Figueiredo e Antunes reeditaram, com papéis invertidos, o duelo que travaram na Senhora da Graça no ano passado, e, desta vez, foi o ciclista da Efapel a poupar-se para estrear o seu palmarés na prova rainha do calendário nacional
Foto: Nuno Veiga/Lusa
Frederico Figueiredo
‘vingou-se’ hoje de Amaro Antunes, ao impor-se na Guarda, na quarta etapa da
Volta a Portugal em bicicleta, num dia em que a obsessão da Efapel pela W52-FC
Porto ‘salvou’ a amarela de Alejandro Marque.
Figueiredo e Antunes
reeditaram, com papéis invertidos, o duelo que travaram na Senhora da Graça no
ano passado, e, desta vez, foi o ciclista da Efapel a poupar-se para estrear o
seu palmarés na prova rainha do calendário nacional, com a sua equipa, que o
perseguiu nos quilómetros finais, a poder ainda congratular-se por ter impedido
o campeão em título de chegar a amarela, por meros cinco segundos.
“Era uma
pergunta que eu esperava já. Sim, [a Senhora da Graça] está vingada. Ainda
falta pagar uma, porque a Serra da Estrela também ficou marcada”, respondeu
‘Fred’, entre gargalhadas sonoras, revelando que o seu
companheiro de fuga o convidou “umas certas
vezes” para ajudar no trabalho que os levou a subir ao pódio da
geral da 82.ª edição.
Muito antes do ataque que
redefiniu as contas da geral, e que quase evitava que Marque passasse o dia de
descanso de amarelo, já as duas equipas demonstravam o ‘ódio’ que as separa.
‘Humilhadas’ pelos
galegos do Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel na Torre, W52-FC Porto e Efapel
tentaram ‘mexer’ na corrida ainda longe da Guarda, com Ricardo
Mestre, Daniel Mestre e Ricardo Vilela (W52-FC Porto), Rafael Reis e Javier
Moreno (Efapel), aos quais se juntou Roniel Campos (Louletano-Loulé Concelho),
a isolarem-se decorridos que estavam 50 quilómetros dos 181,6 desde Belmonte.
As duas equipas não aprenderam
com os erros da véspera e, embrenhadas na sua rivalidade intestina, não uniram
esforços para que a fuga vingasse, nunca alcançando mais de 1.20 minutos de
vantagem sobre o primeiro pelotão comandado pelos tavirenses.
Na subida a Videmonte,
instalada a menos de 30 quilómetros da meta, atacaram Antunes e Figueiredo,
que, pouco antes, tinham estado momentaneamente na fuga entretanto extinta, com
o algarvio da W52-FC Porto a trabalhar a solo, com o corredor da Efapel sempre
na roda – inverteram-se os papéis em relação à etapa da Senhora da Graça do ano
passado, quando o ‘dragão’ aproveitou o esforço de ‘Fred’, sem passar uma única
vez pela frente, para chegar à amarela.
Com a ‘escolta’ reduzida a Gustavo Veloso, que
caiu ao quilómetro zero e hipotecou definitivamente o sonho de se despedir do
ciclismo com uma terceira vitória na Volta a Portugal, Marque teve um problema
mecânico, perdeu uns 45 segundos, e ‘obrigou’
o então segundo classificado da prova a parar para o rebocar, quando, na
frente, o duo já levava quase dois minutos de vantagem.
O campeão em título ainda
tentou convencer Figueiredo a colaborar, para ouvir um rotundo não do homem que
desempenhou um papel decisivo no seu triunfo. Nada que demovesse o portista,
que continuou a pedalar rumo ao objetivo de vestir a amarela, facilitado pelo
facto de Veloso ser o único a perseguir no cada vez mais diminuto pelotão.
Com o triunfo na etapa bem
encaminhado – menos desgastado, o terceiro classificado da edição especial não
teve dificuldades para bater o algarvio na meta, que os dois cruzaram com o
tempo de 04:28.25 horas -, os homens da Efapel decidiram, por capricho, que não
queriam que Antunes vestisse a amarela e, a três quilómetros da chegada,
iniciaram uma feroz perseguição ao seu próprio ciclista para ‘oferecerem’ mais
um dia de liderança a Marque.
“Epá, eu
fiquei um bocado surpreendido. Ia o Fred à frente, mas eles [Efapel] é que fazem
a sua corrida e fazem a sua tática. Aí não nos podemos meter”,
disse o galego de 39 anos, que vai para o dia de descanso de amarelo, com
apenas cinco segundos de vantagem sobre Antunes e 25 sobre Figueiredo,
respetivamente segundo e terceiro.
Joni Brandão (W52-FC Porto),
quarto a 1.08 minutos, sucede-lhes, seguindo-se Mauricio Moreira (Efapel),
terceiro na etapa de hoje, a 59 segundos do vencedor – não fosse a penalização
de 40 segundos da véspera estaria a 29 da amarela, com António Carvalho, por
parte da formação ‘amarela’, e João Rodrigues, o ‘portista’ campeão da prova em
2019, a ainda estarem na corrida pelo pódio, com diferenças de 01.26 e 01.31
para a amarela.
O pelotão volta a estrada na
terça-feira, para cumprir os 171,3 quilómetros da quinta etapa, que liga Águeda
a Santo Tirso.
Fonte: Sapo on-line
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