Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A UAE Team Emirates - XRG
esteve a estagiar no mês de dezembro no sul de Espanha, na bem conhecida cidade
de Benidorm. As conversas e entrevistas com os ciclistas multiplicaram-se ao
longo dos dias, pois todos estavam ávidos de poderem recolher as primeiras
impressões para 2025 das estrelas da equipa e ouvirem as palavras do balanço do
ano de 2024.
João Almeida está a entrar na
sua 4ª temporada com as cores da equipa dos Emirados Árabes Unidos e falou
sobre a sua estreia na Volta a França no verão passado, começando por falar da
sua preparação para a corrida de três semanas na Volta à Suíça, onde venceu
duas etapas e terminou em 2º lugar da geral.
"Na Suíça tive o meu pico de forma. Na Volta à Suíça apanhei um resfriado, não só eu como outros atletas, e na semana seguinte não pude treinar muito para recuperar a 100% para o Tour. Tive ali uma semana que treinei muito pouco e notei essa falta de treino depois no Tour. Não comecei o Tour com as minhas melhores pernas, mas sinceramente fui de menos a mais no Tour e a última semana foi a semana que me senti melhor."
De facto, a primeira semana da
corrida o jovem das Caldas da Rainha não esteve muito exuberante na primeira
semana, exceptuando a etapa do Col du Galibier. "A primeira semana do Tour
foi a que me senti pior, os primeiros dias foram muito maus. Tive lá um dia que
me senti muito bem que foi o do Galibier, mas sem ser esse dia foi a semana
mais difícil para mim, mas depois da primeira semana senti-me melhor e acho que
terminei bastante bem", disse em conversa com o Top Cycling.
Almeida não tem dúvidas em
afirmar "O Tour é o Tour. É totalmente diferente. Já fiz 4 Voltas a
Itália, 3 Voltas a Espanha, mas de facto o Tour é outra corrida, não só pelo
mediatismo. É uma corrida de verão, o ritmo é outro, toda a gente está no pico
de forma. Há sempre qualquer tipo de interesse em qualquer etapa, nem que seja
uma meta volante há sempre uma equipa que vai tirar por aquela meta volante e é
uma corrida que a 80 quilómetros da meta já estamos a fazer comboios para
estarmos bem posicionados. Se eu tiver de vir buscar água, só se disser
"service" porque tenho bidons para entregar aos meus colegas, senão
acho que ninguém passa para a frente. É uma luta pela colocação incrível."
"Fazer parte da equipa do
Campeão o nível de respeito é sempre superior, o que facilita as coisas ás
vezes" diz João, relativamente a ter estado ao lado de Tadej Pogacar na
sua reconquista da Volta a França, onde terminaria em 4º lugar na Classificação
Geral, tendo subido ao pódio em Nice não só porque a UAE Team Emirates ganhou a
prova coletivamente, mas porque João Almeida foi considerado pela organização
da corrida o "melhor domestique" do Tour de 2024 "Mostrei o que
valho e o tipo de pessoa que sou, que acho que é importante."
Sobre o momento polémico com
Juan Ayuso no Col du Galibier, que fez correr muita tinta, João esclarece.
"Para acabar um bocadinho com a polémica, sempre estiveram bem. Nós
damo-nos bem, não temos nada um contra o outro. Às vezes há situações de corrida
que não correm a 100% como desejamos, mas depois é uma coisa que é falada, é
discutida, acabou ali e pronto. Todos cometemos erros, tanto de um lado como do
outro, acontece. O mais importante é aprender com o A UAE tem muitos nomes
sonantes e por vezes isso torna-se difícil de gerir, pois os egos são muitos e
as ambições de todos os ciclistas são as mesmas. "Esse trabalho é para os
directores desportivos e para o Matxin, que é o director geral, mas certamente
que não é fácil de gerir tudo isso, arranjar oportunidades para todos os
corredores, toda a gente estar minimamente satisfeita. Numa equipa como a nossa
que tem bastantes atletas talentosos e ele tem gerido bem as coisas. Às vezes
as pessoas têm que engolir o seu próprio ego em certas situações, mas depois
cabe a cada um tomar as decisões que acham as mais corretas".
Às vezes temos que engolir uns
sapos... "Exactamente, faz parte da vida, por assim dizer, acho que nos
ajuda a crescer e mais vale um pássaro na mão que dois a voar". O sucesso
da equipa em 2024 foi estrondoso, com muitas vitórias conquistadas por 20
ciclistas diferentes, uma fórmula que será difícil de repetir ou mesmo melhorar
"Sim, melhor é um bocado difícil. Muito do sucesso que tivemos e dessa
quase perfeição deve-se ao Tadej, que é um corredor surreal. A maioria dos
sucessos que tivemos foi ele que fez. Claro que sem a equipa ele não o
conseguia fazer sozinho, obviamente."
Este ano João Almeida vai
deixar as Clássicas das Ardenas de fora do seu calendário, mas deixou o seu
desejo de voltar à Amstel Gold Race e à Liege - Bastogne - Liege, contudo não
quer repetir a La Fléche Wallogne. Vai correr pela primeira vez na Volta à
Comunidade Valenciana e na Volta à Romandia " Vai ser a primeira vez que
as vou fazer e estou entusiasmado. Corridas diferentes, novas", para as
quais se sente motivado "São subidas diferentes, dinâmicas diferentes e
mesmo os atletas contra quem vou competir. São disputadas noutra altura da
temporada, que também muda bastante"
João vai regressar a Portugal
já no próximo mês de fevereiro, depois de no ano passado ter faltado à Figueira
Champions Classic e à Volta ao Algarve por doença "Sim, já não faço o
Algarve há algum tempo e quero voltar à corrida e dar o meu melhor e tentar
sacar uma vitória para os portugueses, acho que seria bastante bom." sem
erros."
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