Por: Miguel Marques
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A Milan-Sanremo foi o grande
foco de atenção ao longo da última semana e, no fim de semana, confirmou-se
como um enorme sucesso. Para além de um espetáculo de altíssimo nível, a
corrida ficou marcada por um duelo memorável entre três lendas do ciclismo e
por um facto histórico: pela primeira vez em quase 30 anos, a decisão surgiu na
Cipressa, com um ataque de longa distância. A exibição de Tadej Pogacar foi
particularmente elogiada, com Lance Armstrong a destacar a forma como a
presença do esloveno transforma por completo qualquer corrida.
"Havia uma grande
expectativa de que ele pudesse finalmente vencer a Milan-Sanremo e, para isso,
precisava de uma grande equipa – que é exatamente o que tem", afirmou
Armstrong no podcast The Move. "Ainda assim, achei que a UAE Team Emirates
- XRG não esteve no seu melhor hoje".
A preparação para a corrida
foi intensa, com meses de antecipação em torno de um possível ataque na
Cipressa. A equipa levou um plantel de luxo para apoiar Pogacar e, na estrada,
o plano esteve muito perto de funcionar na perfeição.
"Não era segredo. Já no
ano passado disseram que queriam fazer a Cipressa em menos de nove
minutos", recordou Johan Bruyneel. "Não sei qual foi o tempo exato,
mas havia sempre a questão: mesmo que consigam, será que terão uma grande
vantagem ou poderão ser apanhados entre a Cipressa e o Poggio? A verdade é que
estes tipos já não correm segundo as regras tradicionais do ciclismo. Fazem as
coisas à sua maneira e funciona".
A tendência para ataques de
longa distância tem vindo a crescer no ciclismo moderno e, muitas vezes,
revela-se eficaz. Pogacar já o demonstrou em várias ocasiões e, desta vez,
apenas Mathieu van der Poel – um corredor de talento excecional – conseguiu segui-lo
tanto na Cipressa como no Poggio. Caso o neerlandês não estivesse presente, o
plano da UAE poderia ter resultado, garantindo ao esloveno o quarto Monumento
diferente da carreira.
"Ter um corredor como
Pogacar muda completamente as clássicas", continuou Bruyneel. "Com a
sua força, a capacidade de atacar, recuperar e voltar a atacar, e a sua
resiliência mental... Acrescenta um novo elemento a estas corridas. É uma abordagem
totalmente diferente, algo que nenhuma outra clássica da primavera ou Monumento
tem visto".
Apesar disso, Armstrong
destacou que, no final do dia, quem mais o impressionou foi o próprio vencedor
da corrida, Mathieu van der Poel. "Não sei se repararam, mas quando o Pogi
atacou e o Ganna já estava a quebrar, o Van der Poel parecia estar completamente
à vontade. Viram a cara dele? Parecia que tinha tudo sob controlo".
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