segunda-feira, 17 de novembro de 2025

"Sem comentários" - Pode Remco Evenepoel tentar o Recorde da Hora ao serviço da Red Bull com uma ajuda de peso a seu lado?”


Por: Miguel Marques

No Rouleur Live, marcaram presença várias figuras de peso do ciclismo e partilharam opiniões sobre temas relevantes. Dan Bigham, especialista em aerodinâmica e membro do staff da Red Bull - BORA - Hansgrohe, vai trabalhar com Remco Evenepoel e foi questionado diretamente sobre a possibilidade de o campeão olímpico, mundial e europeu de contrarrelógio tentar o Recorde da Hora. A resposta foi ambígua.

"Falar com a equipa sobre o Recorde da Hora mundial é uma pergunta muito orientada. Sem comentários", disse Bigham, entre risos, em entrevista à TNT Sports. "Com o Remco, sem comentários". Naturalmente, ainda não há decisão sobre o tema. Mas no início do verão, em entrevista ao L'Équipe, Evenepoel abriu a porta à possibilidade:

"Sim, gostaria de o fazer, mas tenho de esperar mais alguns anos. Acho que é perfeitamente possível para mim bater o atual recorde da hora". Patrick Evenepoel, em setembro, apontou no mesmo sentido: "Ainda não falámos diretamente sobre isso, mas acho que um dia lhe poderá interessar. É exatamente o tipo de desafio que o deve atrair".

O atual Recorde da Hora pertence a Filippo Ganna, da INEOS Grenadiers, que fixou uma marca impressionante de 56,792 quilómetros em 1 hora. Um contrarrelogista de potência e experiente pistard, é um corredor que talvez ninguém no pelotão atual consiga superar. O próprio Bigham deteve o recorde antes de Ganna, com 55,548 quilómetros, enquanto trabalhava na estrutura da INEOS Grenadiers. Assim, combinando a competência de Bigham com as capacidades de contrarrelógio de Evenepoel, pode desenhar-se uma dupla perfeita para o belga atacar a marca.

"Acho que o Remco vai tentar o Recorde da Hora no futuro? Sinto que isto vai ficar espalhado pela internet", voltou a rir-se. "Sim, tenho a certeza de que vai tentar. Pode batê-lo? Claro que pode, veremos".

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/sem-comentarios-pode-remco-evenepoel-tentar-o-recorde-da-hora-ao-servico-da-red-bull-com-uma-ajuda-de-peso-a-seu-lado

“Pressão financeira cresce, mas ASO trava a ideia de zonas pagas na Volta a França: "A cobrança de bilhetes está absolutamente fora de questão"


Por: Miguel Marques

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O debate sobre o futuro financeiro do ciclismo profissional adensou-se, com o organizador da Volta a França, a ASO, a afastar publicamente o acesso pago à beira da estrada, apesar de vozes influentes alertarem que o atual modelo económico do World Tour se torna cada vez mais difícil de sustentar.

Preocupações já tinham sido levantadas, entre outros, por Valerio Piva, da Team Jayco AlUla, e pelo antigo chefe da Decathlon AG2R LA Mondiale Team, Vincent Lavenu, que descrevem um sistema em que a diferença entre as estruturas mais fortes e as mais vulneráveis aumenta ano após ano, alimentada pelo facto de "o ciclismo não beneficiar dos direitos televisivos, nem da bilhética". Com "quatro a cinco grandes equipas" a vencerem a maioria das corridas enquanto outras "ficam com as migalhas", ambos foram claros: o pelotão tem de enfrentar a questão de como gerar novas receitas se quiser proteger corredores, staff e a estabilidade a longo prazo.

Foi nesse contexto mais amplo que o antigo profissional e ex-diretor da B&B Hotels, Jerome Pineau, sugeriu que zonas controladas e pagas em subidas como o Alpe d’Huez poderiam integrar uma solução futura, argumentando que "torna-se possível cobrar uma entrada" se a área for delimitada e gerida.

A proposta, contudo, encontrou resistência imediata entre quem defende que a reforma comercial não deve ocorrer à custa da identidade que define o ciclismo.

