Ninguém teria apostado neste desfecho: em Tavira, palco de incontáveis chegadas ao sprint, foi o camisola amarela a impor-se, depois de ‘fugir’ ao pelotão, à passagem da meta volante
Por: Lusa
Foto: AFP or licensors
Magnus Cort descobriu noutros
cinco pretendentes à geral os companheiros ideais para “o contrarrelógio por equipas perfeito” e surpreendeu o pelotão, ‘bisando’ na
chegada a Tavira e reforçando a liderança da geral da Volta ao Algarve em
bicicleta.
Ninguém teria apostado neste
desfecho: em Tavira, palco de incontáveis chegadas ao sprint, foi o camisola
amarela a impor-se, depois de ‘fugir’ ao pelotão, à passagem da meta volante, na
companhia de Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty), Valentin Madouas
(Groupama-FDJ), Tobias Foss (Jumbo-Visma) e dos INEOS Filippo Ganna e Thomas
Pidcock, e de insistir na ousadia no momento em que os sprinters se preparavam
para absorver os seis improváveis fugitivos.
“Foi um
grande grupo com o qual percorri os últimos 25 quilómetros, foi como o
contrarrelógio por equipas perfeito”, descreveu o corredor
dinamarquês da EF Education-EasyPost antes de subir ao pódio, para festejar a
segunda vitória consecutiva na 49.ª ‘Algarvia’ e a reforçada liderança da geral, que agora
comanda com 18 segundos de vantagem sobre Rui Costa e 20 sobre o belga Ilan van
Wilder (Soudal Quick-Step), que desceu ao terceiro lugar.
Numa terceira etapa demasiado
longa e sem história, e na qual a chegada ao sprint era o final previsível,
Cort e companhia resolveram ‘agitar’ a corrida: a INEOS lançou os seus homens em busca
das bonificações da meta volante, provocando involuntariamente um corte no
pelotão, que foi rapidamente aproveitado pelos seis para tentarem distanciar os
restantes candidatos à vitória final.
A estratégia acabou por não
resultar (novamente) para a formação britânica, mas serviu na perfeição ao
dinamarquês, que, ao entrar na frente na viragem a 300 metros, resolveu
continuar sendo prontamente acompanhado por Ganna, com o duo a superiorizar-se
aos sprinters Jordi Reeus (BORA-hansgrohe) foi aquele que mais se aproximou,
sendo terceiro com as mesmas 5:05.14 horas dos dois primeiros.
Os candidatos acabaram por
chegar todos com o mesmo tempo, sendo as bonificações as responsáveis pelo
aumento da diferença do camisola amarela, que só hoje amealhou 13 segundos,
para os pretendentes a destroná-lo.
Com 203,1 quilómetros para
percorrer na tirada mais longa da 49.ª edição, foram vários os ciclistas que se
lançaram à aventura desde as primeiras pedaladas, com Aleksandr Grigorev
(Efapel), Fábio Costa (Glassdrive-Q8-Anicolor), Guillermo García (Rádio
Popular-Paredes-Boavista), Daniel Viegas (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho),
Pedro Andrade (ABTF -Feirense) e Gonçalo Amado (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua)
a unirem-se na frente ainda não estavam decorridos 20 quilómetros.
As equipas nacionais,
‘resignadas’ ao papel de animadoras da corrida, tentaram a sua sorte nas fugas,
com a conivência da Soudal Quick-Step e da EF Education-EasyPost, que
permitiram que os fugitivos ganhassem uma vantagem estabilizada nos três
minutos.
O pelotão, onde já não estava
Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), o vencedor da Volta a Portugal, que
seguiu o exemplo do seu ‘vice’ e colega, Frederico Figueiredo, e abandonou a
prova depois de ter caído nas primeira e segunda etapas, controlou à distância
a fuga, permitindo-se até diminuir o ritmo de perseguição para ‘adiar’ a
absorção dos escapados.
Desgastados pelos inúmeros
quilómetros em fuga, os homens da frente foram cedendo, cabendo a Fábio Costa a
‘honra’ de ser o último resistente foi apanhado a 30 quilómetros da
meta e eleito o mais combativo.
O ‘timing’ foi
perfeito para que os candidatos à geral discutissem entre si os segundos de
bonificação atribuídos na meta volante de Vila Real de Santo António, situada a
24,6 quilómetros da chegada, com Cort a impor-se a Costa e a Pidcock.
A aceleração feita pela INEOS
para a meta volante foi tão forte que provocou um corte no pelotão, deixando
esse trio na frente, na companhia de Foss, Madouas, e da ‘máquina’ Filippo
Ganna.
Apanhados desprevenidos pela
movimentação da formação britânica, os homens da Soudal Quick-Step, de Ilan van
Wilder, mas também do sprinter Fabio Jakobsen, hesitaram antes de se lançarem
na perseguição, permitindo que o sexteto conquistasse uma margem de 20
segundos.
Sem nada a perder, os
ciclistas da dianteira revezaram-se para afastar os outros candidatos,
nomeadamente Jai Hindley (BORA-hansgrohe) e João Almeida (UAE Emirates), que,
sem equipa para perseguir, se limitou a seguir na roda de outros e a salvar o
dia graças ao trabalho da Soudal Quick-Step e da BORA-hansgrohe, embora seja
10.ª na geral, já a 28 segundos de Cort.
Depois da inesperada
‘animação’ na terceira etapa, espera-se que no sábado os ataques se
multipliquem na subida ao Malhão, onde os ciclistas vão chegar após 177,9
quilómetros, com início em Albufeira e cinco contagens de montanha, as últimas
duas precisamente no ponto mais alto de Loulé, que o pelotão vai escalar duas
vezes.
Fonte: Sapo on-line