Por: Carlos Silva
Foto: Nuno Veiga/Lusa
Em parceria com: https://ciclismoatual.com
A 86.ª edição da Volta a
Portugal (2025), sob a responsabilidade da Podium Events, foi alvo de diversas
críticas e problemas que marcaram a sua organização, com várias falhas a serem
apontadas por ciclistas, diretores e jornalistas. Além disso, surgiram algumas
observações de bastidores que ajudam a compreender os desafios enfrentados pela
prova ao longo do evento.
Principais
problemas identificados
1 - Desinteresse do público e
“produto” em queda: Foi apontado que a Volta perdeu parte da sua capacidade de
mobilizar o público ao longo do percurso. “A ausência de referências nacionais,
o desinvestimento organizativo ou a menor qualidade do pelotão retiraram
encanto à Volta a Portugal.”
2 - Além disso, refere‑se que a prova “foi
apresentada menos de três semanas antes de ir para a estrada”. Também se aponta que “a organização tem muita
gente demasiada talvez, mas ninguém parece preocupado com a evidente
desvalorização do ‘produto’ Volta”. Ou seja: para vários intervenientes
(ciclistas, directores desportivos, imprensa) faltou planeamento, comunicação e
estratégia para manter o nível habitual de espetáculo.
3 - Neutralização e alteração
de percurso por incêndios A 4.ª etapa da Volta foi neutralizada/encurtada
devido a um incêndio na zona da Serra do Alvão: “A 4.ª etapa da 86.ª Volta a
Portugal foi hoje neutralizada e ‘encurtada’ devido ao incêndio que lavra na
Serra do Alvão.” O director da prova, Joaquim Gomes, descreveu o incidente como
“uma situação excepcional” mas admitiu que o percurso alternativo foi imposto
pelas circunstâncias. Embora seja razoável perante força maior, esta decisão
gerou críticas quanto à consistência da prova e à forma como foi comunicada.
4 - Críticas à organização no
seu todo: Num artigo onde Joaquim Gomes defende que a Volta “está bem viva”, é
admitido que “a organização da prova … esteve debaixo de muitas críticas,
provenientes dos mais diversos quadrantes, relativamente a muitos aspectos”.
Também se faz notar que directores desportivos apontam para que “há um trabalho
não tão bem feito de quem organiza”. Um dos aspectos citados foi: “Os líderes
das equipas portuguesas são praticamente todos estrangeiros. Isso acaba por
fazer com que o interesse das pessoas morra muito.”
5 - Foram feitas referências
às falhas de comunicação à caravana, ao atraso no pagamento de prémios, às
restrições de acesso à imprensa, entre outros. Em resumo: parece existir uma
percepção de que a organização foi menos cuidada, com impacto direto tanto no
envolvimento do público.
Observações
relevantes
O facto de o contrato de
concessão da prova com a Podium Events estar perto do fim foi referido como
contexto para a “letargia latente” no evento.
A combinação de menos
“referências nacionais” (ciclistas portugueses que sejam protagonistas) e menos
público ao longo de subidas históricas foi destacada como sinal de alerta.
Apesar das críticas, a
organização defendeu que os problemas foram “mais do que identificados” e que,
apesar de tudo, a corrida “correu bem”.
O Futuro
Nas conversas que existem nos
bastidores relativamente à próxima edição da Volta a Portugal, ganha força a
hipótese de João Cabreira assumir a liderança da prova. João Cabreira,
ex-ciclista profissional tem uma empresa de organização de eventos “Cabreira
Solutions”, especializada em granfondos amadores. Esta eventual mudança surge
num momento de transição da prova, em que se procura revitalizar o “produto”
Volta a Portugal.
Paralelamente, Joaquim Gomes,
antigo vencedor da Volta a Portugal, é apontado como potencial candidato a
integrar um cargo na Federação Portuguesa de Ciclismo, podendo assumir o cargo
de director de organização das provas da Federação Portuguesa de ciclismo. Esta
dupla movimentação, por um lado com Cabreira na linha da frente da organização
e por outro com Gomes a avançar para o âmbito federativo, poderá mudar
significativamente o panorama do ciclismo nacional nos próximos anos.
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