 

ASO fecha a porta: "O ciclismo é por definição gratuito"

 

A ASO respondeu agora de forma direta, assumindo a posição pública mais definida até à data. Em declarações ao La Derniere Heure, o diretor-adjunto de ciclismo, Pierre-Yves Thouault, sublinhou que a cultura de acesso livre do desporto não é algo que a organização esteja disposta a sacrificar.

"O ciclismo é por definição gratuito. A introdução de vendas de bilhetes está absolutamente fora de questão".

Esta posição aproxima-se da de Lavenu, que alertou que "retirar o acesso gratuito não parece uma boa ideia", ainda que reconheça a necessidade de um debate estrutural alargado. Ecoa também as palavras do presidente da UCI, David Lappartient, que avisou que a reação seria imediata e forte, notando que "se tentarem cobrar para ver o Tour, enfrentarão uma enorme resistência".

 

Pressão financeira vs proteção cultural

 

Esta última resposta evidencia a clivagem central do debate: os dirigentes de equipas focam-se na sustentabilidade, enquanto os organizadores privilegiam a acessibilidade. Nenhuma posição é irrazoável, mas, por agora, puxam em sentidos opostos. A tensão é evidente, o ciclismo precisa de receitas novas, fiáveis e equitativas, mas a experiência de beira da estrada continua a ser uma das suas tradições intocáveis.

Para já, a mensagem da ASO é inequívoca, mas as preocupações levantadas por Piva e Lavenu não desapareceram. A questão já não é saber se o ciclismo valoriza a sua identidade de acesso livre, isso parece claro, mas como o desporto encontra um modelo económico moderno que não a ponha em risco.

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/pressao-financeira-cresce-mas-aso-trava-a-ideia-de-zonas-pagas-na-volta-a-franca-a-cobranca-de-bilhetes-esta-absolutamente-fora-de-questao

“Campeã paralímpica de ciclismo morre aos 28 anos após "episódio médico inesperado"


Por: Miguel Marques

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A campeã paralímpica australiana de ciclismo Paige Greco faleceu aos 28 anos na sequência do que a família descreveu como um episódio médico inesperado em sua casa, em Adelaide, no domingo. A notícia foi formalmente anunciada num comunicado divulgado pela AusCycling.

Greco, uma das figuras marcantes do movimento paralímpico moderno da Austrália, ganhou projeção internacional nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, onde conquistou a primeira medalha do país com o ouro na perseguição individual de 3000 metros (C1-C3), estabelecendo um novo recorde do mundo, antes de somar mais duas medalhas de bronze nas provas de estrada. As suas conquistas foram oficialmente reconhecidas em 2022 com a atribuição da Medal of the Order of Australia.

A família de Greco descreveu-a como o “coração da casa”, sublinhando a sua determinação, bondade e o impacto que teve em quem a rodeava, agradecendo também as mensagens de apoio recebidas. A Paralympics Australia e a AusCycling prestaram igualmente tributo, com responsáveis de ambas as organizações a reconhecerem o legado inspirador que deixa dentro e fora da bicicleta.

Antes de se dedicar plenamente ao paraciclismo, Greco competiu no para-atletismo e tentou qualificar-se para os Jogos Paralímpicos do Rio 2016. Embora tenha ficado muito perto, a contrariedade levou-a a mudar-se para Adelaide, onde treinou no South Australian Sports Institute enquanto concluía estudos universitários em ciências do desporto.

 

Uma carreira que moldou uma nova era no para-desporto australiano

 

Greco estreou-se internacionalmente no paraciclismo em 2019 e rapidamente se afirmou como multimedalhada mundial e recordista, tanto em pista como na estrada. Em 2025, acrescentou mais duas medalhas de bronze, uma na Taça do Mundo e outra no Campeonato do Mundo de Estrada, ambos realizados na Bélgica.

Paige Greco deixa um legado definido pela excelência, resiliência, humildade e por uma influência que vai muito além das medalhas. Que descanse em paz.

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/outros/campea-paralimpica-de-ciclismo-morre-aos-28-anos-apos-episodio-medico-inesperado

“Fundação Tadej Pogacar atribui 35 bolsas a estudantes com cancro”


Por: Ivan Silva

Tadej Pogacar é, neste momento, o ciclista mais completo e dominante do mundo. Em competição, o esloveno tem uma capacidade praticamente inigualável, mas fora da bicicleta continua a revelar a mesma grandeza. O bicampeão mundial é presença frequente em iniciativas de solidariedade e mantém uma fundação própria que acaba de ganhar destaque por um gesto particularmente marcante.

