Miguel Ángel López (Astana)
levou hoje ao limite o camisola amarela Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep)
no alto do Malhão, conquistando a vitória na quarta etapa, mas não conseguindo
destronar o ciclista belga da liderança da Volta ao Algarve.
Mais do que os festejos efusivos
de ‘Superman’ López, ficará para a memória a imagem de Remco Evenepoel estirado
na estrada, exausto, após ter conseguido segurar a amarela na quarta tirada da
‘Algarvia’ e, consequentemente, poder cumprir o desígnio de ser o último partir
para o contrarrelógio da derradeira etapa, que se disputa no domingo, em Lagoa.
“Penso que a imagem que viram
diz tudo. Estava totalmente vazio no final, mas tinha de defender a camisola”,
assumiu o jovem belga, que está agora ‘empatado’ em tempo com Daniel Martin (Israel
Start-Up Nation), segundo na etapa a dois segundos do colombiano da Astana, e
de Maximilian Schachmann (Bora-hansgrohe), que chegou atrás de si, também a
quatro segundos do vencedor.
A estratégia demasiado
calculista dos candidatos resultou em diferenças ténues no alto do Malhão, que
ainda assim tiveram impacto na geral, com Rui Costa a ser relegado para a
quinta posição, a três segundos do camisola amarela, e INEOS a ser eclipsada –
Michal Kwiatkowski, o seu melhor homem na geral, está a 1.30 minutos de
Evenepoel.
A mais clássica das subidas da
‘Algarvia’ foi antecedida de uma jornada relativamente tranquila, em que o
protagonismo coube a nove aventureiros, que escaparam ao pelotão ao quilómetro
13 dos 169,7 a percorrer entre Albufeira e o Malhão.
Dries de Bondt
(Alpecin-Fenix), David González (Caja Rural-Seguros RGA), Tom Devriendt
(Circus-Wanty Gobert), Daniel Hoelgaard (Uno-X Norwegian Development Team),
Luís Mendonça e Tiago Antunes (Efapel), Rafael Lourenço (Kelly-InOutBuild-UDO),
Daniel Freitas (Miranda-Mortágua) e João Rodrigues (W52-FC Porto) construíram
uma margem que rondou os dois minutos durante largos quilómetros e que
‘obrigou’ o Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, apanhado desprevenido sem
nenhum representante na fuga, a assumir a perseguição.
A primeira mexida no grupo foi
protagonizada por João Rodrigues, com o vencedor da Volta a Portugal de 2019 a
iniciar, em solitário, a escalada inicial ao Malhão, enquanto lá atrás o
italiano Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo) arrancava do grupo de favoritos para
ir no encalço do algarvio.
Sozinho, o ‘Tubarão do
Estreito’, um dos dois ciclistas no ativo a ter vencido as três grandes Voltas,
impôs uma passada demolidora, alcançando e ultrapassando os restantes oito
fugitivos, e chegando ao alto a pouco mais de 30 segundos do ciclista
‘portista’.
No entanto, nem o italiano,
nem o voluntarioso Rodrigues sobreviveram ao trabalho da UAE Emirates,
primeiro, e da Deceuninck-QuickStep, depois, acabando absorvidos pelo grupo
ainda antes da segunda e decisiva subida ao ponto mais alto de Loulé.
Tímidos nos ataques, os
favoritos esperaram pelo derradeiro quilómetro da tirada para ‘apostarem todas
as fichas’, numa subida exageradamente tática: após várias tentativas de
aceleração de Amaro Antunes (W52-FC Porto), apostado em repetir o triunfo de
2017, foi Daniel Martin quem assumiu o comando, antes de ‘Superman’ López dar o
esticão final, a 500 metros da meta.
“Tive boas sensações na subida
do segundo dia [Fóia] e contava estar bem para discutir esta etapa, apesar de
ser a minha primeira corrida da temporada. Ataquei de longe para me isolar e
consegui uma vantagem importante que foi suficiente para ganhar”, resumiu o
colombiano, que cruzou a meta com o tempo de 4:16.25 horas.
As contas do Malhão deixam
tudo em aberto para a última etapa da 46.ª Volta ao Algarve, um contrarrelógio
de 20,3 quilómetros nas ruas de Lagoa, em que Evenepoel, o campeão europeu e
vice-campeão mundial da especialidade, parte como favorito.
Fonte: Sapo on-line
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