Vencedor da 2ª etapa da Volta da Portugal contou o que lhe passou pela cabeça durante a etapa
Por: Lusa
Foto: Lusa
João Matias
(Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) profetizou que ia vencer hoje em Castelo
Branco e não se enganou, conquistando a segunda etapa da 83.ª Volta a Portugal
em bicicleta para 'oferecer'
ao filho Dinis, a inspiração que estampou nos sapatos.
"É
nossa, é nossa", gritava para o rádio depois de cruzar a
meta, à frente do norte-americano Scott McGill (Wildlife Generation Pro
Cycling), o vencedor da véspera que hoje foi segundo, e de Mauricio Moreira
(Glassdrive-Q8-Anicolor), novamente terceiro.
De manhã, enquanto tomava um
café à partida, em Badajoz, o 'pistard' português, de 31 anos, disparou um "vou ganhar a etapa", uma
afirmação que mereceu sorrisos divertidos, mas que viria a ser confirmada horas
depois, graças a um 'sprint'
perfeito que culminou da melhor forma a tática desenhada pelo 'estratega' Gustavo Veloso e executada sem
mácula pelos companheiros de Matias, muito emocionados pelo feito do seu 'capitão'.
As sentidas lágrimas do vencedor
contagiaram os seus colegas e diretor desportivo e até rivais como António
Carvalho (Glassdrive-Q8-Anicolor), que tentou surpreender os candidatos à geral
com um ataque já dentro dos dois quilómetros finais, ou Alejandro Marque (Atum
General-Tavira-Maria Nova Hotel), que pararam para cumprimentar o feliz Matias,
que festejou a sua primeira vitória na Volta a Portugal com o gesto de embalar,
uma homenagem a Dinis, o filho que vai nascer em setembro e cuja ecografia tem
estampada nos sapatos.
"Isto
é para a minha família também. Como toda a gente viu, o gesto que eu fiz é para
casa, especialmente para a minha mulher e para o meu futuro filho que vem aí, o
meu Dinis, como levo marcado nos sapatos. São momentos especiais. Hoje e ontem
[sexta-feira], durante a etapa, olhava para baixo e só me lembrava que tinha de
vencer. Hoje era o dia", confessou, já depois de ter
partilhado o triunfo com a sua outra família, os elementos da
Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados.
O bonito triunfo do corredor
de Barcelos, consumado em 04:42.21 horas, deu brilho a uma etapa 'apagada', na qual Rafael Reis
(Glassdrive-Q8-Anicolor) manteve a amarela, na antessala de uma jornada, a da
subida à Torre, em que poderá até ser um camisola amarela em fuga, uma sugestão
que deixou hoje no ar.
Desde que Sevilha acolheu o
início da 60.ª edição que Espanha não marcava presença na Volta a Portugal,
mas, hoje, Badajoz recebeu o 'testemunho',
engalanando-se para receber a partida da quente segunda etapa, uma ligação de
181,5 quilómetros até Castelo Branco.
Foi já em território nacional
que Edwin Torres (Java Kiwi Atlántico) e Asier Etxeberria (Euskaltel-Euskadi)
saltaram para a frente da corrida, com o duo a receber, primeiro, a companhia
de Fábio Oliveira (ABTF-Feirense) e, depois, de Francisco Marques (LA
Alumínios-Credibom-MarcosCar).
O quarteto, unido ao
quilómetro 30, beneficiou da complacência da Glassdrive-Q8-Anicolor -- hoje, os
seus 'trabalhadores' souberam
dosear esforços, não se apressando a apanhar a fuga -- e de uma sucessão de
quedas, que causaram duas baixas, entre as quais Francisco Guerreiro (Efapel),
para alcançar uma vantagem superior a cinco minutos.
A monotonia impôs-se, então,
na tirada, com a fuga a perder progressivamente elementos: Marques esteve por
diversas vezes no 'elástico',
que quebrou definitivamente quando Asier Etxeberria deu um esticão, a 24
quilómetros da meta, para se distanciar dos seus companheiros de jornada.
O basco chegou a ter um minuto
da vantagem sobre os perseguidores, aos quais se juntou momentaneamente José Mendes
(Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), antes de estes serem apanhados já dentro
dos derradeiros 20 quilómetros, mas a sua 'batalha'
contra o pelotão acabou a cerca de 10.000 metros da meta.
Foi já no centro de Castelo
Branco que António Carvalho arrancou, para resposta de Delio Fernández (Atum
General-Tavira-Maria Nova Hotel), e quase 'estragou' a estratégia da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados,
mas António Barbio não se atrapalhou e levou Matias na roda. "Toda a gente viu o trabalho que a minha equipa fez.
Eu cheguei e limitei me a 'sprintar' nos últimos 150, 200 metros, de resto vim
sentado no sofá o dia todo", reconheceu o ciclista que até
ponderou abandonar a modalidade, antes de ser promovido a peça essencial da sua
equipa pelo seu "mentor" Veloso.
Depois de vencer
surpreendentemente a classificação da montanha na Volta ao Algarve, Matias
concretizou agora o sonho de ganhar na prova 'rainha'
do calendário nacional, numa etapa em que Moreira voltou, discretamente, a
mostrar-se.
O uruguaio, segundo da geral a
nove segundos do seu colega Rafael Reis, é o grande candidato a sair da
terceira etapa, uma ligação de 159 quilómetros entre a Sertã e o alto da Torre,
de amarelo. "A verdade é que gostaria
não só de ficar com a amarela como que ela ficasse no corpo de outro
companheiro. Sabemos que não é o terreno do Rafa, possivelmente perde a
camisola, mas espero que fique na equipa. Se for para mim, vou ficar contente
na mesma", assumiu à Lusa o vice-campeão da passada edição,
que está empatado em tempo com o terceiro classificado, o britânico Oliver Rees
(Trinity Racing).
Entre os outros candidatos à
geral, Tiago Antunes continua a ser o mais bem classificado, na quinta posição,
a 12 segundos, com outro Efapel, no caso Joaquim Silva, a ser o 'concorrente'
seguinte, no 18.º lugar, a 20.
Fonte: Record on-line
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