A Fundação Tadej Pogacar atribuiu recentemente 35 bolsas de estudo destinadas a estudantes que enfrentam ou enfrentaram tratamentos oncológicos. O ciclista da UAE Team Emirates XRG fez questão de reforçar que a decisão não foi fácil, já que, como admitiu em declarações citadas pelo Siol, era “difícil ter de recusar alguém”.

“Gostaria de vos felicitar por enfrentarem corajosamente uma doença que não vos tirou a fé na vida, mas que vos ajudou a tornarem se uma melhor versão de vós próprios. Poderia dizer que nas vossas cartas respiram o lema de Tadej: ‘Nunca desistam e nunca se entreguem’”, afirmou Marjeta Pogacar, membro da comissão responsável pela avaliação das candidaturas.

O valor destas 35 bolsas foi financiado através do “Pogi Challenge”, a corrida de exibição organizada por Pogacar no final da época de 2025, que, logo na primeira edição, conseguiu angariar 94 mil euros.

 

As palavras de um estudante bolseiro

 

O impacto da iniciativa vai além do apoio financeiro. Manca, um dos estudantes selecionados, sublinhou a importância emocional do gesto. “Para além do apoio financeiro, o significado simbólico da bolsa é também muito importante para mim. Durante o tratamento, quando estive no hospital durante muito tempo, costumava ver Tadej Pogacar na televisão a perseverar durante horas e horas na bicicleta. Isso deu me força para não desistir e continuar a lutar.”

A associação Junaki 3. nadstropja (Heróis do Terceiro Andar) foi igualmente determinante no desenvolvimento do projeto. Este é já o segundo esforço conjunto entre a fundação de Pogacar e a associação em 2025, depois da entrega de um kit de reabilitação no valor de nove mil euros ao departamento clínico de hematologia e oncologia infantil da Clínica Pediátrica UKC, em Liubliana.

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/fundacao-tadej-pogacar-atribui-35-bolsas-a-estudantes-com-cancro

"Será a melhor edição de sempre": Figueira Champions Classic quer bater recorde e Aveiro Region em risco de não ir para a estrada”


Por: Miguel Marques

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A próxima edição da Figueira Champions Classic / Casino Figueira, organizada pela Câmara da Figueira da Foz, está marcada para o dia 14 de fevereiro do próximo ano. Já que é concomitante com o período de Carnaval, a prova principal será disputada no sábado, enquanto a Champions Day ficará reservada para a manhã de domingo.

Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, o diretor da corrida, Carlos Pereira, mostrou-se convicto de que a quarta edição elevará ainda mais o nível da competição.

"Será a melhor edição de sempre, em termos desportivos e logísticos. Está muito perto das 50 melhores provas do mundo. E com o leque de equipas que vai ter em 2026, subirá bastante no ranking da União Ciclista Internacional [UCI]", vincou. Recordamos que, em 2026, a corrida continuará a pertencer ao circuito Pro Series, o segundo mais importante no ciclismo de estrada.

O responsável salientou igualmente que "o sucesso da prova não é de ninguém, é da Figueira da Foz", reforçando logo depois: "Houve três edições e os vencedores foram sempre os mesmos: o presidente da Câmara da Figueira da Foz (Pedro Santana Lopes) e as freguesias".

De acordo com Carlos Pereira, já há nove equipas World Tour confirmadas. "Falta uma para chegarmos ao número do ano passado. Penso que vamos conseguir mais uma ou duas equipas. Vamos tentar que a Figueira da Foz tenha 11 equipas World Tour", assinalou.

Se esse objetivo for alcançado, a Figueira Champions Classic / Casino Figueira poderá contar com 25 equipas à partida, um número recorde. O diretor admite, contudo, que isso pode implicar constrangimentos: "Vamos bater o recorde das equipas, ter 25 equipas. Mas poderemos vir a ter um problema: não conseguirmos meter todas as equipas portuguesas. Ainda não é certo que fiquem de fora pelo menos três", alertou.

Como existem nove formações nacionais, caso não haja espaço para todas, o processo passará pela escolha das melhor posicionadas no ranking interno.

