segunda-feira, 3 de outubro de 2022

“Roteiros Cicloturisticos…Viagem até à Cova da Beira”


Minas da Quinta da Recheira, as Maravilhas do Paul, o Museu do Queijo, e o Museu dos Lanifícios, são as atrações deste roteiro

 

Por: José Morais

Fotos: Helena Morais e José Morais

Depois de quase três anos de interregno, a Revista Notícias do Pedal volta á sua rubrica “Roteiros Cicloturisticos”, onde através da utilização da bicicleta, se podem visitar e conhecer locais muitas vezes paradisíacos do nosso Portugal.


Iniciamos pela Cova da Beira, fomos até à Covilhã, e com local de partida daquela linda cidade serrana, iniciamos quatro locais para visitar, com a utilização da bicicleta, o primeiro, e o nosso principal objetivo, o turismo mineiro, fomos visitar as Minas da Quinta da Recheira, no Barco, depois fomos até ao Paul com as suas maravilhas, passamos pelo Museu do Queijo, e ainda o Museu dos Lanifícios, tendo sempre como ponto de partida o centro da cidade.


 

A bicicleta e o turismo rural

Minas da Quinta da Recheira, uma viagem no tempo

 

As “Minas da Quinta da Recheira”, no Barco, foi o nosso primeiro ponte de visita, e o principal deste Roteiro, a cerca de 23 quilómetros do local de partida, a Covilhã, fomos encontrar uma das maravilhas da Cova da Beira, único em Portugal, este projeto que abriu ao publico em plena pandemia, em agosto de 2020, é um dos 50 lugares secretos a descobrir e a explorar no centro de Portugal, na Beira Baixa.


Este complexo mineiro antigo na exploração de estanho e volfrâmio,  mais conhecido pelas “Minas do Alemão” esteve ao abandono mais de 40 anos, levando seis anos para ser recuperado, sendo transformado num aconchegante local de visita, possui lindas e encantadas vistas de paisagens naturais, do corredor ecológico do vale e rio Zêzere, sendo um sítio geológico nacional estando já na lista da UNESCO, com uma vista panorâmica das Torres da Serra da Estrela e Estrela Geopark.

A Quinta da Recheira que pertenceu à família de César Fernandes, a qual nos anos quarenta descobriram que existiam filões de minérios, como o estanho e o volfrâmio, e já no final da corrida ao Volfrâmio na Serra da Argemela, se perdiam na memória dos tempos, de relembrar que já há muitos anos naquelas terras, tanto mouros como romanos exploraram a zona.

Os alemães, Walter e Karl Thobe chegaram ao local nos anos 60, fazendo algumas pesquisas e inspeções, verificaram na altura a existência de minérios como o  volfrâmio e o estanho, fizeram na altura um registo ao apresentarem um manifesto mineiro, e conseguiram inaugurar as minas em 1966, mas onde apenas elaboraram durante alguns anos, com o seu encerramento a ocorrer num ano em que a extração de estanho chegou a atingiu duas toneladas, porem, com o preço muito baixo a que o estanho ficou na altura, decidiram o seu encerramento por não justificar a sua extração, mas que ainda hoje atualmente  brilham no escuro os seus filões nas rochas das Minhas da Recheira. 


Um projeto que necessitava de um grande investimento, atualmente são três os seus investidores, um português, um alemão e um brasileiro, os quais esperam para poderem avançar na altura certa com novos investimentos e atrações, apesar da 1ª fase ter estado a correr muito bem, nesta fase teve algumas intervenções para se fazerem visitas em segurança, onde a cada passo se encontram coisas maravilhosas, tem as minas sido visitadas por imensas pessoas, ainda visitas escolares, e universidades portuguesas, e também provenientes de Espanha, já que este é o único projeto de Turismo Mineiro nacional, onde se podem observar filões de quartzo mineralizados, os quais estão rodeados de muito mistério, e a brilharem ainda hoje muito no escuro, em diversas galerias maravilhosas, com imensas e grandes chaminés de ventilação.


As Minas com imensas galerias e labirintos, tem ao longo das mesmas uma boa sinalização, porem se não existir um excelente guia a acompanhar os visitantes, tudo poderia acontecer a que qualquer um visitante, mesmo com imenso cuidado se pudesse perder. E o que se pode encontrar sem ser filões de minério, podemos encontrar ao longo da mina em diversas galerias manequins a fingir serem mineiros, onde mostram como desempenhavam as suas funções nos diversos trabalhos, vestido e com artefactos à época, inseridos num cenários real, ferramentas da época, e coisas maravilhosas que só se podem descobrir visitando, mas no seu exterior o visitante pode também ver diverso material de trabalho utilizado nas minas, como sentarem-se nas vagonetes e locomotivas antigas, e fazer uma fotografia como recordação.  


