Um
enorme sucesso a 3.ª edição da grande aventura organizada pela Federação de
Motociclismo de Portugal, ligando Boticas a Lagoa em travessia nacional por
caminhos de terra batida, estradões mais rolantes ou trilhos mais enduristas,
que visitou alguns dos mais recônditos locais do mapa lusitano. Sucesso bem
patente nos rostos cobertos de pó, com evidentes sinais de fatiga disfarçados
por sorrisos de quem viveu três dias de prazer de condução em ‘off-road’ e
espírito de camaradagem, recheados de estórias para todos os gostos, dos furos
à falta de gasolina, dos enganos no percurso que levaram a aldeias perdidas
onde não faltou a oferta de uma cerveja gelada ou bom copo de tinto até às
sempre enriquecedoras conversas com as populações visitadas. E que deixou nos
mais de 250 motociclistas que chegaram a terras algarvias sentimento de ‘missão
cumprida’, participando de forma ativa da Campanha Reflorestar Portugal de
Lés-a-Lés.
Chamada
de atenção para a importância das árvores autóctones na revitalização das áreas
ardidas, este verão como em anos anteriores, explicando à população as
mais-valias de optar por espécies mais adaptadas a cada região, do
carvalho-roble à azinheira, do sobreiro à cerejeira-brava, do carvalho-negral
ao choupo branco, ou ainda do pinheiro-manso ao medronheiro. Estas duas
espécies foram as aconselhadas pelos especialistas para o algarvio concelho de
Silves, entregues de forma simbólica a Jorge Ponciano, chefe de gabinete da
presidente, Nélson Correia, responsável da Proteção Civil, que as plantaram na
Quinta Pedagógica. Espaço onde a sensibilidade ambiental é instigada de forma
divertida desde as mais tenras idades, e que poderá receber boa parte das 400
árvores que serão plantadas no concelho, em novembro.
Ponto
final da aventura que ontem partiu de Arraiolos para 291 quilómetros através
dos rápidos e divertidos estradões tipicamente alentejanos onde a velocidade
exponenciou o gozo de condução entre sobreiros, permitindo vislumbrar, aqui e
ali, pastos extremamente secos e gado alimentado a ração e feno. Piso duro a
que se seguiu boa dose de areia, com complicações acrescidas para as motos de
grande porte, logo a seguir à travessia do Tejo com passagem rápida pelo
distrito de Santarém antes da reentrada nos mais rápidos trajetos
portalegrenses, rumo à serra algarvia. Onde a visão do mar deu dose extra de
força anímica rumo a Lagoa onde houve festa rija com sotaque internacional, dos
45 espanhóis (e muitos catalães…) ao participante alemão, passando pelos 5
suíços, 4 franceses, 2 belgas e 1 irlandês. Pelotão heterogéneo também nas
motos, com predominância repartida entre as Honda CRF 1000 Africa Twin e BMW
R1200 GS, ma onde não faltaram Yamaha Téneré e Super Téneré, imensas KTM, de
todas as cilindradas, Husqvarna, Sherco, um grupo de ‘clássicas’ Africa Twin
650, e as nacionais AJP, das mais leves PR5 à ‘africana’ PR7. E Vespa!
Como
a PX 125 (com kit Polini 177 cc) que Iñigo Carrasco levou até à meta, passando
o pórtico de chegada, em Lagoa, sob enorme chuva de aplausos. Festa merecida
depois dos contratempos que afetaram o galego de Vigo que, juntamente com o
amigo Jose Horjales, participaram pelo 3.º ano na maratona que liga dois
extremos do mapa nacional. E se, no primeiro ano, “a desistência foi forçada
logo no primeiro dia, com muita sujidade na gasolina, para em 2016 terminar sem
problemas ao contrário do Jose que ficou a 70 quilómetros do final”. Por isso,
voltaram a insistir este ano, e se Iñigo chegou ao final sem contratempos de
maior “apenas muitas limpezas do filtro de ar devido ao pó”, já Jose “voltou a
ficar pelo caminho com o motor a acusar o peso dos anos, sem compressão
suficiente para seguir caminho”.
O
clima de festa que coroou a chegada do galego repetiu-se com outros
participantes, cada um com sua história particular de superação, deixando de
lado receios da extensão ou da previsível exigência técnica para se abalançarem
em tamanha empreitada. Aventura para Homens de barba rija que várias mulheres
cumpriram sem qualquer tipo de temor. Das seis à partida, apenas uma ficou pelo
caminho, na parte mais dura do evento da FMP, com subida em pedra logo a seguir
à Régua, onde um pé mal apoiado valeu lesão na tíbia. Desânimo que não faz
esmorecer “vontade de regressar” e descobrir Portugal em todo o seu esplendor,
entre Trás-os-Montes e o Algarve. Como o fez a jovem feirense, Márcia Monteiro,
que aos comandos da pequena AJP PR5 250 cumpriu todo o percurso “com mais ou
menos dificuldades, em três dias bem divertidos, de descoberta de paisagens que
só não são mais espetaculares devido aos incêndios que enegreceram muitas das
serras portuguesas”.
Motivo
que foi mote para a bem-sucedida Campanha Reflorestar Portugal de Lés-a-Lés,
deixando árvores autóctones em vários concelhos, em simbolismo que será
materializado mais tarde, na altura ideal para a sua plantação, com entrega de
vários milhares de jovens árvores. Para que, daqui a alguns anos, esta aventura
de descoberta possa encontrar paisagens mais verdes, trilhos mais frescos,
reforçando o prazer de conhecer um País de beleza ímpar.
Fonte:
Gabinete de Imprensa Portugal de Lés-a-Lés/Parceria Notícias do Pedal
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