 

O mesmo percurso

 

Carlos Pereira revelou ainda ao DIÁRIO AS BEIRAS que o traçado da edição de 2026 será idêntico ao utilizado em 2025, que contemplou 192km, com um desnível positivo acumulado de 2000 metros.

Tal como nas três edições anteriores, a corrida voltará a ligar diferentes freguesias do concelho, que este ano aumentaram para 17 no total.

O dirigente confirmou também que o evento continuará a ser transmitido pela Eurosport e pela Sport TV, tal como vem acontecendo desde o arranque da prova.

A Figueira Champions Classic / Casino Figueira tem reunido, ano após ano, alguns dos nomes mais fortes do ciclismo internacional, tanto ao nível de equipas como de corredores. A lista de vencedores inclui nomes ilustres como o de Remco Evenepoel (2024) e António Morgado (2025), além de outros que figuraram no pódio final, como Paul Magnier e Simone Velasco.

 

Aveiro em dúvida

 

Carlos Pereira tem igualmente prevista, para 8 de fevereiro, a estreia da Aveiro Region Champions Classic. No entanto, a realização da prova está em risco. O empresário explicou ao jornal que o evento poderá não avançar, sublinhando que a nova direção da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, principal entidade parceira, tomou posse recentemente, deixando a organização em suspenso.

Caso a corrida se concretize, garantiu Carlos Pereira, "não prejudicará a imagem da Figueira da Foz: antes pelo contrário. Aquela terá duas equipas do World tour e esta deverá ter 11", destacou. E finalizou: "Neste momento, o meu foco é a Figueira Champions Classic / Casino Figueira".

Pode visualizar este artigo em: https://ciclismoatual.com/ciclismo/sera-a-melhor-edicao-de-sempre-figueira-champions-classic-quer-bater-recorde-e-aveiro-region-em-risco-de-nao-ir-para-a-estrada

"Quando me disseram que eu não tinha furado, percebi que algo de muito errado existia ali..." Entrevista a João Medeiros, ciclista revelação no pelotão nacional em 2025”


Por: Miguel Marques

Foto: Correio dos Açores, Federação Portuguesa de Ciclismo

Em parceria com: https://ciclismoatual.com

Natural de São Miguel, João Medeiros tem vindo a construir um percurso sólido no ciclismo nacional, levando consigo a identidade açoriana e uma história de superação que começa dentro de casa. Questionado sobre as origens da sua paixão, o corredor não hesita em recuar aos primeiros anos, quando acompanhava o pai nas voltas de bicicleta pela ilha.

"A paixão pelo ciclismo começa pelo meu pai que costumava dar umas voltas de bicicleta e eu adorava ir com ele, depois ele começou a organizar as provas em São Miguel e mais dentro do ciclismo fiquei, com isso começo também a correr nos Açores e mais tarde em cadete e Júnior vou ao continente correr para ganhar experiência, a verdade é que quando comecei a ir ao continente correr o choque foi muito grande e percebi que ainda estava muito longe de ser ‘bom’ foi aí que realmente comecei a dedicar-me muito ao ciclismo e foi uma paixão e obsessão que veio sempre a crescer comigo por isso fico muito contente de hoje conseguir fazer da minha paixão o meu trabalho".

Representar os Açores no pelotão nacional tornou-o uma referência para muitos jovens da região, mas João desmonta a ideia de que isso lhe traz mais motivação: o que sente é responsabilidade. "Não que me dá motivação, mas sim um sentido de responsabilidade para mostrar aos mais jovens que ambicionam ser ciclistas e que vivem nos Açores que é possível chegar lá e conseguir estar a lutar pelos lugares cimeiros! Porque o ciclismo nos Açores não é tão desenvolvido como no continente e é muito difícil o choque que levávamos quando vamos correr cá fora, mas foi algo que nunca deixei que me assustasse e trabalhei muito para conseguir estar taco a taco com eles e sei que é possível mais jovens açorianos o fazer".

A temporada de 2025 trouxe vitórias de peso no Grande Prémio Abimota (2 etapas) e no Douro Internacional (1 etapa), além de uma exibição muito positiva na Volta a Portugal, que concluiu no top 20. Questionado sobre qual destas conquistas foi mais marcante, Medeiros revela que todas tiveram um significado especial. "A verdade é que foram todas especiais! Queria muito estar bem este ano nessas corridas e quando as coisas surgiram como planeado teve um gosto especial!", começou por referir.

