Em
ano marcado pela estreia de novo formato, o 19.º Portugal de Lés-a-Lés,
primeiro com quatro dias de aventura e descoberta na travessia de dois extremos
do mapa nacional, viveu sob o signo do calor intenso. Temperaturas
elevadíssimas que não derreteram o prazer mototurístico da maior caravana de
sempre, com mais de 1800 participantes em 1650 motos, naquele que foi também o
trajeto mais longo de sempre, com 1164 quilómetros na ligação entre Vila Pouca
de Aguiar e Faro, com paragem no Fundão e Elvas. Recordes que continuaram com
inovador Arrastão da Grande Pedra, com quase todos os participantes a rebocarem
bloco de granito de quase 13 toneladas (12 980 kg para absoluta precisão…) ao
longo de 250 metros na mítica estrada N2, às portas da vila aguiarense.
Abertura
em grande, no dia em que novo formato das Verificações Técnicas criado pela
Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal com forte
apoio da autarquia aguiarense, garantiu grande rapidez e eficácia. E, assim,
permitindo que todos arrancassem para passeio pela Capital do Granito,
descobrindo castelos e minas, joias turísticas e gentes afáveis, ao longo de 94
km de diversão e convívio. Preparação para relaxada mas bem quente viagem até
outra ‘capital’, a da Cereja, com as fabulosas paisagens do Douro Vinhateiro a
competirem com a beleza e grandiosidade de aldeias e vilas históricas do Douro
Superior (São Xisto, Almendra ou Cidadelhe) e castelos como Numão, Castelo
Melhor, Pinhel, Sabugal ou Sortelha na passagem da caravana do Douro para a
Beira Alta. Tempo para descobrir interessantes núcleos museológicos, longe das
grandes cidades, do Museu do Vinho de São João da Pesqueira ao Museu de Freixo
de Numão passando pelo Museu do Côa, importantíssimo contributo para melhor
entendimento das famosas pinturas rupestres.
Um
dia muito quente, antecipando ainda mais escaldante ligação até Elvas onde o
percurso mais ‘rolante’ permitiu ‘respirar’ entre cada paragem de descoberta
mototurística, deixando perfeitamente maravilhada toda a caravana, incluindo
atores (Vítor Norte, Helena Costa ou Alexandre Martins), campeões desportistas
(Cândido Barbosa ou Nuno Laurentino ou Miguel Farrajota) ou políticos (o
secretário de Estado da Juventude e Desporto João Paulo Rodrigues, os deputados
da bancada parlamentar do PCP João Oliveira e Miguel Tiago, o ex-presidente da
Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues) e outras figuras públicas como o
juiz Rui Teixeira. Tirada de sensações fortes, das deliciosas curvas da N238
ainda com tempo fresco à surpreendente aldeia de Janeiro de Cima e as suas
casas de xisto de tom alaranjado, da imponência da garganta do Zêzere às
promessas de relaxe total no bem equipado Camping de Oleiros, passando por
curiosidades como o moinho que ajudava a prevenir as cheias do rio Ocreza em
Foz do Cobrão. Ahhh… e as várias praias fluviais que foram ajudando a suportar
intensa canícula que atirava termómetros para lá dos 40.º
Entrada
no Alentejo rumo a Castelo de Vide revelou retorcidas estradinhas, com
paisagens que ajudavam a esquecer um pouco o calor num dia em que poucas foram
as piadas sobre alentejanos e os seus modos de grande tranquilidade. Forma de
ser moldada pelo calor que a todos amolece e que exige ‘tratamento especial’,
fugindo às horas mais quentes, protegendo do sol e bebendo muita água.
Conselhos sublinhados pela organização a toda a hora mas que, ainda assim, não
foram suficientes para evitar umas quantas queimaduras solares, sintomas de
desidratação e mal-estar causado pelas elevadas temperaturas, maleitas mais
frequentes assistidas pelos elementos da Emergência Médica, que registou ainda
várias picadelas de abelhas, contracturas da anca (a água também poderia ter
ajudado…) e algumas escoriações ligeiras devido a quedas a baixa velocidade.