Ao guia que acompanha os visitantes, faz parte a explicação de toda a atividade que era feita na mina, mostrando alguns ponto de interesse ao longo da mesma, com muito espólio interessante, uma das partes é o de acender os “Gasómetros” numa das zonas mais escuras da mina, as lanternas utilizadas pelos minheiros, onde os visitantes são convidados a pegar no mesmo juntamente com ferramentas originais da época e serem fotografados. A visita da “Batsuite”, onde se pode encontrar o Batman a descansar, o Lago da Juventude, a galeria da Arte Fotográfica, onde é apresentada  a história dos mineiros, e uma bonita colonia de morcegos, já que o “Rechinho” um morcego é a mascote das minas, são outros dos atrativos.


Porem, um dos pontos de bastante interesse, é a visita à galeria mineira de estágio de maturação, com condições naturais, com uma temperatura e humidade sensivelmente constante e ideias pela ausência total da luz, tem um método raro e inédito,  onde estão armazenadas cerca de 5000 garrafas de espumante, e diversos barris de carvalho com vinho reserva Almeida Garret, noutras galerias mineira existe uma produção de cogumelos em caixas de madeiras, já que possui essa galeria um microclima muito específico para o desenvolvimento de diversas espécies, e ainda uma maturação de queijo “Roquefort” o qual possui um ambiente propício para a sua maturação.


E por fim, o salão de eventos mineiro é sem dúvida o ex-líbris das Minas da Recheira, está a uma profundidade de cinquenta metros, e a cento e cinquenta metros dentro da galeria mineira três, está preparado e é destinado a diversos eventos, um experiência única pelo seu ambiente, onde se podem realizar casamentos, batizados, almoços, jantares, festas temática, atividades de Team Building, como diversas atividades e criatividades que tenham os que podem utilizar, e muitas mais surpresas.

As “Minas da Quinta da Recheira” são sem dúvida uma viagem no tempo, onde o visitante vai poder encontrar coisas maravilhosas, os visitantes podem levar o seu animal de estimação se o desejarem, e ao longo da visita quando estão presentes crianças e adolescentes, os mesmos serão acompanhados também por um cão-guia ou gato-guia, distraindo e animando os mais novos.

As visitas são feitas duas por dia, uma de manhã outra de tarde com marcações, as mesmas tem duração de uma a duas horas, existindo sempre uma hora certa para entrar, mas a saída por vezes incerta, já que as imensas selfies tiradas pelos visitantes, e o interesse pelo local é imenso, o que origina muitas perguntas abordadas ao longo da visita, acaba por não existir hora certa de saída.


As “Minas da Quinta da Recheira” já contaram com muitos visitantes, tendo o mais novo apenas dois meses, e o mais idoso com 98 anos, já foi palco para a gravação de videoclipes, séries televisíveis e programas de televisão.

O “Centro de Interpretação Mineiro” é o ponto de concentração dos visitantes, aqui são recebidos os mesmos, e antes do início da visita, é feita uma apresentação do local, contando um pouco a historia do mesmo, são apresentados diversos minérios, e outras coisas de interesse dos mineiros, diversas pedras, com uma explicação muito interessante, neste espaço existem diversas estantes com coisas interessante que vale a pena descobrir, e é aqui neste local que termina a vista, onde os visitantes dispõem de lembranças que podem adquirir para recordação.


Numa visita sem dúvida muito interessante, no final tentamos abordar alguns visitantes que nos deram as suas opiniões, onde os mesmos estavam encantados com o que viram, e algo que aprenderam, a primeira abordagem foi feita a uma menina de 10 anos a Carolina que tinha vindo de Almada, a qual vinha encantada e perguntamos que mais gostou, a qual dizia; “Gostei foi muito bonito, o que mais me encantou foi o salão de festas, e não se importava de ter ali uma festa, o gasómetro também foi interessante, encantada também com o relógio, um telefone antigo que ficou a saber como se utilizava, e muitas outras coisas” e terminava dizendo com um sorriso nos lábios; “Venham visitar a Mina que é muito giro”.   


