Texto e fotos: José
Morais
Voltamos
novamente esta semana a Lisboa, desta vez no Lumiar, para acompanhamos o 18º
passeio de cicloturismo, organizado pela Associação Recreativa Pescadores da
Musgueira Norte, um evento do calendário oficial da Federação Portuguesa de
Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB), que contou com os apoios da
Junta de Freguesia do Lumiar e Câmara Municipal de Lisboa.
Com cerca de 55
quilómetros para percorrer, a concentração ocorreu pelas 8 horas junto às
instalações da Junta de Freguesia do Lumiar, sendo dada a partida cerca das
9,15, com os participantes a entrarem pela Alameda das Linhas de Torres, Av.
Rainha D. Amélia, Telheiras, Av. Padre Cruz, Campo Grande, Entre Campos, Campo
Pequeno, Saldanha, Marques de Pombal, Rato, Estrela, Av., Infante Santo, Av.
Brasília, Belém, e Algés, onde junto à Doca Pesca foi tempo de paragem, e
abastecimento liquido e sólido.
Retomadas as pedaladas,
fez agora o inverso, percorrendo o mesmo trajeto até Alcântara, seguindo-se
pelo Cais do Sodré, Terreiro do Paço, Av. Infante D. Henrique, Av. Marechal
Gomes da Costa, Rotunda do Relógio, Av. do Brasil, Campo Grande, Alta de
Lisboa, Estrada da Torre, Alameda da Linhas de Torres, e Quinta da Conchas,
onde o evento terminou, cerca das 12,45 no magnífico espaço verde que os
lisboetas possuem ali á sua disposição.
O postal ilustrado do
passeio:
Numa manhã que prometia
ser de muito calor, já que o mesmo se fez sentir logo pela manhã, o sol
manteve-se encoberto parte do percurso, mas com uma aragem bem quente, depois o
mesmo apareceu em força, o que as temperaturas ultrapassaram os 30 graus, e no
final a baterem os 36, não foi motivo de desanimação dos participantes, que
pedalaram a bom ritmo, com um pelotão quase sempre compacto, já que a
velocidade mantida era de passeio e não de corrida, já de que isso não se
tratava, o que satisfez as várias centenas de participantes que participaram
nesta pedalada por Lisboa.
Foi um belo passeio,
apenas uma queda marcou o mesmo, um elemento dos Águias do Boavista, que tocou
num lancil, e acabou por cair, tendo de ser transportado ao hospital, mas sem
nada de grave, descuidos que muitas vezes terminam em acidentes. De referenciar
ainda, o excelente trabalho feito pela PSP-Trânsito, um trabalho de louvar, e
da organização que tentou dar o seu melhor, sabendo receber na sua terra,
tentado dirigir o passeio o melhor possível num trajeto de dificuldade,
baixa/média, e terminando com um grande almoço convívio, onde não faltaram no
final as tradicionais lembranças alusivas ao mesmo.
E em final de
reportagem, nada melhor do que fazer uma referência à origem de um bairro em
tempos visto com receio, um bairro muito problemático, onde infelizmente nem
todos se podem colocar no mesmo saco, existiam os problemáticos, mas onde
também existiam pessoas corretas, pessoas de bem, com os votos de bons passeios
boas pedaladas, aqui fica e história da Musgueira.
Musgueira, atualmente
inserido no novo bairro da Alta de Lisboa, pertence ao Lumiar, uma freguesia
com muita história, muita tradição, e para quem não conhece um pouco desta
freguesia do Lumiar, aqui ficam alguns pontos da mesma, foi criada em 2 de
abril de 1266. Em 1312, D. Dinis efetua a partilha dos bens do Conde de
Barcelos, ficando para D. Afonso Sanches, seu filho bastardo e genro do Conde,
uma quinta e casa de Campo no Lumiar, a que se passou a chamar Paços do Infante
D. Afonso Sanches. No reinado de D. Afonso IV, esta residência nobre adquire a
designação de Paço do Lumiar, a qual ainda hoje se mantém.
No início do séc.
XVIII, era definido o Lumiar como “um sítio de nobres quintas, olivais e
vinhas”, sendo os principais frutos da terra o vinho, o trigo, a cevada e o
azeite. Em meados do séc. XIX, realizavam-se no Lumiar três feiras anuais
(Fevereiro, Junho e Agosto), todas muito concorridas, especialmente a de Santa
Brígida, em que havia romaria e bênção do gado. De 1852 a 1886, esta freguesia
esteve integrada no concelho dos Olivais, sendo finalmente incorporada no
território da Cidade de Lisboa, em 18 de julho de 1885, desde os princípios do
séc. XIX que a população da freguesia tem tido progressivo aumento.
No séc. XX, assiste-se na freguesia a um forte
aumento populacional – 2.840 habitantes em 1900 para mais de 30.000 em 2000,
tendo a antiga aldeia perdido, nas últimas décadas, quase definitivamente as
suas características, com os diversos parques habitacionais. A grande aposta atual
é o bairro da Alta de Lisboa. Foi inaugurado, no dia 10 de Outubro de 2007, o
último troço do eixo norte-sul, facilitando o trânsito de toda a capital
portuguesa, a freguesia do Lumiar é servida pelo parque recreativo Quinta das
Conchas e dos Lilases.
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