A época de 2025 de Mariana
Vargem pode ser descrita numa palavra. Ela escolhe: montanha-russa. Um ano de
altos e baixos, de curvas inesperadas, momentos de quase desistir e outros de
sentir que tudo fazia sentido outra vez.
A sensação de que as coisas
estavam realmente a correr bem não veio em 2025, mas no ano anterior, quando se
sagrou vice-campeã da Europa Sub-23. Esse momento serviu-lhe de bússola, de
lembrete de que o caminho certo existia e de que ela sabia percorrê-lo.
Mas como em qualquer
montanha-russa, houve quedas. A que mais ficou atravessada foi a Taça do Mundo
de Roma. Pela primeira vez, conseguiu sair com o grupo na natação e fez o
melhor parcial de corrida da época. Mas na bicicleta descolou e o resultado
fugiu. Ainda assim, ela própria reconhece: há provas difíceis que servem
precisamente para acender a vontade de treinar mais e voltar mais forte.
E se muita gente resolve
frustrações com um pastel de nata… a Mariana não. Não gosta. O que, de certa
forma, torna tudo ainda mais literal: quando a época treme, não há açúcar que
salve, só trabalho.
2025 foi, acima de tudo, um
ano de aprendizagens profundas. No passado, cada treino ou competição menos boa
era um drama; ficava nervosa, chateada e começou a perder o gosto pelo triatlo.
Agora, de volta à modalidade, trouxe uma nova filosofia: desfrutar. Nos dias
maus, perceber o que falhou, conversar com o treinador e seguir em frente. Uma
prova má é só isso: uma aprendizagem para a próxima ser melhor.
Depois da melhor prova da
época, a primeira mensagem foi para o Diogo Tomé, a pessoa que fica tão feliz
com os sucessos dela que até parece sentir cada chegada à meta. Entre vitórias
ou desastres, há sempre uma mensagem dele, por isso a dela também segue logo.
Se esta época tivesse banda
sonora, seria “Stop It”, de FISHER, não só pela batida, mas pelo verso que
parece ter sido escrito para ela: “Moving up and down, side to side, like a
rollercoaster”.
O momento mais divertido?
Quando começou a fazer rolos às cinco da manhã e a vizinha de baixo… chamou a
polícia. Um clássico da vida de atleta: treinar cedo, disciplinada, e de
repente a campainha toca por razões insólitas.
Também houve lágrimas. Em
Kielce, na Taça da Europa, cruzou a meta em 5.º lugar e chorou de raiva, por
ter perdido o pódio nos últimos 100 metros, e de felicidade, por finalmente
sentir que o treino estava a dar frutos após duas provas decepcionantes.
Quanto a snacks bizarros, a
Mariana não arrisca muito. Mas garante, com convicção, que a resposta da Maria
Tomé será “batatas de pacote com queijo da vaca que ri”. Às vezes, a melhor
parte é ver o caos alimentar dos outros.
Se pudesse trocar de corpo com
outro triatleta por um dia, seria com Lucy Charles, só para saber, uma vez na
vida, o que é nadar mesmo rápido.
E apesar de todas as emoções,
curvas e contracurvas da época, não houve um gesto específico que a tenha
marcado. Talvez porque esta montanha-russa de 2025 foi, antes de tudo, interna:
uma viagem de autoconhecimento, resiliência e crescimento.
No fim de contas, foi um ano
que a puxou para cima e para baixo, lado a lado, tal diz a música. Mas quando a
montanha-russa abrandou, a Mariana estava mais forte, mais madura e com mais
vontade de continuar a subir.
Texto
elaborado com base num questionário com as seguintes perguntas:
1 Como descreves esta época
numa palavra?
2. Qual foi o momento em que
pensaste: “Ok, isto está mesmo a correr bem”?
3. E o momento em que só te
apetecia largar tudo e ir comer um pastel de nata?
4. Há alguma prova que tenha
ficado atravessada, aquela que ainda hoje pensas “eu merecia mais ali”?
5.O que é que mais aprendeste
sobre ti nesta época?
6. Quem foi o primeiro a
receber uma mensagem depois da melhor prova da época?
7. Se a tua época tivesse uma
banda sonora, que música seria?
8. Qual foi o momento mais
divertido da época, dentro ou fora da competição?
9. E aquele momento em que
quase choraste (de raiva, cansaço ou alegria)?
10. Qual foi o snack mais
bizarro que comeste, este ano, antes ou depois de competir?
11. Se pudesses trocar de
corpo com outro triatleta por um dia, quem escolhias e porquê?
12. Há alguma pessoa ou gesto
que te tenha tocado particularmente durante a época?
Fonte: Federação Triatlo
Portugal