O pelotão nacional usa ‘auxiliares de memória’ nas bicicletas, uma originalidade relativamente às equipas estrangeiras que, garantem os seus utilitários, é essencial durante as etapas da Volta a Portugal.
Há ‘stickers’
informativos para todos os gostos: uns de inspiração motivacional, como
os da Efapel (o hashtag #estaescrito encabeça as indicações), outros do mais
simples possível, como o eram os da Rádio Popular-Boavista, outros ainda com
códigos de cores, como os que Hernâni Broco cola nas bicicletas da LA
Alumínios-LA Sports enquanto fala com a Lusa.
“Isto é tipo uma
cábula para eles terem. No nosso caso, colocamos o início de cada montanha, o
final de cada montanha, e a categoria da montanha, metas volantes,
abastecimentos. Neste caso, como o final coincide com uma montanha, pusemos as
duas referências, mas sempre a amarelo”, explica o diretor
desportivo.
Pela sua experiência como
ciclista, Broco não tem dúvidas que aquelas tirinhas aparentemente ‘decorativas’, coladas nos quadros das
bicicletas e usadas em complemento com o GPS instalado nestas, são essenciais
para os seus corredores.
“Não
podemos descartar também a análise deles do percurso, mas é fundamental. Eu,
com a experiência que tenho, coloco sempre também o início de cada subida para
terem a perceção da colocação na subida e não só do final. Mas é fundamental ao
longo do dia, porque muitos deles são muito esquecidos, outros não, mas assim
vão tendo alguma informação”, nota ainda.
Basicamente, aqueles ‘stickers’ são “um roadbook”, segundo o diretor
desportivo da LA Alumínios-LA Sports, e têm de ser “do mais tradicional e do mais simples”.
“Não se
pode por muita informação quando as pulsações vão muito altas, o oxigénio já
não chega ao cérebro, e quanto mais simples e eficaz, mais fácil é para eles é
interpretarem”, conclui.
Mas aquilo que é corriqueiro
para as equipas portuguesas é prescindível para a grande maioria das
estrangeiras que estão a participar na 82.ª Volta a Portugal, nomeadamente para
a Movistar.
“Nós
estamos um passo à frente das equipas internacionais. Aquilo, por acaso, faz
muito jeito, porque, como sabem, já fiz o Giro três vezes, a Volta a Espanha
quatro, e tinha sempre de tirar notas do que ia acontecer na etapa. Isto é um
auxílio de memória para não teres de decorar aquilo tudo”,
recorda André Cardoso.
Evocando o seu currículo
internacional, o experiente ciclista da Efapel, que terminou todas as grandes
Voltas em que participou dentro do ‘top 25’ e que foi 14.º no Giro, em 2016, e
16.º na Vuelta em 2013, lembra que a necessidade das ‘cábulas’ nessas corridas
ainda era maior.
“Até
porque estamos a falar de etapas que têm quatro contagens de montanha, três
metas volantes, os quilómetros da etapa, o abastecimento, e estas referências
são muito úteis para nós ciclistas. Lá fora não faziam este ‘sticker’. E eu
acho que dá muito jeito”, acrescenta.
Nos seus seis anos no
estrangeiro, só no último dos que passou na Cannondale (2016), houve uma
conversão ao método português.
“Mas
faziam manualmente. O diretor escrevia e pedia ao mecânico para colar nas
bicicletas. Aqui, estamos um passo à frente, temos o ‘sticker’ feito pela
equipa, tudo direitinho”, diz.
E o da sua Efapel até tem
frase motivacional: “O que está escrito é que
temos um grupo fantástico. Já desde o início do ano que brincávamos com essa
situação, que ia ser um grande ano para a equipa”.
Fonte: Lusa
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