O ciclista português João Almeida, líder da Volta a Itália, mostrou hoje ambição de ser chefe de fila da sua equipa, a Deceuninck-QuickStep, mas admitiu voltar a assumir o papel de gregário no futuro
Numa conferência de imprensa
realizada através de uma plataforma digital, o jovem, de 22 anos, que assumiu o
dorsal número um da equipa na ‘corsa rosa’ devido à ausência por lesão do belga
Remco Evenepoel, lembrou que “numa época normal" correria a Volta a
Espanha e não o Giro, mas não descartou qualquer cenário.
“No futuro, não sei. Só estou
aqui por causa das quedas [de alguns companheiros de equipa], posso ser
ajudante também. Claro [que tenho a ambição de ser o chefe de fila], sou novo,
tenho muito para aprender, mas se tiver pernas posso ser o número um. Mas não
sinto que tenha de ser”, disse o jovem natural das Caldas da Rainha.
O ciclista refutou, de resto,
comparações com o esloveno Tadej Pogacar, que surpreendeu este ano ao vencer a
Volta a França, com a mesma idade que João Almeida, ressalvando que “são coisas
diferentes”, apesar de serem ambos muito jovens, e que o tipo de trabalho que o
ciclista da UAE Emirates teve de fazer para vencer a corrida foi diferente.
“Ele só ganhou a camisola no
penúltimo dia, no contrarrelógio. Por isso, não era necessário ter uma equipa a
trabalhar para defender a camisola [amarela], porque ele não a tinha. Aqui é
diferente, temos a camisola [rosa] para defender todos os dias desde o
quilómetro zero. Ele era quem precisava de atacar, não de se defender, e não é
preciso ter uma equipa tão forte para atacar como para defender. É mais difícil
assim [com a camisola de líder há vários dias], mas é só a minha opinião”,
comentou.
A qualidade da nova geração de
ciclistas, com menos de 25 anos, que têm alcançado resultados de excelência nas
grandes competições do WorldTour também mereceu a atenção de João Almeida, que
não se mostrou surpreendido com essas prestações.
“São todos muito profissionais
a treinar, a comer, ao nível da nutrição e acho que isso faz a diferença”,
analisou o português que lidera a Volta a Itália desde a segunda etapa.
No plano pessoal, João Almeida
admitiu que a presença dos pais nas estradas italianas, onde o estiveram a
apoiar durante a última semana, é “sempre especial”, apesar de “não poder estar
com eles, por causa da covid-19”, e assumiu que a sua prestação na prova vai
contribuir para o crescimento do ciclismo em Portugal.
“Nunca se falou tanto de
ciclismo em Portugal, na TV e em todo o lado. Com o que eu e o [Ruben]
Guerreiro estamos a fazer, as coisas vão mudar e o futuro será melhor”,
assumiu.
Ruben Guerreiro (Education
First), o outro ciclista português na competição, venceu a nona etapa do
Giro2020 e vestiu nesse dia, 11 de outubro, a camisola azul do prémio da
montanha, que perdeu na etapa de domingo para o italiano Giovanni Visconti
(Vini Zabù-KTM).
João Almeida lidera a Volta a
Itália no segundo dia de descanso da competição, após 15 etapas, com uma
vantagem de 15 segundos para o holandês Wilco Kelderman (Sunweb).
Fonte: Sapo on-line
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