Outra da entrevistadas também foi uma menina, a Alice de 8 anos que tinha vindo de Viseu dizia; “Achei muito divertidas e fixe, encantada com a história das minas e dos mineiros” ela que foi uma das escolhidas para ser mineira por um dia dizia; “Foi muito fixe ser mineira, o gasómetros é muito interessante, explicou como funcionava o mesmo e para que servia, diferente do que acontece atualmente” e terminava dizendo; “Recomendo aos meus amigos que venham visitar, observem bem, por existem muitas histórias para contar”. 


   

Por fim, a Fátima que tinha vindo de Carcavelos dizia: “Foi a primeira vez que vim aqui, tive conhecimento porque os coordenadores são meus amigos, tiramos o dia para visitar, tínhamos passado pelas Minas da Panasqueira, e depois viemos até aqui, fiquei surpreendida, nunca pensei o que estava por baixo da terra, a visita é muito agradável, o coordenador consegue-nos levar-nos a uma experiencia no tempo, conseguindo mostrar algo que nunca tinha visto, a sala de festa encantou-me, a história envolvente é maravilhosa, a cultura a parte histórica, o que recomendo esta visita”. 


 

Um guia muito interessante

 

O Engenheiro Luis António foi o nosso guia, acompanhou-nos nesta visita, e que tão bem o fez, as suas explicações, a maneira como sabe prender a atenção em especial de miúdos, e também graúdos, conseguindo levar o visitante a uma experiencia no tempo, marcou o mesmo sem dúvida a visita, e no final estivemos à conversa com ele o qual nos dizia à nossa reportagem, “Nós tentamos sempre cativar o mineiro mais pequenino, até ao mais idoso, tentamos cativar as várias faixa etária, e diversas profissões, em especial as crianças  a conhecer a natureza, algo que vão estudar na escola ou já estudaram, e quem gosta destas matérias, seguir a parte da universidade nas visitas de estudo”.


Como abriram ao público; “A nossa administração e composta por um português, um brasileiro e um alemão, com estes três sócios a ver que existia um nicho de mercado, algo que não existe em Portugal que é o turismo mineiro, e também o turismo ambiental recuperando o antigo complexo mineiro, isto estava abandonado, tudo danificado, mas viram que poderiam encaixar um turismo diferente, que não está explorado no nosso país, e ainda as visitas de estudo, como ainda paisagem maravilhosa”.

Sobre as galerias dizia; “São muitas as galerias, visitáveis apenas são três, são muitos quilómetros e escolhemos as mais interessantes, temos diversas experiências nas mesmas, temos parcerias com diversos parceiros da zona, em especial os espumantes, com um maturação muito interessante, numa parceria com uma das adegas mais antigas da região”.

O futuro das Minhas da Quinta da Recheira; “A administração deixou para uma segunda fase a criação de alojamentos, onde se pensa a criação de uma piscina e, uma praia fluvial privada, onde se pode praticar desportos náuticos, já que temos o rio Zêzere, nesta fase apenas as visitas, e temos o nosso salão de eventos, que está preparado para receber qualquer, personalizado ao pormenor”.

Como mensagem final Engenheiro Luís António dizia; “Venham fazer uma viagem no tempo, sejam mineiros por um dia, e ver como era uma mina à 60 anos atrás, será uma manhã ou tarde diferente, promovemos a cultura, a história, num complexo minheiro parado no tempo, e também uma forma de puxar os mais pequenos para o interesse da biologia, da geologia, de diversas coisas, somos únicos em Portugal nas diversas vertente que promovemos, e divulgar o centro do país, somos uma plataforma económica, e todos os que nos visitam enviamos para os nossos parceiros, caso da hotelaria e restauração, por diversas cidades, e não apenas aqui na zona, mas no país inteiro, porque trabalhamos com diversos parceiros, sendo o principal o Estrela Geopark”, a finalizar, deixamos aqui um agradecimento especial, como a nossa equipa foi recebida, e a disponibilidade que tivemos para recolher imagens, o nosso muito obrigado, e podem visitar o site onde podem encontrar mais informações e fazer reservas para visitas em: https://minasdarecheira.pt/   


 

Paul

 

O Paul, é o segundo local neste roteiro, a cerca de 20 quilómetros da Covilhã, o visitante pode descobrir as suas piscinas naturais e a cascata, são uns dos atrativos da terra, Situa-se na margem esquerda da ribeira da Caia, afluente do rio Zêzere que muito contribui para a fertilidade das suas terras.   


