Dia
21 de julho Inês Rico, do Alhandra Sporting Club, Tiago Fonseca, do Outsystems
Olímpico de Oeiras, Gabriela Ribeiro, também do Alhandra Sporting Club e Tiago
Batista, do Clube de Natação de Torres Novas, sagraram-se Campeões da Europa em
estafetas mistas, em Tartu, na Estónia: agora estão a estagiar em altitude para
preparar as provas internacionais do resto da temporada.
Ricardo
Batista foi quarto nas provas individuais e Tiago Fonseca classificou-se na
14.º posição na prova masculina. Gabriela Ribeiro obteve o 29º lugar e Inês
Rico ficou em 47.ª devido a uma queda no ciclismo. Será que os resultados menos
bons na prova individual tornou os atletas mais fortes em equipa, tendo
conseguido motivá-los para alcançar o brilhante resultado? Nas palavras de Inês
Rico, também triatleta do Alhandra Sporting Club, esta competição em equipa ficou
marcada pela vontade da triatleta se vingar da queda de ciclismo na prova
individual. «Fiz uma boa partida, com algum azar na posição em que ficámos
colocadas, onde se fazia sentir mais a corrente. As transições foram muito
rápidas, um ciclismo forte a alcançar o grupo principal. Entrei na corrida em
segundo e ataquei cheia de força, conseguindo passar o testemunho em primeiro
lugar».
Inês Rico foi a primeira a entrar em prova e conseguiu passar o
testemunho em primeiro lugar
«Foi
uma prova bastante bem conseguida por parte de todos nós. Alinhámos à partida
sabendo que iríamos ter adversários bastante competitivos, mas eu estava
confiante devido às boas sensações sentidas dois dias antes com o 4º lugar na
prova individual», conta-nos Ricardo Batista. «Com uma natação bem conseguida e
um ciclismo onde tive de trabalhar bastante acabei por não me sentir a 100% no
último segmento. Mesmo assim, graças à grande prestação dos meus colegas de
equipa conseguimos alcançar o primeiro lugar. Fico bastante feliz com o
resultado, deixo aqui os parabéns aos meus colegas de equipa.»
O
terceiro elemento em prova, Gabriela Ribeiro, fez uma boa prestação na natação
conseguindo integrar o grupo da frente com mais duas atletas. «Começamos logo
muito bem, com a Inês Rico a sair no primeiro grupo da natação, fazendo um bom
ciclismo e uma excelente corrida e a passar o testemunho ao Ricardo em primeiro
lugar, este com uma boa natação conseguiu integrar o grupo da frente com mais
dois atletas, passando-me o testemunho em quarto lugar. Iniciei a prova em
quarto lugar, fiz uma excelente natação para sair em segundo e pedalar sempre
com a mesma triatleta, chegando com ela ao parque de transição. Na corrida
senti-me forte e passei o testemunho ao Tiago em primeiro lugar, o último elemento
da estafeta, que conseguiu manter a posição com uma excelente prova.»
Gabriela
teve alguma dificuldade em acreditar no título de Campeões da Europa, apesar de
estar confiante desde o início que podiam disputar os lugares cimeiros. O último elemento em prova foi Tiago Fonseca
que partilha a opinião dos seus colegas que correu tudo muito bem. Mas embora
os lugares da frente estivessem no horizonte, o atleta do Outsystems Olímpico
de Oeiras nunca pensou que atingissem a medalha de ouro: «Ficar em primeiro foi
algo que não estávamos à espera com seleções tão fortes em prova e sabe sempre
melhor ganhar!»
Este
excelente resultado não surge do nada, os triatletas portugueses contam já com
alguma experiência em competições deste nível, e Portugal possui uma equipa
mista equilibrada, com profundidade no setor feminino e masculino, garantindo
assim homogeneidade.