Algo que o calor, roubando alguns reflexos, terá ajudado em ano que, só durante
o evento e sem contar com as viagens desde e para casa de cada equipa, foram
percorridos mais de 2 milhões de quilómetros pelo extenso pelotão.
Mototuristas
portugueses que não se cansam de apreciar as conhecidas ‘árvores de fraldas’,
esses freixos pintados com faixas brancas para maior visibilidade e segurança,
e que foram descobrir as pinturas rupestres da Lapa dos Gaviões, deliciando-se
com as explicações da arqueóloga da CM de Arronches como com o quadro pré-histórico
criado por elementos de um dos muitos motoclubes que deram imprescindível
contributo. E, para muitos deles, sobretudo espanhóis (145), franceses (11),
suíços (9), polacos (2), alemães (2) e angolanos (2) em pelotão internacional
que tinha um representante sueco, um luxemburguês, um macaense e até uma
neozelandesa (!) foi também a descoberta de um dos melhores museus interativos
de Portugal, o Centro de Ciência do Café premiado em 2015, motivo de orgulho de
Campo Maior, a Capital do Café que integra o Grupo Delta. Já a visita à Adega
Mayor, investimento mais recente do Comendador Rui Nabeiro com traço do
arquiteto Álvaro Siza, fica para próxima ocasião. Que o tempo era de rolar até
Elvas, com longas mas pouco monótonas retas de paisagens ‘decoradas’ com gado e
onde até algumas lebres fizeram questão de saudar os motociclistas. Uma volta
pela cidade, contornando as muralhas que defendem a cidade mais abaluartada do
Mundo antecedeu a chegada à Praça da República, exclusivo dos motociclistas
durante um quente e trovejante final de tarde.
Umas
pingas de chuva caíram mas nada de suficiente para arrefecer escaldante evento
que, em dia de encerramento, levaria os resistentes (praticamente todo o
pelotão!) até ao centro de Faro depois da travessia do longo e desértico
Alentejo. Terceira etapa cujos Oásis da Honda e Yamaha confirmaram envolvimento
crescente das marcas ligadas ao universo motociclístico, aproveitando forma
ímpar de proximidade com clientes e amigos, em dia marcado pela paragem na
praia fluvial das Minas de S. Domingos. Momento por muitos aproveitado para um
refrescante banho na Praia Fluvial da Tapada Grande até por Nuno Laurentino, o
mais laureado nadados português de todos os tempos, e onde um ‘Cristo’
caminhando sobre as águas ‘batizava’ os encharcados motociclistas que tudo
faziam para conquistar mais um furo na tarjeta de plástico que atesta a
passagem pelos 18 controlos, confirmando cumprimento da totalidade do percurso.
Ponto alto de etapa que teve na visita ao Café Perdigão, na remota aldeia de
Rosário, outro momento realmente único e que só o Lés-a-Lés permite descobrir.
Casa comercial com mais de meio século de existência, propriedade do senhor
Amador Perdigão e da esposa D. Inácia onde, além do cafezinho (Delta, pois
claro!) ou da cerveja mais ou menos fresca, é possível cortar o cabelo ou a
barba ou até encontrar peças para as mais antigas motorizadas e que deixou
todos os que ali pararam completamente boquiabertos. Claro que não podiam
faltar mais castelos ou não estivéssemos bem pertodas fronteira com Espanha,
palco de imensas disputas e batalhas ao longo dos séculos, de Monsaraz a Noudar
e Mértola, com direito a passagem pela Amaraleja, em tempos a maior aldeia de
Portugal e famosa pelos recordes de temperatura e por aquela que já foi a maior
central fotovoltaica do Mundo.
Isto
antes da ponta final, de elevado prazer de condução pela serra algarvia até
Faro, com direito a vislumbrar o Monumento ao Motociclista e a sede do Moto
Clube de Faro, marcos que sublinham a cidade algarvia como capital nacional do
motociclismo. Ponto final no 19.º Portugal de Lés-a-Lés e que será palco de
partida da comemorativa edição dos 20 anos da maior maratona mototurística do
Mundo.
Fonte:
O Gabinete de Imprensa19.º Portugal de Lés-a-Lés/Parceria Notícias do Pedal
Sem comentários:
Enviar um comentário