Apesar de ser recente como aglomerado populacional, a sua primeira referência vem de 1615, apresentando características que permitem concluir da presença humana na região desde há muitos séculos, referente à presença dos fenícios, gregos, romanos e árabes, com o património arqueológico conhecido da vila do Paul tem como herança a presença de um importante legado de instrumentos ligados à atividade da panificação e moagem tradicional.

O nome de Paul proveio de uns pauis, ou pântanos que se situavam junto ao povo, onde existiam prados. Este povo era um priorado real, estando livre de qualquer tributo, pensão ou senhorio, reconhecendo somente por senhor o muito alto e soberano Senhor Rei de Portugal, a quem somente pagava os seus tributos ou direitos, será um local a não perder, com uma boa visita, descobrindo coisas maravilhosas.


 

Museu do Queijo

 

Em Peraboa, a cerca de 14 quilómetros da Covilhã fica o Museu do Queijo, aqui pode conhecer a produção do queijo da Serra da Estrela, algo fascinante, o que se pode nesta pequena aldeia, este interessante Museu.


Aqui se contam as histórias das dóceis ovelhas, dos sábios pastores que habitam nas montanhas desde os primórdios, das rotas dos rebanhos através de Portugal e Espanha, no museu encontra-se um guia o qual é um anfitrião excelente, ao contar as histórias com um sentido de humor, tendo um conhecimento profundo, onde não falta a imensa hospitalidade, um local a não perder de visitar.


 

Museu dos Lanifícios

 

A cerca de um quilómetro do centro da Covilhã fica o Museu dos Lanifícios, junto à Universidade da Beira Interior, foi criado com a finalidade de salvaguardar a área das tinturarias da Real Fábrica de Panos, uma manufatura de Estado, fundada pelo Marquês de Pombal em 1764, integrada nas instalações da Universidade da Beira Interior e classificada como Imóvel de Interesse Público.


Criado com a missão a salvaguarda e a conservação ativa do património industrial têxtil, assim como a investigação e divulgação da tecnologia associadas ao processo de industrialização dos lanifícios, sendo um Museu de ciência e tecnologia, com os fios do passado e uma “conservação ativa” do património que possuem à sua guarda.

O Museu de Lanifícios é um museu polinucleado que integra os seguintes núcleos: o Núcleo da Real Fábrica de Panos que é focalizado no período da pré e proto industrialização dos lanifícios (séc. XVIII), Núcleo da Real Fábrica Veiga / Centro de Interpretação dos Lanifícios, com a sede do Museu desde 2004, com as valências de Núcleo Museológico da Industrialização dos Lanifícios (séculos. XIX e XX) e de Centro de Documentação/Arquivo Histórico dos Lanifícios, e Núcleo das Râmolas de Sol, um Núcleo ao ar livre constituído por um conjunto de râmolas de sol e um estendedouro de lãs.


 

As sugestões finais


Estas, as sugestões para um “Roteiro Cicloturistico” a realizar de bicicleta, numa viagem pela Cova da Beira, onde o ponto de saída é a Covilhã, a deslocação até esta zona poderá ser feita de automóvel, de comboio ou autocarro expresso, a sugestão será sua, a partir dai, a utilização da bicicleta como meio de deslocação, onde se podem encontrar locais maravilhosos, aqui a referência especial para as “Minas da Quinta da Recheira”, algo maravilhoso a não perder, não esquecendo o Paul, o Museu do Queijo ou o Museu dos Lanifícios.


Mas, onde poderá também saborear algumas iguarias gastronómicas, a gastronomia tem sempre por trás de si uma estrutura histórica, que caracteriza um determinado povo e a sua terra de origem, por isso uma rota gastronómica é sempre de ter em conta, onde pode degustar pratos típicos, como o Pastel de Molho, a Migas de Ovos, as Migas de Tomate, os Míscaros com Ovos, a Dobrada à Moda da Covilhã, o celebre Queijo da Serra da Estrela, o Queijo Amarelo da Beira Baixa, o Requeijão simples ou com Doce de Abóbora, os traicionais Enchidos da região, o Presunto, o Mel da Serra da Estrela, as Cherovias Fritas, entre outras.



Pode visualizar as fotos na nossa Galeria em:

 

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Venha descobrir a Beira-Baixa, venha descobrir a Cova da Beira, com boas e fortes pedaladas.


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