Ciclista português lamentou ter falhado a prova no Algarve, que venceu no ano anterior
Por: Lusa
Foto: Filipe Farinha
Após ter enfrentado uma "das piores coisas" que lhe podiam acontecer, ao falhar a Volta ao
Algarve, João Rodrigues redefiniu objetivos e aponta agora à Volta a Portugal
em bicicleta, uma prova na qual, admite, gostaria de repetir triunfo.
"Ficar
fora do Algarve era das piores coisas que [me] podiam acontecer, por a corrida
ser no Algarve e eu ser algarvio, por ter vencido no ano anterior, e porque
partir com o número um para esta grande corrida seria espetacular.
Infelizmente, a covid-19 não me deixou", lamentou
o ciclista da W52-FC Porto.
Rodrigues foi 'apanhado' pelo coronavírus, passou mal -
teve febre, tosse e dores de corpo, sobretudo na zona lombar - e foi forçado a
falhar a defesa do título na 'Algarvia', meses depois do recital que
protagonizou e que o tornou no primeiro corredor daquela região a ganhar a
prova, e logo perante a concorrência feroz das equipas do World Tour, a
primeira divisão do ciclismo mundial.
"Vi
pouco [da Volta ao Algarve]. Sinceramente, só fui ver o contrarrelógio e foi
porque fui almoçar à casa de um amigo, estávamos ali perto e vi. Não gosto
muito de ver as corridas quando não estou em competição. Prefiro ver na
televisão, mas, como tinha também alguns treinos, não consegui acompanhar a
Volta toda, embora estivesse sempre atento aos meus colegas, claro",
revelou à agência Lusa.
O ciclista de Faz Fato
(Tavira) não esconde que perder a 'sua' prova,
num contexto que seria particularmente especial, o desanimou "um pouco", um estado agravado
pela falta de resposta do corpo após ter superado a covid-19.
"É
claro que vamos um pouco abaixo, porque o nosso corpo não responde, não temos
as mesmas pernas. Por exemplo, agora, na primeira competição que tive, na
[clássica da] Primavera, parecia que não era o mesmo ciclista. Não me senti
nada bem, o meu corpo não respondia ao que a cabeça mandava. Senti-me em baixo,
mas faz parte do ciclismo", reconheceu.
Com um discurso sempre
ponderado, o reservado corredor da W52-FC Porto, que falou à agência Lusa à
margem da Volta ao Alentejo, prova que venceu em 2019 e que terminou no domingo
em Évora com o triunfo do venezuelano Orluis Aular (Caja Rural), procura agora "ir ganhando forma para daqui a uns meses já estar
no máximo".
"O
meu objetivo era entrar bem na época, na Volta ao Algarve, e, depois, conseguir
estar bem no Troféu Joaquim Agostinho, na Volta a Portugal, as corridas mais
importantes. Agora, com isto da covid, tive de alterar as minhas competições e
também fazer um pico de forma um pouco mais tarde. Gostaria de estar bem já nas
próximas corridas por etapas, talvez o [Grande Prémio] O Jogo ou o Douro
[Internacional], mas é claro que o grande objetivo passará pela Volta a
Portugal", confessou.
Vencedor das três mais
emblemáticas competições portuguesas, o algarvio de 27 anos parecia destinado a
múltiplos triunfos na prova rainha do calendário nacional, mas mantém ainda
aquela suada amarela de 2019 como a única, embora haja muito de si nas que o
seu colega Amaro Antunes conquistou nas últimas duas edições da Volta a
Portugal.
"Quando
estamos numa equipa vencedora, é sempre mais fácil, não temos de estar a correr
atrás do prejuízo, e ganhar eu ou um colega, para nós é igual, porque o
fundamental é sairmos com a vitória dessa competição. É claro que, a nível
pessoal, gostamos sempre de ganhar. Por vezes, a corrida não dita assim. Há
momentos que são decisivos e definem completamente a corrida, então não dá para
lutar por essa classificação. Tenho essa ambição de voltar a ganhar, mas, lá
está, isso só não chega", concedeu.
Rodrigues faz até um 'mea culpa', reconhecendo que as suas 'más' entradas na Volta a Portugal
acabaram por colocá-lo na condição de trabalhador e não de líder - nos últimos
dois anos, ficou em desvantagem no duelo pela liderança da W52-FC Porto ao
perder tempo para Antunes nas primeiras etapas.
"Esse,
se calhar, é um dos grandes males que eu tenho: nunca consegui entrar a 100% na
Volta a Portugal. Entro sempre um pouco abaixo e vou atrás do prejuízo. Já o
Nuno [Ribeiro, diretor da W52-FC Porto] diz o mesmo e tem toda a razão. Não sei
porquê. Vou tentando alterar algumas coisas na minha preparação para tentar
entrar melhor, mas não sei, parece que o corpo não responde",
assumiu.
Com a humildade que lhe é
(re)conhecida na estrada, onde trabalhou incansavelmente para Antunes,
sobretudo, nas etapas da Torre, o algarvio é, contudo, taxativo sobre o seu
futuro na prova rainha do calendário: "Se
tiver um colega meu em melhor posição ou em melhor condição física, será a ele
que eu irei ajudar".
Fonte: Record on-line
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