Em conjunto, estes corredores têm um total de 50 anos de ciclismo profissional e... vão continuar na modalidade
Por: Pedro Filipe Pinto
Em conjunto, têm 50 anos de
ciclismo profissional e isso impõe muito respeito. Hoje falamos de três homens
que estão a fazer a última Volta a Portugal enquanto ciclistas, mas que vão
continuar ligados à modalidade com o objetivo de a dignificar. Tiago Machado
(Rádio Popular-Paredes-Boavista), Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria
Nova Hotel) e Micael Isidoro (ABTF Feirense) penduram a bicicleta no final
desta temporada e, em conversa com o nosso jornal, passaram em revista
carreiras diferentes mas iguais numa coisa: o amor pelo pelotão.
Tiago
Machado: «Daqui a 10 anos espero que me vejam como o diretor que revolucionou o
ciclismo»
Tiago Machado foi o único que
atingiu o patamar mais alto do ciclismo mundial. Saltou da Madeinox-Boavista
para a Radioshack em 2010, quando iniciou uma estadia de 9 anos no World Tour
que contou ainda com passagens pela NetApp e pela Katusha, de onde saiu para
voltar a Portugal pela porta do Sporting-Tavira. Agora, em 2023, o ciclista do
povo, como é carinhosamente conhecido, vai trocar a bicicleta pelo carro e
assumir o comando da equipa feminina da Efapel.
"Foi
uma decisão que tomei com a cabeça, porque as pernas ainda aguentavam mais um
bocadinho. Surgiu uma oportunidade e tenho de a aproveitar. Foi isso que me
levou a mais cedo", começou por dizer a Record o corredor de
36 anos que conta com a conquista da Volta à Eslovénia de 2014 como o grande
momento da carreira de 18 anos.
"O
que fica é o carinho do povo. Fui construindo um bom palmarés e esse também é
fruto do apoio dos adeptos portugueses. Sempre me incentivaram quando as coisas
não corriam tão bem. É isso, principalmente isso que levo do ciclismo",
atirou.
E daqui em 2032, como é que Tiago Machado gostaria de ser conhecido? "Eu espero que me vejam como o diretor que revolucionou o ciclismo, isso era o ideal. Espero que, daqui a uns tempos, esteja aqui na caravana", concluiu o corredor que deixa claro: "Gostava de me despedir com mais uma vitória"!
Alejandro
Marque: «Ganhei uma Volta, mas o que levo são as amizades»
Dos três, o espanhol é o único
que ganhou a Volta a Portugal (2013), sendo esse o melhor momento da sua
carreira. Experiente como poucos, Alejandro Marque ainda se sente capaz de
lutar pela vitória desta edição e, curiosamente, é por isso que decidiu colocar
um ponto final.
"Já
tenho alguma idade e o momento certo é quando estás bem. No ano passado estive
de amarelo durante metade da Volta, ganhei a etapa rainha [Torre]… Deixo num
bom momento de forma e quero ser recordado com essa imagem, não a levar 5 ou 10
minutos. Tenho um projeto de futuro que vou abraçar: vou montar uma loja de
bicicletas. Este é o ponto correto para fechar uma porta e abrir outra",
revelou ao nosso jornal, antevendo muitos cafés e jantares em Portugal.
"O
mais importante que levo da minha carreira são as amizades que fiz. Estive 19
anos aqui em Portugal e sei que deixo amigos que, se viesse cá amanhã, ligava
para tomarmos um café ou para jantar e tenho a certeza de que eles apareceriam.
Isso é a coisa mais bonita que levo de tudo isto. As vitórias são bonitas, mas
o dia-a-dia com esta malta, com boa gente, é o mais importante",
atirou.
Por fim, perguntámos a Marque, de 40 anos, como gostaria que as pessoas o recordassem. "Pelo que dei aos meus amigos e adeptos. Tentei ser sempre correto. Só tenho coisas boas a dizer das pessoas do ciclismo. Que me recordem por este sorriso, pela boa-vontade e pelo profissionalismo. A chave de chegar aqui é ter sonhos, ser regular e trabalhar muito. Foi o que fiz", concluiu.
Micael
Isidoro: «O melhor ainda está por vir»
Por seu lado, Micael Isidoro,
de 39 anos, ainda não tomou uma decisão definitiva, mas... "tudo indica que será o último ano".
O corredor do Feirense tem uma carreira de muito trabalho e luta da qual se
orgulha bastante.
"Já são muitos anos
enquanto ciclista profissional e há tempo para tudo. Chegará a hora de tomar a
decisão, mais cedo ou mais tarde", começou por dizer, referindo que essa decisão
de pendurar a bicicleta será um misto: "É
das pernas, mas também da cabeça".
No entanto, uma coisa é certa.
Micael Isidoro pode deixar o pelotão, mas vai continuar na caravana, pelo menos
é esse o seu desejo. "O melhor ainda
está por vir! Tenho a certeza disso", garantiu, antes de
fazer uma retrospetiva destes muitos anos enquanto profissional: "Vão ficar a lembrar-se de alguém que é amigo,
companheiro. É isso que fica do ciclismo, porque a parte desportiva é só uma
passagem. Nesse aspeto, o meu melhor momento foi a vitória na China, a minha
primeira e única UCI, e outros triunfos menores em Espanha".
Fonte: Record on-line
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