Na sexta-feira, os sprinters têm nova oportunidade nos 177,5 quilómetros essencialmente planos entre La Bañeza e Íscar
Por: Lusa
Jonas Vingegaard ‘entregou’ a
78.ª Volta a Espanha a Sepp Kuss, com o dinamarquês a demonstrar hoje na
estrada, em dia de nova exibição de Remco Evenepoel, querer efetivamente que o
ciclista norte-americano vista a vermelha final.
Embora tenha sido do belga da
Soudal Quick-Step a vitória na 18.ª etapa, no alto de La Cruz de Linares, após
uma fuga de mais de 150 quilómetros, os últimos 30 a solo, foi de Sepp Kuss o
triunfo ‘moral’, com o norte-americano de 29 anos a ver hoje o atual bicampeão
do Tour abdicar das suas aspirações – o dinamarquês pareceu, inclusive, perder
propositadamente nove segundos no final para limitar-se a levá-lo em segurança
até à meta.
Após a intensa polémica das
duas jornadas anteriores, a Jumbo-Visma finalmente estabeleceu uma hierarquia
na equipa, com Vingegaard, sobretudo, e Primoz Roglic a respeitarem a camisola
vermelha do seu colega, que tem agora 17 segundos de vantagem sobre o
dinamarquês e 1.08 minutos sobre o esloveno e está bem lançado para ganhar a
sua primeira grande Volta no domingo, em Madrid.
“É bom
poder retribuir e fazer algo pelo Sepp. Ele fez tanto por mim e pelo Primoz.
Obviamente, gosto de poder retribuir hoje e também no sábado”,
disse o vice-líder da geral, antecipando o derradeiro teste à vermelha de Kuss.
Peça basilar nas vitórias de
Vingegaard e Roglic em anteriores grandes Voltas, o ‘adorado’ gregário
de luxo da Jumbo-Visma, que na quarta-feira recebeu apoio de vários quadrantes
do ciclismo, após ser atacado pelos seus companheiros na subida ao Angliru,
limitou-se a dizer que a vitória final “está
mais próxima”, depois de uma jornada em que Evenepoel somou a
terceira etapa nesta edição e o 50.º triunfo profissional, cruzando a meta com
o tempo de 4:47.37 horas.
O belga de Soudal Quick-Step,
o italiano Damiano Caruso (Bahrain Victorious), que foi segundo, a 4.44
minutos, e o dinamarquês Andreas Kron (Lotto Dstny), terceiro na etapa, a 5.10,
distanciaram-se do pelotão ainda nos primeiros 20 dos 178,9 quilómetros entre
Pola de Allande e o alto de La Cruz de Linares.
Os três integraram uma fuga
constituída ainda por Egan Bernal, Julien Bernard (Lidl-Trek), Lewis Askey e
Lorenzo Germani (Groupama-FDJ), Nico Denz (BORA-hansgrohe), Jarrad Drizners
(Lotto Dstny), Andrea Piccolo (EF Education-EasyPost), Imanol Erviti
(Movistar), Max Poole (DSM-firmenich), Hugo Hofstetter (Arkéa Samsic) e Paul
Ourselin (Total Energies), que teve uma vantagem que superou a dezena de
minutos.
O incansável jovem belga, em
fuga pelo segundo dia consecutivo, não se poupou a esforços, sendo o mais ativo
na fuga, quer para assegurar já hoje virtualmente a vitória na classificação da
montanha, quer para tentar somar um novo triunfo em etapas, depois de já ter
conquistado as terceira e 14.ª.
O ritmo de Evenepoel foi
fazendo ‘vítimas’ no Alto de Tenebredo, a terceira categoria que
antecedia a segunda de três contagens de primeira da jornada de hoje, mas foi
na primeira subida a La Cruz de Linares que a fuga definitivamente se
desmembrou, com o ainda campeão em título a ficar na frente na companhia do
experiente Caruso e de Poole.
Enquanto na dianteira a luta
pela etapa estava entregue aos fugitivos, nomeadamente ao líder da montanha,
que se isolou a cerca de 30 quilómetros da meta, no grupo de favoritos a
Bahrain Victorious assumiu novamente as despesas da corrida, tal como no
Angliru, tentando explorar as debilidades demonstradas por Juan Ayuso (UAE
Emirates) na véspera, de modo a levar Mikel Landa ao quarto lugar da geral.
Aleksandr Vlasov
(BORA-hansgrohe) foi o primeiro a tentar a sua sorte entre os ciclistas no
top-10 da geral, para resposta imediata da Movistar, na defesa do sexto posto
de Enric Mas. Como já é tradição, João Almeida (UAE Emirates) perdeu o contacto
com o grupo de favoritos nessa altura e fez uma corrida de trás para a frente,
acabando a 18.ª etapa na 17.ª posição, a 10.23.
Após as fortes críticas de que
a Jumbo-Visma foi alvo nos últimos dias, Jonas Vingegaard colocou hoje as
‘vestes’ de fiel gregário de Sepp Kuss, demonstrando estar disposto a abdicar
da sonhada ‘dobradinha’ Tour-Vuelta para ajudar o seu companheiro
norte-americano.
O gesto do atual bicampeão da
Volta a França, que impôs o ritmo no grupo dos primeiros da geral, condicionou
qualquer iniciativa de Primoz Roglic, com o trio da equipa neerlandesa a
permitir até que Landa e Ayuso lutassem entre si pelo quarto lugar, antes de
alcançarem novamente os espanhóis.
Hoje, Vingegaard comprovou que
falava verdade quando disse, na quarta-feira, que queria que Kuss ganhasse a
Vuelta: além de trabalhar, diminuiu o ritmo de pedalada para cortar a meta nove
segundos depois do seu companheiro, que concluiu a etapa a 9.29 de Evenepoel,
num grupo no qual estavam Ayuso, Mas e Roglic.
O top-10 da geral não sofreu
alterações, com Almeida a manter-se em nono, agora a 10.20 minutos do camisola
vermelha. Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) e Nelson Oliveira (Movistar)
concluíram a tirada a quase 29 minutos do vencedor e ocupam, respetivamente, os
46.º (a 2:09.57 horas) e 51.º (a 02:14.12 horas) postos da classificação.
Já André Carvalho (Cofidis),
124.º na tirada a 33 minutos, e Rui Oliveira, 147.º a 35.45, estão entre os
últimos da geral, com o primeiro a ser 139.º e o ciclista da UAE Emirates a ser
efetivamente o lanterna-vermelha, na 146.ª posição, já a mais de quatro horas
de Kuss.
Na sexta-feira, os sprinters
têm nova oportunidade nos 177,5 quilómetros essencialmente planos entre La
Bañeza e Íscar.
Fonte: Sapo on-line
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