"A primeira foi como um alívio muito grande porque fez-me acreditar em mim, e logo após ganhar disse que no dia a seguir tinha mais uma etapa a ganhar e consegui… estes dois dias foram os meus preferidos do ano (risos). Quanto à vitória no Douro foi uma vitória muito importante para mim porque mostrou a raça que tento levar comigo todos os dias, o nunca desistir e acreditar em mim, ataquei a 55 km com o pensamento de que iria ganhar e quando o consegui o alívio e a felicidade caíram sobre mim! Depois ainda consegui fazer uma restante boa época, mas acho que o meu ponto alto foi até aos nacionais".

A Volta a Portugal continua a ser uma prova de enorme peso no calendário e, para João Medeiros, esta edição trouxe satisfação, mas também um conjunto de contrariedades que marcaram o desempenho. "Depois de uma boa época eu queria muito estar bem na Volta a Portugal para mostrar que consigo ser um ciclista regular para mim próprio! A verdade é que embora não tenha sido uma má exibição eu queria muito ter ganhado uma etapa, sei que era possível e não queria deixar a oportunidade cair, a verdade é que também algumas coisas não surgiram durante a volta devido a ter ficado doente durante a mesma e 7 dias antes da volta também tive de ficar sem treinar durante 3 dias devido a um corte que tive de fazer na zona que me sento no selim, foi um abcesso que me apareceu naquela região, mesmo no dia que fiz o corte ainda tentei treinar mas passado 1h tive de ligar ao meu pai porque só me escorria sangue pelo calção. Tudo isto talvez fez com que não fosse a volta que mais ambicionasse, mas também não posso ficar desiludido com a volta que fiz porque nunca me dei por vencido e tentei sempre dar a volta por cima aos azares e isso talvez foi a maior lição que levei deste ano".

O Campeonato Nacional, porém, trouxe um dos momentos mais difíceis da sua carreira recente. Depois de uma exibição de enorme qualidade, João cruzou a meta em 3º, mas acabou desclassificado, um episódio que confessa ainda não conseguir digerir totalmente. "Isto é um assunto que ainda hoje não me é fácil falar, estava na minha melhor forma de sempre e sabia isso, só queria ter a oportunidade de o mostrar e as coisas estavam a correr como eu queria, faltava 15 km e eu estava na disputa da corrida…, mas a partir daí algo se desalinhou e tudo descambou, furei e consegui recolar novamente depois de um FairPlay demonstrado pelo Ivo e Pedro".

"Depois descolei num ataque do Pedro, mas sabia que se fosse no meu ritmo iria voltar a chegar lá e isso estava a acontecer, já os estava a ver à minha frente só que bati num buraco e fiquei sem mudanças e para piorar ficou nas mais pesadas durante os últimos 5 km, tudo isto mexeu muito comigo porque sabia que tinha perdido uma grande oportunidade de ser campeão nacional, algo que acreditava muito que era possível!"

O pior ainda estava para vir. "Para ajudar a isto tudo no pódio sou informado que fui desclassificado porque durante a minha recolagem após o furo dizem que fui agarrado ao carro do meu diretor! Ao tentar defender-me perante a presidente dos comissários porque até hoje acredito que não fiz nada de irregular simplesmente ao reentrar novamente na frente de corrida peguei em um bidon para hidratar a boca e acalmar os ânimos, percebi que não valeria a pena dizer mais nada porque quando ela me disse que eu não tinha furado e estava era a descolar da frente da corrida algo de muito errado existia ali e simplesmente expôs o caso à federação! Não é um assunto nada fácil para eu digerir até hoje. Não só o facto de todo o meu azar que me deixou bastante triste, mas também com tudo o que se desenrolou a seguir".

João Medeiros falou também sobre as suas características enquanto corredor, explicando que, apesar de ser geralmente rotulado como trepador, não se limita apenas à montanha. "Sim, o meu peso e composição física indicam mais que sou trepador, mas a verdade é que sinto-me também muito à vontade em subidas mais curtas e explosivas, e acho que poderia ser o meu foco se muitas vezes não estivesse tão magro, o que me faz perder talvez um pouco da explosão necessária para esse tipo de esforços mais curtos", explicou.

