Apoio não faltou ao ciclista português na sua terra natal
A-dos-Francos gritou hoje “vai João” num coro de incentivos e palmas que
acompanhou o último contrarrelógio de João Almeida na Volta a Itália, onde
o ciclista português fez história, enchendo de orgulho a terra onde nasceu.
Ainda o português não tinha partido e já em A-dos-Francos se gritava em
uníssono “Vai João, vai João”, num grito de incentivo a que se
juntou, à sua partida, um grupo de crianças aos pulos, gritando a plenos
pulmões “João Almeida, João Almeida”.
O nome do ciclista Deceuninck-QuickStep foi, ao longo dos 15 dias em que
vestiu a camisola rosa, o mais falado na aldeia ‘engalanada’ de bicicletas
rosa pintadas nas estradas, faixas rosa em volta das árvores e uma fotografia
gigante do ciclista na rotunda que se tornou uma atração turística.
“Vêm ciclistas de vários locais do país para se fotografarem junto à
imagem de João Almeida”, disse Patrícia Estevão, presidente da Sociedade de
Instrução Musical, Cultura e Recreio (SIMCR) A-dos-Francos.
A sociedade foi hoje o ponto de encontro de dezenas de populares que
ali assistiram à última etapa do Giro, que consagrou o jovem de 22 anos como o
melhor português de sempre na ‘corsa rosa’, ao ser quarto classificado na geral
final. Hoje, e nas duas últimas semanas, desde que o ciclista “tornou
A-dos-Francos conhecida de toda a gente e falada em todas as televisões”,
ressalvou Patrícia Estevão.
É também na sociedade que, desde terça-feira, todos os dias se “pedala por
João”, numa bicicleta estática em que alguém pedalava sempre que o corredor
estava em prova na 103.ª edição da Volta a Itália, que hoje terminou em Milão.
Até ao final do Giro, houve “mais de 65 pessoas a pedalar” que no conjunto
perfizeram, entre terça-feira e hoje, “855 quilómetros”, contabilizaram as
voluntárias que na associação organizam as iniciativas de apoio ao conterrâneo.
Entre participantes de Beja, Porto e Lisboa “fizeram mais quilómetros do
que ele, que entre quarta e domingo fez mais ou menos 740 quilómetros”, notou
Patrícia Estevão.
Mas na esplanada da sociedade onde o écran gigante transmitiu a última
etapa do Giro, nada disse interessava a quem torcia pelo filho da terra.
À sua passagem alguém sugeria “isto era deixá-lo passar a seguir deitar
azeite na estrada”, só para “os outros perderem, não precisavam se se aleijar”.
Ou então, “era ele levar um saquinho com preguinhos pequeninos e ir deixando
cair”.
Mas João Almeida não precisava de nada disso: ao confirmar o quatro lugar
da geral, a coletividade quase veio abaixo ao som das palmas e
dos gritos de “orgulho” dirigidos ao jovem ciclista que, na
terça-feira, será homenageado como um dos mais promissores filhos da terra.
“Foi bom, foi muito
bom”, disse o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Fernando Tinta
Ferreira, enquanto levantava o copo para o primeiro brinde ao atleta que, mesmo
depois de ter perdido a camisola rosa, continua a pintar dessa cor o concelho e
a freguesia rendida ao seu feito.
Fonte: Sapo on-line
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