O triatlo tem histórias únicas
de resiliência. São essas narrativas que queremos desenvolver, daqui para a
frente, num espaço editorial a que vamos dar o nome de: “O triatlo mudou a
minha vida”.
A história de João Lopes é a
primeira que iremos contar. Aos 48 anos, a vida levou-o a enfrentar uma das
provas mais duras de sempre: um transplante de medula, depois de lhe ser
diagnosticada uma aplasia medular severa em dezembro de 2016, consequência de
uma hepatite autoimune. Após um tratamento sem sucesso, seguiu-se, um ano
depois, o transplante.
“A minha medula deixou de
produzir células. Foi preciso transplantar. Esse foi o meu grande desafio antes
de qualquer linha de partida”, confessa,
Antes desta nova realidade que
foi obrigado e enfrentar, João era ciclista amador, tanto em estrada como em
BTT, e participava regularmente em corridas de 10 km. O triatlo ainda não fazia
parte da sua vida. Mas em 2022 tudo mudou, ao apoiar o amigo transplantado
Christian Bayon na prova de São Martinho do Porto: “Ao almoço, ele lançou-me o
desafio: ir aos Jogos Mundiais de Transplantados em Perth. Aceitei. Fiz logo o
Triatlo de Sesimbra e o da Quinta do Lago. Estava dentro!”
Com apenas dois triatlos
sprint no currículo, João cumpriu o requisito para alinhar em Perth, na
Austrália, em abril de 2023. A estreia internacional trouxe-lhe um 6.º lugar no
escalão 50-59 anos.
Seguiram-se os Jogos Europeus,
em Lisboa (2024), onde arrecadou bronze no triatlo virtual (com os segmentos
disputados separadamente). Mais recentemente, em Dresden, nos Jogos Mundiais,
alcançou o 4.º lugar no triatlo, a apenas um passo do pódio. Pelo caminho, foi
somando várias participações em provas nacionais, consolidando o gosto pela
modalidade.
Para João Lopes, cada
competição tem um significado que vai muito além do resultado:
“O desporto para
transplantados é uma excelente forma de nos mantermos saudáveis e cuidarmos do
nosso transplante. Temos limitações, claro, mas o exercício é sempre benéfico.”
A experiência dos Jogos
Mundiais impressionou-o particularmente:
“Em Dresden éramos cerca de
1800 atletas. É uma família enorme. Revemo-nos, celebramos a vida e construímos
amizades fantásticas. Mais do que competir, é a prova de que estamos vivos.”
A história completa da sua
doença e da primeira participação pode ser lida no artigo “Medalha de prata,
medula de ouro”, publicado em TopCycling.pt.
Se conheceres alguma história
que se enquadre no espaço “O triatlo mudou a minha vida”, envia informação para
comunicacao@federacao-triatlo.pt
Fonte: Federação Triatlo
Portugal