Por: Carlos Silva
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A 15.ª etapa da Volta a Itália 2025 encerra a segunda semana da prova com um percurso de grande exigência física e táctica. São 219 quilómetros entre subidas lendárias, descidas técnicas e um final rolante que promete colocar à prova tanto os trepadores como os estrategas do pelotão.
Depois de uma primeira metade
da Corsa Rosa marcada por etapas técnicas e algumas surpresas, o traçado volta
a homenagear a história recente da corrida com um final já conhecido dos fãs -
Asiago, onde terminou o último dia de montanha da edição de 2017. Nessa altura,
a etapa gerou ação decisiva e os organizadores esperam ver algo semelhante este
ano.
Fazendo uma antevisão do dia de amanhã, a partida será marcada pelo explosivo Muro di Ca' del Poggio, que surge logo nos primeiros quilómetros. Com rampas duríssimas, é um muro simbólico, mas pouco decisivo por surgir demasiado cedo. A partir daí, o terreno ondulado antecede o grande desafio do dia: o Monte Grappa, com 25 km a 5,7% de inclinação média.
Apesar de não ser abordado
pelo seu lado mais difícil, continua a ser uma subida muito longa, que exigirá
quase uma hora de esforço contínuo. As suas pendentes são suficientes para
lançar ataques sérios, mas o facto de o topo estar a 91 km da meta pode dissuadir
ataques decisivos dos favoritos à geral.
Segue-se uma descida longa e técnica, onde o risco será elevado, antes de o pelotão enfrentar a subida para Dori: 16,6 km a 5,3%, sem grandes inclinações, mas longa e exigente, sobretudo depois do desgaste acumulado. Não é uma subida explosiva, mas poderá criar diferenças se alguém tentar endurecer o ritmo.
O que torna esta etapa
particularmente interessante é o seu desfecho táctico. Após o topo de Dori, a
28 km da meta, há uma descida, logo seguida de uma curta mas íngreme rampa de
1,5 km a 8%, que termina a 20 km do fim. A partir daí, os quilometros finais
serão em planalto até Asiago, com um final onde poderão surgir ataques, o que a
acontecer tornará as coisas bastante interessantes.
O Tempo
Pequenas probabilidades de chuva. Se chover, o que também não era muito provável hoje, tornará as descidas técnicas mais tensas e, de um modo geral, tornará o dia mais difícil.
Os
Favoritos
UAE Team
Emirates: Del Toro no controlo, Ayuso com liberdade?
Isaac del Toro demonstrou até aqui que não está apenas de passagem. O jovem mexicano continua a liderar com autoridade e parece confortável no papel de Camisola Rosa. A etapa 15 adapta-se bem às suas características: subidas longas, mas sem rampas extremas e um final técnico onde pode explorar a sua capacidade de aceleração. Não se espera que perca tempo e é possível até que ganhe segundos preciosos, seja num ataque tardio ou numa chegada ao sprint em grupo reduzido.
A UAE Team Emirates deverá
manter o mesmo plano táctico que tem resultado: Del Toro no controlo, com Juan
Ayuso a marcar rivais directos como Primoz Roglic. No entanto, se surgir uma
oportunidade clara, a equipa poderá inverter os papéis e lançar Ayuso ao
ataque, com Del Toro a controlar a perseguição. Um cenário mais difícil de
executar, mas com potencial para causar estragos.
Com Adam Yates e Brandon
McNulty já fora da luta pela geral, a UAE deixará de lado movimentações
múltiplas cartas, mas ainda tem estrutura para, se quiser, controlar o pelotão
ou endurecer o ritmo. E neste tipo de subidas, é improvável que Roglic tente atacar
de longe.
Primoz
Roglic: dependente de terceiros
A Red Bull BORA – hansgrohe
continua a ter em Giulio Pellizzari o único apoio consistente para Roglic na
montanha. A equipa tem perdido impacto sempre que a corrida entra em subidas
decisivas, o que limita a capacidade do esloveno para lançar movimentos ofensivos.
Roglic dependerá de um dia
excepcional e, idealmente, de alguma colaboração com outros rivais da geral
para explorar a parte final rolante. Se tiver boas pernas, poderá testar Del
Toro, mas o cenário mais provável é que espere pela terceira semana, onde o
terreno será mais decisivo.
Outros
nomes na luta pela geral
Simon Yates (2.º na geral)
vive um cenário inesperado, mas sem pressão. O britânico ainda não mostrou a
sua melhor versão e deverá tentar manter a sua posição, à espera de um
desempenho mais forte na última semana.
Richard Carapaz (EF Education
– EasyPost) é o elemento mais imprevisível no top-10. Sem uma equipa com
profundidade, mas com espírito combativo, pode voltar a arriscar sozinho e
tentar mexer com a corrida.
Derek Gee já está no 6.º posto
após um início discreto e deverá correr com prudência para manter a posição na
geral.
A Bahrain Victorious, após a
queda de Antonio Tiberi, tenderá a adoptar uma postura mais conservadora.
A INEOS Grenadiers, com Bernal
e Arensman no top-10, mas sem ambição de segurar esses lugares, poderá atacar
de longe. Esta etapa permite movimentações sem estarem preocupados com os W/Kg.
e poderão tentar desorganizar a corrida.
Fuga: o
cenário mais aberto do dia
O início plano não favorece a
entrada de trepadores na fuga, mas não há grandes equipas com interesse em
controlar o ritmo. A UAE pode fazê-lo, mas não será garantido. A etapa não tem
um favorito claro e o terreno variado, com subidas longas seguidas de um final
técnico, torna a fuga uma opção credível.
Nomes a
seguir atentamente:
Tom Pidcock, Max Poole e Chris
Harper - ciclistas que já perderam tempo na geral, mas ainda com ambições de
subir posições.
Nicolas Prodhomme, Marco
Frigo, Pello Bilbao, Rémy Rochas, Stefano Oldani, Lorenzo Fortunato e Luke
Plapp. Todos eles com capacidade de sobreviver ao desgaste e acelerarem no
final.
Por razões secundárias, levar
em consideração nomes como Nairo Quintana, Wout Poels, Romain Bardet, Mattia
Cattaneo e Mathias Vacek, que surgem como fortes candidatos a vencer o dia a
partir da fuga.
Previsão
Volta a Itália 14ª etapa:
*** Luke Plapp, Mathias Vacek,
Wout Poels
** Isaac del Toro, Pello
Bilbao, Nicolas Prodhomme, Romain Bardet
* Juan Ayuso, Primoz Roglic,
Richard Carapaz, Marco Frigo, Nairo Quintana, Rémy Rochas, Stefano Oldani,
Lorenzo Fortunato, Mattia Cattaneo
Escolha: Luke Plapp
Como: Vitória a partir da fuga
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