Ainda assim, acrescenta que a preparação para etapas de montanha continua a ser central: "Durante o meu treino tento focar-me mais na montanha e nas subidas mais longas, porque se não for algo que treine muito também não consigo render depois nas mesmas. Num resumo sou um trepador que precisa de treinar muita montanha para estar bem nas mesmas (risos)".

O corredor da Credibom / LA Alumínios / MarcosCar reforça também a importância da estrutura que o acompanha desde muito jovem. "Já estou na estrutura do Luís Almeida há sete anos e muito se passou nestes anos, foi lá que cresci enquanto atleta e enquanto pessoa. A equipa tem feito de tudo para me ajudar nestes anos e nisso sou-lhes muito agradecido, por isso espero continuar lá a tentar evoluir e contribuir para melhores resultados". João sublinha ainda o ambiente interno como um fator crucial para o rendimento coletivo: "O projeto também cresceu muito e isso faz-se notar cá para fora! Temos um ambiente muito bom entre todos, somos todos jovens e todos querem evoluir, o que é muito importante se quisermos ser melhores ano após ano e estar na disputa das corridas".

Quando a conversa se desloca para as exigências físicas e mentais do ciclismo, João Medeiros revela uma visão muito própria sobre o equilíbrio necessário para manter a performance. "Para mim, o ciclismo é mais mental do que físico, porque os momentos em que estou melhor fisicamente também são os momentos em que psicologicamente estou melhor e isso ajuda muito".

O ciclista explica que a rotina de treinos é construída em conjunto com o seu treinador e que a gestão do descanso é uma prioridade. "A nível mental, o que tento muito é melhorar as rotinas pós-treinos e de descanso porque é aí que está a diferença toda. Se não fizer esta parte bem, no dia a seguir já vou sentir no treino que as sensações não estão iguais e, se isso se for acumulando, é algo que vai afetar o rendimento".

O afastamento prolongado dos Açores também pesa: "Começo a perceber que se ficar muito tempo sem vir a casa/Açores, a cabeça começa a não conseguir trabalhar da mesma forma, então é algo que tento falar com a equipa para, em certas fases, conseguir vir a casa relaxar um pouco".

Sobre referências no pelotão, João admite que a inspiração foi evoluindo ao longo do tempo. "No início o meu ciclista preferido era o Alberto Contador e foi nele que sempre me inspirei enquanto miúdo, mas passado os anos fui ganhando mais admiração por todos os ciclistas e não posso dizer que tenha só um que me inspire, porque a verdade é que gosto de muitos".

Para o açoriano, a dureza de competir internacionalmente muda a forma como se olha para o ciclismo profissional: "Quando começamos a perceber o quanto custa correr lá fora já olhamos para eles de forma diferente e realmente todos têm de ser muito bons".

Por fim, ao projetar o futuro, João Medeiros não esconde as ambições para 2026. "Na próxima época quero conseguir superar o meu nível de vitórias de 2025 e conseguir estar na discussão de mais corridas. Mas o foco principal passará pelos Campeonatos Nacionais e Volta a Portugal, são corridas que quero muito estar bem e para isso vou trabalhar".

Quanto ao sonho de competir além-fronteiras, o ciclista mantém os pés bem assentes na terra: "Ambicionar ir para o estrangeiro é algo que todos nós enquanto atletas ambicionamos, mas para isso preciso primeiro de fazer uma boa época e é nisso que me quero focar".

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“Portugal com quatro triatletas no top-25 mundial”


Portugal termina a época de 2025 com três triatletas masculinos entre os 21 melhores do mundo (dois no top-10), e Maria Tomé fecha o ano na 23ª posição do ranking mundial feminino.

Foi um dos melhores anos de sempre do triatlo português. A juntar ao bronze de Vasco Vilaça no Campeonato do Mundo, Portugal consegue terminar a época com três homens entre os 21 melhores do mundo. Vasco Vilaça é quarto, Ricardo Batista décimo e Miguel Tiago Silva ficou a escassos pontos de ser o 20º triatleta mundial, apesar do terceiro lugar em Florianópolis lhe ter permitido subir 12 degraus até ao 21º posto.

