Por: Lusa
Foto: EPA
A saída de Nairo Quintana da
Movistar aconteceu porque o colombiano precisava de "uma mudança de ares
sem polémicas, nem guerras", justificou esta quinta-feira o ciclista da
Arkéa Samsic em entrevista ao Eurosport.
"Já tinham passado uns
anos e precisava de uma mudança de ares sem polémicas nem guerras, que são
coisas que odeio. Encontrei um sítio onde estou confortável e onde quero
continuar a crescer. Faço o que gosto e só quero desfrutar do ciclismo",
declarou o vencedor do Giro de 2014 e da Vuelta de 2016.
O colombiano, de 30 anos,
despediu-se no final da época passada da Movistar, após oito anos a representar
a equipa espanhola e de uma última temporada 'recheada' de polémicas e
conflitos internos, retratados no documentário 'El Día Menos Pensado'.
Questionado sobre se esses
desentendimentos, maioritariamente relacionados com a liderança da equipa em
momentos chave, como a Volta a França, influenciaram o seu rendimento, Quintana
limitou-se a referir que quando não está "bem num sítio é muito difícil
continuar".
"Se o 'feeling' e a
alegria acabam significa que alguma coisa tem de mudar. Sempre me trataram bem
na Movistar e vivi bons momentos, mas chegou o momento de partir, ainda que com
muita mágoa, e começar um novo caminho", sustentou.
Na Arkéa Samsic, o eterno
pretendente à vitória no Tour -- foi segundo em 2013 e 2015 e terceiro em 2016
-- encontrou aquilo de que precisava, voltando aos bons resultados, ao
conquistar a Volta à Provença e a Volta aos Alpes Marítimos e ao ser sexto
classificado no Paris-Nice, a última prova WorldTour a ser disputada antes da
suspensão do calendário velocipédico devido à pandemia de covid-19.
"Estávamos no bom
caminho. A preparação foi a mesma de outras ocasiões com um treinador que já me
acompanha há uns anos. Mudar de ares e novas motivações influenciam a competir
de outra maneira, porque a bicicleta é a mesma tal como outros elementos. [...]
Quando chegas a um sítio novo, queres sempre fazer as coisas da melhor maneira
possível", realçou.
Apontando a Volta a França
como o seu principal objetivo para esta temporada, "mais ainda estando
numa equipa francesa", Quintana assumiu no programa 'La Montonera', do
Eurosport Espanha, que o estado de forma com que vai chegar à prova francesa é
"realmente uma incógnita".
"Até mesmo o resultado
final da corrida será particular. No final de contas, tens colegas que treinam
cinco horas enquanto tens treinadores a dizer para não treinar mais de três
horas, já para não falar do debate sobre se é melhor treinar de manhã ou de
tarde... Nem todos treinamos o mesmo tempo, nem da mesma maneira e isso acaba
sempre por ter influência. Temos menos tempo de preparação e, em corridas como
o Tour, que são muito compridas, só saberemos como é que o corpo vai reagir na
última semana", notou.
Confinado devido à pandemia de
covid-19, sem poder treinar na estrada, o colombiano evidenciou que não é o
mesmo treinar em simuladores virtuais. "Na Europa, alguns colegas já
puderam começar a treinar ao ar livre, e é esse 'bichinho' que todos sentimos,
de saber quando será a nossa vez de poder sair para pedalar", completou.
"Não é fácil gerir esta
situação. Há pessoas que têm problemas e que podem entrar em depressão ou em
estados de ânimo negativos. A equipa dá-nos apoio em todos os sentidos, e o
mental é muito importante. Estamos em contacto constante para nos mantermos
sempre animados e ativos", contou.
Perante "uma situação
muito preocupante", o desejo de Quintana é "que se reativem as
competições, porque, sem corridas, há muita gente no ciclismo que vai passar
grandes dificuldades".
"Neste momento, já
existem equipas e ciclistas a passar dificuldades económicas e, claro, vamos
ter cortes de orçamento nas equipas, tal como já vimos no último mês. Espero
que depois desta pandemia tudo se acalme e recomece, ainda que sem
público", concluiu.
A nível global, segundo um
balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de
299 mil mortos e infetou quase 4,4 milhões de pessoas em 196 países e
territórios. Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.
Fonte: Record on-line
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