Fotos:
José Morais, JanecaPhoto, Aldrabiscas
O ciclista português da W52-FC
Porto venceu pela primeira vez, aos 29 anos, a prova rainha do ciclismo
nacional e que tinha no colega de equipa Gustavo Veloso, vencedor das duas
últimas edições da Volta a Portugal, o grande favorito.
Com a camisola amarela desde a
terceira etapa, Rui Vinhas partia para os últimos 32 quilómetros com uma
vantagem de 2,25 minutos sobre o seu “chefe de fila”, especialista em
contrarrelógio e que ainda acalentava esperanças de alcançar a terceira vitória
em Portugal.
Mas, o corredor de Valongo,
aguentou-se e perdeu apenas 54 segundos na etapa, vencida pelo espanhol com o
tempo de 40.46,73 minutos e, cinco anos depois do êxito de Ricardo Mestre, deu
à Volta um novo vencedor português.
Rui Vinhas afirmou-se muito feliz
pela vitória, e que “sabia que vinha a fazer um bom tempo, sofri bastante
nestes 32 quilómetros, mas estou nas nuvens”, referindo que o fato de muitos
portugueses pedirem uma vitória nacional lhe deu “mais confiança e hoje passei
os meus limites para tentar fazer o melhor possível”.
O ciclista fez questão de agradecer
ao colega de equipa, Gustavo Veloso, porque “ele trabalhou bastante comigo para
esta vitória, ajudou-me bastante nesta preparação para a Volta” e, apesar de
vitorioso, defendeu que “o Gustavo era o homem mais forte da prova e tive a
sorte de ganhar uns minutos em Macedo de Cavaleiros, a partir daí tentei
defender-me ao máximo e o Gustavo ajudou-me muito nisso”.
O espanhol, que partilhou com
Vinhas um abraço emocionado no fim da meta, disse à RTP que o colega “fez o
contrarrelógio da sua vida. Defendeu-se muito bem. Demonstrou que é forte. É
uma mistura de sentimentos. Estou feliz por Rui Vinhas ter ganho e a vitória
ter ficado na equipa, mas é difícil saber que és o mais forte da Volta e não
consegues ganhar. Qualquer pessoa no meu lugar conseguia perceber o que sinto
agora".
Aurora Cunha, antiga maratonista e
três vezes campeã do mundo de estrada, declarou, ainda no início da etapa e sem
vencedor conhecido, que “por tudo o que o Rui Vinhas fez durante esta Volta,
merecia ganhar e para o ciclismo nacional acho que seria uma mais- valia ter um
português no pódio. Ontem tive oportunidade de dizer ao Rui que, para tudo na
vida há uma oportunidade e para ele acreditar, correr com garra e fazer
história no ciclismo porque este é o ano dele.
Acima de tudo, tivemos uma grande
Volta a Portugal, com melhorias de chegadas e partidas e toda a estrutura
organizadora está de parabéns. Esta foi a Volta mais quente destes últimos três
anos, mas o povo sai à rua e vem ver os ciclistas porque o ciclismo é uma
daquelas modalidades de sofrimento e de ter uma grande capacidade de reação nos
momentos menos bons”.
O espírito de equipa é também algo
inerente a esta modalidade, como Pinto da Costa, presidente do F.C. Porto,
referiu:
“Estou muito satisfeito pelo
triunfo, mas sobretudo pela vitória do espírito de união do coletivo. Foi pelo
que fizeram desde o primeiro dia, como uma equipa bem unida, que posso
considerá-los a todos vencedores da Volta a Portugal” e afirmou que a parceria
W52/ Porto é para manter por mais alguns anos para “continuar a ganhar Voltas e
o que vier à mão”.
Para Fernando Medina, presidente da
autarquia lisboeta, a Volta é “um dos grandes eventos nacionais, dos mais
carismáticos e mais queridos e foi através desta iniciativa e pela RTP que
muitos portugueses foram conhecendo o seu país” e, defende que “a chegada a
Lisboa é sempre muito especial, desta vez em contrarrelógio e sempre na
expetativa do final, que, este ano, nos trouxe uma vitória portuguesa”.
O presidente da prova, Fernando
Gomes, afirmou que o regresso de um português às vitórias “nos deixa muito mais
confortáveis e dá-nos mais alento para trabalhar e acreditar que, em 2017,
vamos enriquecer a celebração dos 90 anos da Volta a Portugal”, revelando que,
no próximo ano, o início da prova será, provavelmente em Lisboa, mas que
terminará certamente em Viseu “um dos municípios mais fortes destes últimos
anos na Volta”.
A 78ª edição da Volta a Portugal, a
mais dura e mais longa, com 1618,7 quilómetros marcou o regresso do Sporting e
do F.C. Porto ao ciclismo, com estes últimos a dominarem por completo a prova
ao conseguirem também a camisola verde da classificação por pontos (Gustavo
Veloso) e a liderança da classificação por equipas, com uma vantagem de 16m46s
para a segunda formação, a Rádio Popular Boavista.
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