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Penso e vivo integralmente o
universo das bicicletas, inclusive como motivar mais mulheres a pedalar, pois a
bicicleta causou uma grande revolução positiva em minha vida. Uma mudança
significativa foi o uso da bicicleta como meio de locomoção. Tornei-me uma
ciclista urbana. Sempre que possível uso a bicicleta para me locomover.
Deslocar pela cidade de
bicicleta não é uma tarefa fácil, é um enorme desafio, mas ao mesmo tempo um enorme
prazer. Quando me desloco de bicicleta sinto que estou exercendo a verdadeira
cidadania, sinto que colaboro com o trânsito e dou um bom exemplo.
Mas transitar de bicicleta tem
se tornado muito perigoso, atualmente o trânsito é o maior palco das manifestações
de caráter e patologias, é nele que encontramos democraticamente pessoas de
todos os níveis sociais e culturais, sob a influência de seus humores.
Num trânsito que está cada vez
mais minúsculo, as pessoas, muitas vezes escondidas dentro de seu automóvel,
protegidas pelo anonimato, passam a se comportar de forma agressiva, deixando
vir à tona fluxos emocionais furiosos pelo estresse do trânsito e
características de personalidade, o aumento da violência no trânsito pode ser
facilmente explicado através da grande indiferença e falta de respeito para com
o outro.
Alguns, quando sentados atrás
do volante do carro, tornam-se estúpidos, demonstrando enorme insensibilidade
aos riscos que podem causar a si mesmos e a quem está à sua volta, ao dirigir
de forma inconsequente, revelando assim, o pior do seu caráter patológico, infelizmente,
em 100% das vezes em que que fui literalmente atacada por um motorista, o mesmo
era do sexo feminino.
Na véspera do dia
Internacional da Mulher, após ter ministrado algumas aulas, estava voltando
para casa e mais uma vez uma mulher lançou o carro para cima de mim de forma
totalmente perigosa e irresponsável, o rapaz que estava ao lado da mesma abriu
a janela do carro, chamou-me de vagabunda, disse que eu deveria ir trabalhar e
não ficar andando de bicicleta na rua, a minha indignação é para com a
demonstração de desajuste social e emocional e da inutilização do respeito pela
vida humana pelas mulheres.
O interessante deste cenário é
que estatisticamente, é comprovado que a mulher é mais cautelosa no trânsito, porém,
apesar de consideradas mais cautelosas e atenciosas pelos agentes de trânsito e
de quase nunca se envolverem em acidentes graves, as mulheres lideram o ranking
de pequenas infrações, como acidentes leves, sem vítimas e com pequenos danos
materiais.
Mas o que faz uma mulher
avançar com o carro sobre outra mulher só por estar pedalando? A resposta eu
ainda não tenho, mas deixo aqui o meu apelo a todas as mulheres:
1. Não nos esqueçamos de que
somos responsáveis por promover a paz no trânsito, que o respeito pela vida
esteja presente em todas as suas ações e decisões.
2. Lembre-se de que sobre uma
bicicleta há um ser humano que apenas fez uma opção de locomoção por um veículo
diferente do seu, um veículo ecologicamente correto e mais saudável.
3. Informe-se, conheça o
Código de Trânsito, aceite que a bicicleta é um veículo e que, portanto, tem o
direito de circular pelas ruas.
4. Aja e pense de forma
consciente, não é o uso de um carro que define a posição social da pessoa,
direitos diferenciados e poder.
5. Respeite para ser
respeitada.
6. Aceite que muitas mulheres
preferem pedalar pela cidade ao invés de dirigir um carro ou uma moto.
7. Seja solidária com a opção
de transporte que outra mulher adotou, elas são agentes de mudança e estão
fazendo um esforço para tornar a cidade mais trafegável e mais amiga do
cidadão.
8. Aceite que o trânsito não
são os outros, você é parte do trânsito a partir do momento que optou pelo
conforto de estar dentro de um carro, este é o bônus, o pior é amargar horas a
fio para conseguir se deslocar em pequenos percursos.
9. Dê o exemplo, trate as
pessoas como você gostaria de ser tratada.
Fonte: Revista Bicicleta
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