Prova arranca sábado e ciclista da UAE é o único português presente
Por: Lusa
Foto: Instagram/Rui Oliveira
Rui Oliveira vai iniciar a sua
quinta grande Volta com a "boa responsabilidade" de tentar levar Juan
Sebastián Molano às vitórias ao sprint, com o único ciclista português no Giro
a 'acumular' ainda a missão de
ajudar Tadej Pogacar.
"É
sempre uma responsabilidade estar numa equipa como a UAE [Emirates], ainda para
mais vindo para uma grande Volta em que a principal missão é ajudar o Tadej.
Mas, obviamente, venho principalmente com o papel de tentar levar o Molano às
vitórias no sprint. Para mim, é uma boa responsabilidade, não sinto pressão,
porque já trabalhei muito com ele, tenho vindo a trabalhar, e isso dá-me
bastante confiança", começou por dizer à Lusa o
único representante luso que estará, no sábado, à partida da 107.ª Volta a Itália,
em Venaria Reale.
Aos 27 anos, Rui Oliveira
alinhará pela segunda vez na 'corsa rosa',
depois da estreia em 2022 - particiou também nas edições de 2020, 2021 e 2023
da Volta a Espanha, desta vez como lançador do sprinter colombiano Juan
Sebastián Molano, com quem treinou recentemente durante quase três semanas na
Colômbia.
"Foi
importante, porque conseguimos trabalhar aspetos técnicos, de sprint e de
lançamentos, que só estando juntos é que se conseguem afinar, e estamos mesmo
muito confiantes para o que aí vem. Acho que vai ser um bom Giro para nós",
avaliou, ressalvando, contudo, que esta edição, que terminará em 26 de maio, em
Roma, tem o mais forte conjunto de nomes "dos
últimos anos no sprint em grandes Voltas".
Mas as tarefas do português na
UAE Emirates não se esgotarão nos lançamentos de Molano nas (poucas) chegadas
ao sprint, uma vez que a 'todo-poderosa' equipa
dos Emirados terá nas suas fileiras o esloveno Tadej Pogacar, em estreia na
Volta a Itália, mas já destacado favorito à 'maglia
rosa' final.
"Antes
de irmos ao sprint, se calhar todas as etapas vamos ter de salvaguardar o
Tadej. Esse é o principal objetivo e estamos todos cientes disso. Se calhar,
vai haver dias em que vai ser difícil até ir ao sprint ajudar o Molano, porque
vou ter que desempenhar outros papéis. Lá está, ele [Pogacar] é o número um,
sabemos que pode ganhar o Giro, e esse é o grande objetivo",
assumiu.
'Pogi' é,
nas palavras de Rui Oliveira, "o
favorito número um", com o português a destacar que a
ausência de homens como Primoz Roglic, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel "não tira valor à corrida".
"Temos
o Geraint Thomas, [...] o Ben O'Connor... são ciclistas muito fortes, e em três
semanas tudo pode acontecer. Não podemos dar já como garantido nada. Acho que
dia a dia é que vamos vendo como a corrida se desenrola. Obviamente, sabemos
das nossas capacidades e do que o Tadej pode fazer, que é ganhar. Vamos tentar
definir o melhor plano para ele tentar chegar a Roma com a rosa",
completou.
A regressar à competição, após
mais de dois meses de paragem por lesão fraturou o rádio esquerdo numa queda na
Omloop Het Nieuwsblad, o corredor luso sabe que será "difícil" ter uma oportunidade a título individual.
"Se
o Molano ganhar, para mim o meu objetivo vai estar cumprido - o meu objetivo
pela equipa. Eles não esperam que eu dê vitórias neste Giro, mas nunca se sabe
o que pode acontecer, é uma corrida muito caótica. Obviamente, se houver algum
dia em que possa estar bem e que a equipa tenha confiança, sem perder o foco no
objetivo do Tadej e do Molano, por que não tentar? Mas isso vai depender muito
das minhas pernas, do meu ritmo competitivo",
assumiu.
Oliveira confessa não saber "mesmo em que ponto" está,
porque já não corre "praticamente desde
a Volta ao Algarve", em fevereiro, e "isso é uma grande incógnita".
"Trabalhei
muito desde a minha queda - se calhar como nunca antes trabalhei - para chegar
mesmo em grande forma. Vindo da Colômbia, nestes primeiros dias, estou-me a
sentir mesmo muito bem em cima da bicicleta. Prevejo coisas boas, mas só a
estrada e os quilómetros dirão o que se pode passar",
reforçou.
Ser o único ciclista luso na
107.ª edição da Volta a Itália "é
estranho" para o também pistard gaiense, já que em todas as
grandes Voltas em que esteve foi praticamente sempre "acompanhado, tanto na equipa, como no staff, como
no pelotão, por outros portugueses".
"Claro
que gostava de ter aqui todos os portugueses que correm cá fora e podem fazer
as grandes Voltas, mas [eles] têm outros objetivos, e bem. É sempre uma pena,
porque uma pessoa, quando tem dias mais tranquilos, gosta de falar com os
portugueses eu, particularmente, gosto de saber como estão e como vai tudo. Vai
ser uma falta no pelotão ouvir falar português",
admite.
Ainda assim, Rui Oliveira está
simplesmente "contente" por
estar na Volta a Itália: "Isso é o mais
importante, estar à partida deste Giro, [porque] na altura em que caí, parecia
difícil, quase impossível. E estou feliz por tentar lutar por algo histórico
aqui na nossa equipa".
Fonte: Record on-line
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