Por: Ivan Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
O primeiro sprint de grupo da
Volta à Itália 2025 já prometia emoção, mas acabou por gerar polémica não pela
vitória em si, mas pelas penalizações aplicadas pela UCI após a chegada. Depois
de Casper van Uden triunfar na etapa 4, os reguladores da corrida distribuíram
cartões amarelos e multas com generosidade, deixando ciclistas e comentadores
visivelmente indignados.
O tema foi amplamente
discutido no painel da TNT Sports, com os antigos ciclistas Adam Blythe e
Robbie McEwen a tecerem duras críticas à atuação da União Ciclista
Internacional. "Que monte de disparates. As pessoas estão a ser
desclassificadas e a levar cartões amarelos por nada. Literalmente nada",
começou por afirmar Blythe, claramente frustrado. "Sinto mesmo que a UCI
está a arruinar lentamente os sprints de grupo."
McEwen, ícone do sprint
mundial, alinhou com o britânico. "Por causa de todas as regras e
regulamentos – alguns deles entram em contradição. Não podes fazer isto, podes
fazer aquilo, mas se fizeres aquilo, serás despromovido. Então faz isso… mas
depois também não podes, porque levas um cartão amarelo. Não faz sentido nenhum
a forma como estão a aplicar estas penalizações."
O caso mais mediático foi o de
Max Kanter, que tinha terminado em 5.º lugar, mas acabou por ser despromovido e
penalizado com 13 pontos na Maglia Ciclamino, uma multa de 500 francos suíços e
cartão amarelo por um suposto movimento irregular com o ombro na luta pela
posição.
McEwen explicou a situação com
detalhe. "A primeira vez foi com o Kaden Groves – ele aproximou-se, Groves
teve de sair do selim e recuou para evitar contacto. O Kanter estava na frente.
Para mim, Groves é que devia ter travado. Não se passou nada."
Blythe acrescentou: "A
despromoção foi, na verdade, pelo contacto com o Mads Pedersen. O Kanter
move-se ligeiramente, mas se olharmos para a linha branca, ele nunca a deixa. O
Mads tenta manter posição, o Kanter segura a roda – isso é sprinting."
McEwen foi ainda mais
incisivo: "Não houve grande movimento fora da linha, ninguém foi impedido.
Se houve algum ombro, foi do Mads. Isto são os sprints – manobras, ousadias,
movimentos subtis. Kanter não deu ombros a ninguém."
Outro caso que alimentou o
debate foi o do cartão amarelo atribuído a Bram Welten, da Team Picnic PostNL,
cuja penalização deixou McEwen e Blythe incrédulos.
"A UCI tem esta regra:
quem lidera o sprint deve manter a linha até à meta, sem se desviar. O Welten
fez exatamente isso", apontou McEwen. "Sentou-se, não atrapalhou
ninguém, foi em linha reta. Se tivesse virado para a esquerda, aí sim, podia
ter causado um incidente. Ele fez a coisa certa."
Blythe, em tom de indignação,
complementou: "E mesmo assim levaram-lhe um cartão amarelo. A UCI diz que
não se pode atravessar a estrada, mas agora também não se pode seguir em linha
reta porque se impede alguém? É ridículo. Como é que se pode esperar que um
ciclista que já liderou o sprint continue a ir à velocidade máxima até cruzar a
linha?"
McEwen fechou o segmento com
ironia: "Se queriam mesmo penalizar o Welten, mais valia tê-lo multado por
festejar a vitória do colega de equipa – levantou a mão e limpou o suor do
lábio perto da linha. É assim que isto está a ficar ridículo."
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