Segundo o advogado, Nuno Ribeiro “foi pressionado a obter resultados” e vivia um “ambiente de medo”
Por: José Santos
Foto: Ricardo Jr.
A defesa de Nuno Ribeiro, antigo
diretor desportivo da W52-FC Porto, pediu esta quinta-feira uma pena atenuada
para o seu constituinte, apontando responsabilidades ao empresário Adriano
Sousa Quintanilha e negando que Nuno Ribeiro tenha alguma vez obrigado atletas
a consumir substâncias proibidas.
Nas alegações finais do
julgamento da operação ‘Prova Limpa’, que decorre em Paços de Ferreira, o
advogado de Nuno Ribeiro sublinhou que “não existe uma única prova” de que o
arguido tenha imposto a toma de qualquer substância dopante aos ciclistas da equipa.
“Nenhum dos atletas afirmou que foi coagido por Nuno Ribeiro a usar substâncias
proibidas”, referiu.
A defesa apontou a “pressão
desportiva e económica” como contexto para os comportamentos ilícitos detetados
entre os atletas. “Todos sabem quem é a W52 por causa do ciclismo e quem é o
sr. Adriano por causa da W52”, afirmou o advogado, referindo que era o próprio
empresário quem geria diretamente os orçamentos da equipa.
Foram feitas duras críticas a
Adriano Quintanilha, descrito como alguém “que insultava, coagia e gritava”.
Foi ainda recordado que o médico da equipa recebia apenas 200 euros por mês,
impossibilitando-o de acompanhar a formação em várias competições, precisamente
por falta de verbas atribuídas pelo empresário. “Diz que não sabia de nada, mas
controlava até ao último cêntimo”, apontou a defesa.
O advogado referiu ainda que o
empresário jantava frequentemente com os atletas e que, apesar de alegar
distanciamento, objetos ligados a práticas dopantes foram encontrados num
camião da sua empresa. Foi também lançada a dúvida sobre a alegada exigência de
um milhão de euros ao FC Porto por parte de Nuno Ribeiro, questionando se tal
não terá sido feito por indicação do próprio Adriano Quintanilha.
Segundo a defesa, Nuno Ribeiro
“foi pressionado a obter resultados” e vivia um “ambiente de medo”. “A obsessão
por resultados e o retorno mediático da marca levaram a uma pressão constante,
que destruiu a estrutura da equipa”, referiu.
A defesa destacou ainda o
impacto pessoal e familiar que o processo teve em Nuno Ribeiro. “Perdeu a
carreira, o respeito dos filhos, vive com vergonha, já foi julgado pela
sociedade. A sua confissão foi importante para apurar a verdade”, afirmou o
advogado, sublinhando que o ex-diretor desportivo “atuou sob ameaças graves” e
sempre viveu do seu salário.
“Não tem nem nunca teve
capacidade financeira para suportar esquemas de doping. Foi o único que teve
coragem para dizer a verdade neste processo”, acrescentou, pedindo que o
coletivo de juízes leve em conta a colaboração prestada e a sua situação
pessoal. “Por tudo isso, a pena aplicada a Nuno Ribeiro deve ser atenuada. E
nunca deve ser de prisão efetiva.”
Fonte: Record on-line
Sem comentários:
Enviar um comentário