Por: Lusa
Foto: Filipe Farinha
Um erro nas classificações
digitais colocou em dúvida a vitória de Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep),
na quinta etapa e na geral da 46.ª Volta ao Algarve, mas a intervenção dos
comissários permitiu ao ciclista belga celebrar em Lagoa.
"Nunca se sabe se
ganhámos ou não ao chegar. Temos de esperar, esperar, e só quando ouvimos pelo
auricular é que temos a certeza. É uma sensação fantástica", disse o jovem
que andou de amarelo desde quinta-feira, quando ganhou no alto da Fóia, e só a
'perdeu' virtual e efemeramente.
A incerteza vivida não tirou
sabor à vitória, consumada com um triunfo no contrarrelógio da quinta e última
etapa e uma 'vingança' sobre o homem que lhe roubou o título mundial da
especialidade em setembro passado.
Um dia depois de ter feito a
festa na escalada ao Malhão -- num vídeo publicado nas redes sociais, pode
ver-se o australiano a subir ao ponto mais alto de Loulé com uma cerveja na
mão, que agita, como se de champanhe se tratasse, para molhar os adeptos que o
vão incentivando e aplaudindo --, Rohan Dennis pedalou a mais de 50 km/h para
fixar o melhor tempo.
O bicampeão mundial da
especialidade, que hoje estreou a sua camisola arco-íris com os tons da sua
nova equipa, a INEOS, foi uma verdadeira 'flecha' nas ruas de Lagoa, cumprindo
os 20,3 quilómetros do exercício individual em 24.17 minutos.
O tempo de Dennis parecia
suficiente para garantir-lhe a vitória, mas ainda faltava chegar o camisola
amarela, assim como Simon Geschke e Tim Wellens, o duo 'responsável' pelo
momento mais surreal das últimas edições da 'Algarvia': quer o alemão da CCC,
quer o belga da Lotto Soudal foram, a determinada altura, vencedores virtuais
da prova portuguesa, com tempos altamente irreais, quase 30 segundos abaixo do
registo do ciclista da INEOS.
Assim, quando Evenepoel cortou
a meta, com o tempo de 24.07 minutos -- um recorde neste traçado -, a festa do
jovem belga e do 'staff' da Deceuninck-QuickStep foi contida, com o suspense
sobre o verdadeiro campeão desta edição a prolongar-se durante aquilo que pareceu
uma eternidade.
Foi junto à meta, onde estavam
quer os comissários (do lado esquerdo), quer o posto de classificações (do
direito), que o desfecho foi conhecido: após um compasso de espera, acompanhado
de perto pelo diretor técnico da Deceuninck-QuickStep, o português Ricardo
Scheidecker, os tempos virtuais foram retificados, depois de os comissários,
que cronometraram a etapa manualmente, detetarem incongruências nas marcas de
Geschke e Wellens.
Anunciada pelo 'speaker' da
prova, a vitória de Evenepoel foi dupla: ganhou a quinta etapa, com dez
segundos de vantagem sobre Dennis e 19 sobre o terceiro classificado, o suíço
Stefan Küng (Groupama-FDJ), vencedor no ano passado no mesmo traçado em Lagoa,
e a geral individual, com confortáveis 38 segundos sobre o alemão Maximilian
Schachmann (Bora-hansgrohe).
Os dois especialistas na luta
contra o cronómetro tinham iniciado a etapa empatados na geral -- e com o
irlandês Daniel Martin (Israel Start-Up Nation), que teve uma prestação
desastrosa e saiu, inclusive, do 'top 10' -, mas Schachmann não conseguiu
contrariar o favoritismo de campeão europeu e vice-campeão mundial da
especialidade.
"Sinto-me sempre bem
neste traçado, mas sou sempre lento. Não sei qual é o meu problema com este
percurso", lamentou o alemão, que foi quarto na tirada, com o mesmo tempo
do colombiano Miguel Ángel López (Astana), o ciclista que fechou o pódio desta
'Algarvia' e negou o 'top 3' a Rui Costa.
López surpreendeu no 'crono' e
subiu à terceira posição, a 39 segundos de Evenepoel, enquanto o português da
UAE Emirates foi 13.º, a 53 segundos do belga, e concluiu o seu regresso à
prova algarvia no quarto lugar, a 56 segundos da amarela.
Entre os portugueses, destaque
ainda para João Almeida (Deceuninck-QuickStep), que entrou nos dez primeiros (foi
nono, a 1.40 minutos), e para Amaro Antunes (W52-FC Porto), o melhor
representante das equipas nacionais na geral, na 10.ª posição, a 1.57.
Fonte: Record on-line
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