Sofia Gomes será a dorsal
número 1 e atesta progressos na modalidade, um dos exemplos de jovens talentos
a dar cartas lá fora é Sofia Gomes, que, aos 18 anos, é a
'herdeira' do dorsal número um para a
segunda edição.
Por: Lusa
Foto: João Fonseca
A Volta a Portugal feminina,
cuja segunda edição vai para a estrada de quinta-feira a domingo, ajudou a
lançar atletas para o estrangeiro, trouxe renovada dedicação ao ciclismo a
outras e conduziu a uma subida de nível do pelotão.
A Lusa ouviu várias ciclistas
que foram de uma ou outra forma 'marcadas'
pela edição pioneira da Volta, defendendo todas elas que a corrida é importante
para a evolução do nível do ciclismo feminino no país. "É óbvio que eu fiquei muito feliz, não só pela
minha vitória, mas pelo facto de estarmos na primeira edição, e ser possível
realizar esta Volta a Portugal. Isso teve resultados ótimos na minha carreira,
porque depois disso, e de tudo o resto que fiz em 2021, que foi quase um ano
perfeito, assinei contrato com uma equipa profissional",
explica Raquel Queirós.
A atleta olímpica estreou-se
nos Jogos em Tóquio2020, no 'cross country',
no mesmo ano em que, pouco depois, venceu a primeira edição da Volta a
Portugal, acabando por 'saltar' para a MMR Factory Racing, de Espanha. "A Volta a Portugal ajudou muito a outras equipas
verem e mostrar que não sou apenas uma atleta válida no ciclocrosse, mas também
na estrada", resume.
Quanto à segunda edição, em
que estará ausente, espera "que corra
melhor do que a primeira" e que o público "saia ainda mais à rua para aplaudir",
desta feita com um prólogo e três etapas a ligar Loures a Anadia de
quinta-feira a domingo.
"E,
obviamente, espero que ganhe uma portuguesa. Se é a Volta a Portugal, e com
tanto talento que temos, acho que era bonito. [...] O ano passado foi o
primeiro ano que vimos sair tantas atletas portuguesas para boas equipas. Já
tínhamos a 'Tata' [Maria Martins, outra ciclista olímpica], a Daniela Campos e
mais algumas, mas estas jovens têm talento, trabalham muito. E há muitas
mais", atira.
A pensar em pontos para voltar
aos Jogos Olímpicos em Paris2024, bem como num 'top
5' em Taças do Mundo, no seu
último ano de sub-23, Raquel Queirós verá de fora talentos como Mariana Líbano
(Velo Performance), outra 'híbrida'
entre estrada e ciclocrosse, competirem num "palco
muito bom para mostrarem o que valem".
Um dos exemplos de jovens
talentos a dar cartas lá fora é Sofia Gomes, que, aos 18 anos, é a 'herdeira' do dorsal número um para a
segunda edição, depois de em 2021 ter sido segunda na geral final, vencendo a
juventude.
A estudante de Farmácia
Biomédica em Coimbra, onde vive, explica à Lusa que a mudança de equipa, para a
espanhola Massi Tactic, a coloca "noutro
nível", a de equipa continental UCI. "Tenho outro encargo dentro da equipa, que pode
basear-se em trabalhar para uma outra colega ou obter um resultado específico.
Isso ainda é uma incógnita", comenta.
Mesmo que "a nível pessoal" não se
importasse de disputar a vitória final, e "principalmente
a juventude, porque é um objetivo mais realista", a equipa
poderá colocá-la noutras funções.
Da primeira Volta, agradece "o rendimento" que ganhou "em
termos de forma física e experiência", a que se seguiram
bons resultados em Europeus e Mundiais jovens.
Agora, tem visto um "processo que demora, progressivo",
mas a colocação de atletas no estrangeiro mostra que o país "está a evoluir cada vez mais" no ciclismo feminino, o que também se vê "nos escalões de juniores e cadetes".
"As
gerações começam a melhorar, no futuro teremos mais atletas no estrangeiro, e
trará melhor nível para Portugal. A realização da Volta, e [o facto de] este
ano ter mais cidades, mais equipas estrangeiras, também é um passo enorme",
considera.
A ainda jovem carreira tem
tido em 2022 um capítulo de "desafio",
ao trabalhar para atletas mais experientes em corridas como a Volta ao País
Basco e outras em Espanha, com a equipa a dar-lhe oportunidades que lhe
permitem "aprender e fazer algum
trabalho".
Com os Europeus na mira, até
porque são precisamente na cidade de Anadia onde termina a Volta, não enjeita
também os Nacionais, uma semana depois desta corrida.
A edição pioneira teve um
impacto diferente em Vera Vilaça, já mais 'experiente',
mesmo que nascida em 1998, mas no triatlo, a modalidade em que acolheu sonhos
olímpicos até 2021.
Aí, foi quarta classificada na
Volta, e esse resultado "foi um fator importante" na decisão de apostar, a 'full time', só no ciclismo a partir de
2022.
"Apercebi-me
que, para além de me dar bem nestas provas, era algo que me dava muito gosto.
Desde o início do ano que me comecei a focar no treino de ciclismo, [a Volta] é
o meu principal objetivo, foi para isso que estive a trabalhar",
afirma à Lusa.
Na segunda edição, espera uma
corrida "mais disputada do que no ano
passado", querendo este ano chegar à amarela no seio de
nova equipa, a Velo Performance, que conta também com Mariana Líbano e a
britânica Lucy O'Donnell, parte do 'esforço'
vencedor de Raquel Queirós.
"Esta
Volta vai ter mais participantes e sinto que estamos num momento de crescimento
exponencial do número de participantes e do nível do ciclismo feminino",
acrescenta.
A segunda edição da Volta a
Portugal feminina regressa de quinta-feira a domingo com um prólogo seguido de
três etapas, ligando Loures a Anadia ao longo de 273,4 quilómetros.
Fonte: Record on-line