segunda-feira, 28 de setembro de 2020

“Volta a Portugal/Luís Gomes foi a sensação em jornada de sinais dúbios de Brandão”


A primeira etapa em linha da edição especial foi também o primeiro grande momento de implementação estrita do protocolo sanitário relativo à COVID-19

Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO) contrariou hoje a supremacia da W52-FC Porto, vencendo no alto de Santa Luzia, ponto final da primeira etapa da Volta a Portugal em bicicleta, num dia em que Joni Brandão deu sinais de debilidade.

“A minha equipa fez um excelente trabalho para me colocar na frente no início da subida. Sei que sou um homem rápido e ‘sprintei’ a dar tudo o que tinha para ganhar. O António Carvalho atacou de longe e o Daniel Mestre teve de fechar o espaço. Fui na roda dele e poupei-me para a parte final. Foi esse bocadinho que fez a diferença”, reconheceu um emocionado Gomes, que se impôs aos ‘dragões’ Daniel Mestre e Gustavo Veloso, que manteve a amarela.

Numa jornada sem diferenças de tempo entre os principais candidatos, que cortaram a meta com o tempo de 04:24.41 horas, só a forma de Joni Brandão (Efapel) deixou dúvidas, com o campeão em título, João Rodrigues (W52-FC Porto), a dar uma demonstração de força na véspera da Senhora da Graça.

A primeira etapa em linha da edição especial foi também o primeiro grande momento de implementação estrita do protocolo sanitário relativo à COVID-19, originando o caos na chegada das equipas e motivando mesmo o atraso do arranque da tirada em Montalegre, devido ao ritual a que foram sujeitos os ciclistas, obrigados a retirar a máscara para um contentor próprio e a desinfetar as mãos antes de alinharem diante do risco de saída.

Numa Volta estranha para todos, a etapa mais longa desta edição (180 quilómetros) começou também ela de forma atípica, com a fuga do dia a ser formada apenas por Marvin Scheulen (LA Alumínios-LA Sport).

O jovem de 23 anos, que saltou do pelotão nas primeiras pedaladas, chegou a ter mais de oito minutos de vantagem sobre o pelotão, placidamente comandado pela W52-FC Porto, mas, na passagem pelo alto de Covide, a primeira contagem de montanha deste ano, de terceira categoria, a diferença já estava reduzida a quatro minutos.

Ainda antes de Marvin Scheulen ser alcançado, a 13 quilómetros da meta, outro português assumiu o protagonismo momentâneo da primeira tirada: na zona de abastecimento apeado, o sempre azarado Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) caiu, levantou-se, mas teve de aguardar, sentado nos rails e de braços cruzados, por uma nova bicicleta.

Chateado, o vencedor do Troféu Joaquim Agostinho ‘barafustou’ com César Martingil, já quando reentrava no pelotão, e continuou a erguer repetidamente os braços para o seu carro, num claro sinal de descontentamento para com aquilo que, depois de cortar a meta, definiu como “falta de experiência de um colega que está a fazer a primeira Volta a Portugal”.

Seria esse o episódio mais marcante antes do início da ascensão a Santa Luzia, momento escolhido por João Rodrigues (W52-FC Porto) para assomar à frente do pelotão, quando Rafael Lourenço iniciava a estratégia delineada pela Kelly-Simoldes-UDO para levar Luís Gomes à vitória e Henrique Casimiro a salvo até ao ponto mais alto de Viana do Castelo – só a primeira missão seria bem sucedida, com o alentejano a ceder 32 segundos na meta.

“No ‘briefing’, tínhamos decidido que íamos fazer a corrida para mim e tentar que o Henrique Casimiro não perdesse tempo aqui. Os meus colegas colocaram-me muito bem lá em baixo, entrei na frente. Tive de sofrer um bocadinho porque estava tudo muito desorganizado, mas consegui manter-me ali. À medida que os quilómetros da subida foram passado, eu ia sentindo-me bem e, quando vi a placa dos 250 metros, tentei a minha sorte. Tenho explosão para este tipo de finais e, graças a Deus, consegui ganhar”, descreveu o ciclista de 26 anos.

Para somar o seu segundo triunfo profissional, e o segundo na Volta a Portugal depois da escalada vitoriosa à Serra do Larouco no ano passado, Gomes teve de resistir a um ataque em força de António Carvalho, que deixou em apuros o seu líder Joni Brandão. Embora tenha terminado a tirada com o mesmo tempo dos restantes candidatos, o chefe de fila da Efapel deu sinais de debilidade, sentando-se no chão, exausto, após cortar a meta, sob o olhar atento de João Rodrigues.

Na terça-feira, as dúvidas quanto ao estado de forma dos favoritos serão esclarecidas, nos 167 quilómetros entre Paredes e a mítica Senhora da Graça, para os quais Veloso vai partir com um segundo de vantagem sobre Daniel Mestre e quatro sobre Daniel Freitas (Miranda-Mortágua).

Fonte: Sapo on-line

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