro expresso, a sugestão será sua, a partir dai,
a utilização da bicicleta como meio de deslocação, onde se podem encontrar
locais maravilhosos, aqui a referência especial para as “Minas da Quinta da
Recheira”, algo maravilhoso a não perder, não esquecendo o Paul, o Museu do
Queijo ou o Museu dos Lanifícios.
Mas, onde poderá também
saborear algumas iguarias gastronómicas, a gastronomia tem sempre por trás de
si uma estrutura histórica, que caracteriza um determinado povo e a sua terra
de origem, por isso uma rota gastronómica é sempre de ter em conta, onde pode
degustar pratos típicos, como o Pastel de Molho, a Migas de Ovos, as Migas de Tomate,
os Míscaros com Ovos, a Dobrada à Moda da Covilhã, o celebre Queijo da Serra da
Estrela, o Queijo Amarelo da Beira Baixa, o Requeijão simples ou com Doce de
Abóbora, os traicionais Enchidos da região, o Presunto, o Mel da Serra da
Estrela, as Cherovias Fritas, entre outras.
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venha descobrir a Cova da Beira, com boas e fortes pedaladas.