A
organização da 81.ª Volta a Portugal em bicicleta juntou hoje a várias
entidades locais, como a Câmara Municipal da Covilhã e a Associação Guardiões
da Serra da Estrela, para uma ação de limpeza após a quarta etapa.
Segundo
o diretor da prova, Joaquim Gomes, a Volta sempre foi “atenta observadora das
questões ecológicas” e “não é inédita” no que toca a ações de limpeza,
inserindo-se num “processo contínuo de há vários anos”.
Apesar
de admitir que as alterações regulamentares que têm sido implementadas ajudam a
mudar comportamentos, como o artigo 19.º, que define “zonas verdes” para os
corredores se desfazerem de invólucros de barras de alimentação e outro
material não biodegradável, um “evento desta dimensão tem coisas que fogem ao
controlo da organização”.
“Em
particular com a Serra da Estrela, uma associação [Guardiões da Serra da
Estrela] alertou para algo que já tínhamos previsto e gerou-se uma onda
positiva, até porque a própria associação será parceira da Volta”, acrescenta,
em entrevista à Lusa.
O
presidente da direção dos Guardiões, Manuel Franco, confirmou à Lusa a
colaboração na ação, que atua não só na minimização do impacto do lixo gerado e
deixado nas zonas de maior afluência, como na “sensibilização dos espetadores”.
Numa
nota, a organização da 81.ª edição da corrida destaca a colaboração com a
Câmara da Covilhã, as Águas da Covilhã e a Associação Geopark Estrela, além dos
Guardiões, para agir “em três frentes”, sendo que a mobilização “para recolha
intensiva de resíduos” e a sensibilização marcaram o esforço de “necessária
preservação desta paisagem particularmente valiosa e sensível”.
Na
chegada a Santo António dos Cavaleiros, no município de Loures, na segunda
etapa, a autarquia realizou um conjunto de iniciativas de sensibilização
ambiental e redução de resíduos, com o reforço de ecopontos, colocação de
‘mochileiros’ ambientais e distribuição de água da torneira em copos
recicláveis.
Os
municípios assumem “um papel indispensável, porque estão no terreno e deslocam
equipas de limpeza”, e na Serra da Estrela a limpeza foi feita também por “um
numeroso grupo de elementos da organização, autarquia, Guardiões da Serra e
Geopark”, algo que já aconteceu em outras ocasiões.
“Percorreram
a área toda do final da etapa e no final, com todos a posar para a fotografia
com os sacos do lixo recolhidos, ficaram todos satisfeitos. Nas anteriores
ações, mais de 80% do lixo recolhido nem sequer é nosso”, afirmou.
Convidada
pelo promotor da Volta a participar na ação de limpeza, a associação Guardiões
da Serra da Estrela, que tinha emitido um comunicado em 12 de julho a alertar
para os riscos, está “muito satisfeita” com o convite.
“Esta
iniciativa, e termos tido a abertura e reação [da organização], e a surpresa de
sabermos que o plano já estava em marcha, deixa-nos muito satisfeitos e na
expectativa de que seja um primeiro passo, que sirva de exemplo para outros
eventos que acontecem em áreas protegidas”, reforça Manuel Franco.
O
dirigente associativo pede que seja desenvolvida uma “mudança de paradigma”
sobre os custos que passam para o erário público de limpeza, apesar de serem
eventos “patrocinados e apoiados”, e pede maior salvaguarda nos contratos
celebrados com autarquias, para garantir a responsabilidade ecológica.
“Espero
que todos nos possam recompensar pelo esforço de recuperar a Torre [para o
traçado da Volta] com uma atitude cívica que esteja de acordo com a ação que
vamos promover”, remata Joaquim Gomes, para quem mais importante do que a
limpeza “é a mensagem a passar a milhares de pessoas”.
Fonte:
Sapo on-line
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