Nota também para o jovem João Nuno Batista, que mesmo tendo tido uma época bastante atribulada em termos de saúde, consegue terminar na 62ª posição, um patamar que lhe permite sonhar com entradas nas principais provas de 2026, ano em que começa a qualificação olímpica para Los Angeles.

No sector feminino, a triatleta Maria Tomé termina a época na 23ª posição do ranking mundial, enquanto Mariana Vargem entra no Top-100 com 89ª posição. Melanie Santos, lesionada uma boa parte da época, fecha na 164ª posição, enquanto Madalena Almeida é 168ª.

Fonte: Federação Triatlo Portugal

“Taça do Mundo: Miguel Tiago Silva conquista bronze em Florianópolis”


Miguel Tiago Silva conquistou a medalha de bronze na Taça do Mundo de Florianópolis, no Brasil, disputada este domingo (16 de novembro).

O triatleta português concluiu os 750 metros de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida, em 00:53:35, a onze segundos do vencedor, o espanhol David Cantero Del Campo, uma das grandes revelações da época que agora termina. A medalha de prata ficou para o francês Igor Dupuis.

“Esta medalha significa que o processo, o acreditar e a resiliência funcionam. É minha primeira medalha numa taça do mundo, no final do meu melhor ano de sempre. Foi a cereja no topo do bolo. Este ano de 2025 seria impossível de ser feito sem o meu círculo de apoio, a Federação e o meu clube, o Olímpico de Oeiras, por isso, esta medalha é para todos eles. Com este resultado, fico entre os primeiros vinte triatletas do mundo, um palco onde tenho muito orgulho em estar na companhia do Vasco Vilaça e o Ricardo Batista”, explica Miguel Tiago Silva.

No sector feminino, Madalena Almeida foi 15ª classificada, numa prova ganha pela espanhola Sara Guerrero Manso.

Em Tongyeong, na Coreia do Sul, Mariana Vargem terminou na 11ª posição.

Fonte: Federação Triatlo Portugal

“Federação Portuguesa de Ciclismo organiza Volta a Portugal em 2026”


Contrato com a Podium Events foi cessado este ano

 

Por: Lusa

Foto: Lusa

A edição de 2026 da Volta a Portugal vai ser organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), de forma transitória, devido à cessação do contrato com a Podium Events, anunciou o organismo velocipédico.

"A FPC informa que, na sequência da cessação antecipada do contrato de concessão relativo à organização de provas do calendário nacional, assumirá, em 2026 e de forma transitória, a organização da Volta ao Alentejo, da Volta a Portugal e da Volta a Portugal do Futuro, mantendo igualmente a organização da Volta ao Algarve", lê-se no comunicado

Este anúncio ocorre uma semana depois de a FPC ter posto fim ao contrato de concessão da Volta a Portugal à Podium Events, antecipando em um ano o fim da relação contratual por "incumprimento" da empresa, que organizava a prova desde 2017.

"Esta solução transitória permitirá viabilizar as provas desportivas na próxima época, prevendo-se também a adoção de um modelo alargado de parceria que potencie e projete estas competições", prossegue a FPC.

Uma nova concessão vai depender dos resultados do próximo ano, acrescenta o organismo liderado por Cândido Barbosa, que vai avocar a responsabilidade de organizar a Volta a Portugal do Futuro.

"Concluída a época de 2026, a FPC estará em condições de avaliar os resultados deste modelo transitório de gestão e de equacionar o lançamento de uma nova concessão de longo prazo, em moldes que garantam a sustentabilidade, sejam compagináveis com a estratégia desportiva e aliem a paixão pela modalidade à excelência organizativa e à valorização desportiva das competições", continua.

Na passada segunda-feira, a FPC dava conta do "incumprimento reiterado das obrigações contratuais e de pagamento por parte da Podium Events", devido a uma "situação que se agravou ao longo do último ano, apesar das várias tentativas de resolução amigável promovidas pela FPC".

No dia seguinte, a Podium Events acusou a FPC de "falta de decoro e lealdade", dizendo ter tomado conhecimento do término antecipado do contrato de concessão da Volta a Portugal através de patrocinadores.

Fonte: Record on-line

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