As autárquicas estão à espreita e no pelotão da 82.ª Volta a Portugal há quem ande em campanha, com Amaro Antunes (W52-FC Porto) a suceder a Rui Sousa como aspirante à presidência de uma junta de freguesia
Por: Nuno Veiga/Lusa
O ciclista Amaro Antunes (E),
da W52 - FC Porto, e Rui Sousa, antigo ciclista presente na Volta deste ano
como elemento da organização, têm em comum não só o ciclismo, mas também a
política
“Sou uma
pessoa que gosta de desafios, e a política é um pouco o sair da minha zona de
conforto, é algo que me está a motivar muito, de verdade. Porque o desporto e o
ciclismo ensinaram-me que, se queremos algo, temos de lutar muito e a política
é isso mesmo: temos de ter persistência para lutar por aquilo que, neste caso,
a freguesia de Vila Nova de Cacela, necessita”,
evidenciou o campeão da edição especial da Volta a Portugal.
Amaro Antunes, o ciclista que
é candidato à Junta de Freguesia de Vila Nova de Cacela, nas eleições
autárquicas de 26 de setembro, já fala como o político que quer vir a ser,
dizendo sentir que este é um passo que pode dar, por ter capacidade e uma
grande equipa para ajudá-lo neste novo desafio, lançado por Luís Gomes, o
candidato do PSD à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António.
“Obviamente,
e não escondo isso, já tinha andado a pensar nesse tipo de coisas até porque,
inclusive, o nosso diretor desportivo [Nuno Ribeiro] também já foi candidato à
junta da freguesia dele, e foi sempre um tema de que falávamos. Lá está, é uma
área que me dá aquela verdadeira ‘pica’, porque é uma área em que também há
aquele despique entre partidos e isso motiva-me”,
admitiu em declarações à agência Lusa.
O candidato Amaro Antunes,
cujo slogan de campanha é “Por Amor a Vila
Nova de Cacela”, acredita que, caso seja eleito, vai conseguir
conciliar as duas carreiras, a do ciclismo, que o levou a conquistar a edição
especial da Volta a Portugal e a ser um dos ‘pesos pesados’ do pelotão nacional
atual, e a da política.
“Tenho as
coisas bastante bem estruturadas, até porque estamos a falar de uma junta. O
próprio Rui Sousa também o era [ciclista-presidente de junta]. Sei nos momentos
em que poderei optar mais pelo ciclismo, mas acho que a modalidade dá-nos a
liberdade suficiente para poder fazer as duas coisas sem prejudicar uma em
função da outra”, defendeu.
O algarvio de 30 anos, “por
acaso”, ainda não teve oportunidade de pedir conselhos ao seu antecessor, mas,
desafiado pela Lusa, Rui Sousa, o recandidato à presidência da União de Freguesias
de Barroselas e Carvoeiro, antecipou-se.
“Já me
apercebi que o Amaro é candidato a uma junta de freguesia no Algarve e os
conselhos que lhe dou estão relacionados com princípios que eu considero que
são fundamentais e que são praticados naquela que é a nossa modalidade: a
seriedade, a lealdade, um sentido de proximidade com a comunidade. Acho que
isso é o mais importante”, enumerou.
Presidente daquela junta de
freguesia do concelho de Viana do Castelo há oito anos, Sousa conciliou durante
quatro temporadas a política com o ciclismo, modalidade na qual se destacou
como segundo na Volta a Portugal em 2014 e terceiro em 2013, 2012, 2011 e 2002
– ganhou ainda cinco etapas, a última das quais na sua despedida, em 2017.
“Os anos
que vivi como presidente da junta e ciclista, na realidade, foram difíceis.
Vivia com alguma pressão: às 15:00, tinha atendimento na junta, e aconteceu-me
por diversas vezes chegar a casa e ter meia hora para ir para o atendimento,
entre o tomar banho e o vestir e o comer. Enquanto os meus adversários estavam
a descansar, eu estava a atender pessoas. Aconteceu dezenas e dezenas de vezes,
e não foi um trabalho muito fácil”, afirmou.
Ainda hoje uma das figuras
mais carismáticas do ciclismo nacional, o antigo corredor, que está na 82.ª Volta
a Portugal, que decorre entre 04 e 15 de agosto, integrado na organização,
recordou um episódio ‘duro’ e caricato no seu percurso ciclista-presidente,
que pode muito bem alertar Antunes para aquilo que o espera caso seja eleito.
“Houve um
ano em que, dois dias antes da Volta a Portugal começar, eu estava numa
procissão, numa festa, na minha União, com 40 graus. E eu vestido de fato, com
um calor.… enquanto os outros estavam a descansar, eu estava ali, em ‘cima das
pernas’, como dizemos muitas vezes no ciclismo. Foram duas horas de
procissão... curiosamente, até fiz uma boa Volta, fui ao pódio, acho que a
Santa Ana, que é a padroeira dessa procissão, me deu um empurrão”,
brincou.
O campeão nacional de estrada
de 2010 e duplo vencedor da classificação da montanha da Volta a Portugal (2008
e 2012), que escolheu o lema “Renovar a
Confiança” para a sua recandidatura pelo Partido Socialista às
eleições de 26 de setembro, acredita que Antunes irá sair-se bem no seu novo
papel, porque, enquanto ciclista, aprendeu a trabalhar em equipa e a estar
próximo das pessoas.
“As
pessoas abordam-nos em qualquer sítio, na rua, até em casa. Nós não somos
políticos profissionais e, de certa forma, aquilo que nos engrandece é isso
mesmo”, concluiu.
Fonte: Sapo on-line
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