A equipa fez uma excelente prova do princípio ao fim, mostrando
grande solidez
«Apesar
de não ter havido medalhas na prova individual, sabia que era possível discutir
a prova, desde que o 4º elemento recebesse o testemunho integrado no grupo da
frente», afirmou Rodolfo Lourenço, treinador de Tiago Lourenço e técnico do
Outsystems Olímpico de Oeiras. E continua realçando as características dos
jovens triatletas: «Os atletas que participaram na estafeta mista no Campeonato
Europeu de Tartu, na Estónia, já mostraram por diversas ocasiões ter valor para
competir com os melhores juniores europeus.»
Paulo
Antunes, o técnico presente no Campeonato da Europa em Tartu, partilhou
connosco a estratégia de equipa tendo em linha de conta as características
individuais dos atletas: «A Inês fez o primeiro percurso com o objetivo que na
prova se juntasse no segmento de ciclismo e que conseguisse fazer a diferença
na corrida, para transmitir o testemunho o mais à frente possível. O Ricardo
foi o segundo elemento a entrar em prova, de forma a conseguir manter a equipa
nos lugares de decisão. A Gabriela foi a aposta para o terceiro percurso, pois
era espectável que, estando ela nos lugares da frente, iria possivelmente iria
o testemunho numa boa posição. O Tiago foi a opção para último porque é um atleta que se defende
muito bem, e caso chegasse na frente da corrida com outros atletas, iria ser
muito difícil batê-lo.»
As
provas por estafetas são um formato recente, onde os pormenores podem fazer a
diferença. «São provas muito rápidas, os atletas têm de estar muito
concentrados para não errar. Um erro como a perda de contacto do grupo da
frente pode impedir a disputa dos primeiros lugares. Têm também que estar
atentos, de forma a não receberem uma penalização de tempo», explica Paulo
Antunes.
Rodolfo
Lourenço e Paulo Antunes são unânimes em afirmar os pontos positivos destas
provas: a presença de um forte espírito de grupo, onde por vezes o fator equipa
leva à superação do triatleta como individual.
Como é uma prova por estafetas mistas?
O
triatlo é uma modalidade individual que recentemente criou uma versão por
estafetas, que irá integrar o programa olímpico em Tóquio 2020. É por isso
compreensível que «ser campeão europeu de estafetas mistas seja um título que
atualmente qualquer triatleta gostaria de ter». Rodolfo Lourenço fala-nos do
enorme impacto que um resultado deste género pode gerar, ajudando estes atletas
a criar uma identidade de nível internacional, fundamental para continuarem a
acreditar na possibilidade de uma carreira desportiva internacional no triatlo.
Paulo Antunes partilha de uma opinião semelhante, afirmado que ‘este resultado
pode ser encarado como um pequeno trampolim para estes atletas e para todos os
jovens de formação em Portugal. Temos jovens de enorme valor e hoje em dia
trabalha-se muito e bem na formação’. O treinador deixa a ressalva também: «Não
nos podemos esquecer que são provas coletivas, onde o resultado final em termos
motivacionais não ganha as mesmas proporções que um bom resultado na prova
individual.»
Quanto
ao balanço da época, os dois treinadores afirmam que ainda falta um campeonato
da europa e um a nível mundial, provas demasiado importantes para se fazer um
balanço sem saber os seus resultados.
O treino em altitude…
Os
quatro triatletas campeões da europa encontram-se em altitude para preparar as
restantes provas da época como o Campeonato do Mundo, local onde estão
inseridos num grupo de trabalho de excelência, havendo a vantagem do foco no
treino a que se juntam os outros benefícios do treino em altitude.
Inês
Rico vê no estágio objetivos muito concretos de preparar o Campeonato da Europa
de Juventude já no dia 2 de setembro, o Campeonato Mundial também em setembro
os Jogos Olímpicos da Juventude em outubro. «Até agora tem corrido muito bem!
Como sou a mais nova e tenho que treinar com os mais velhos, os ritmos são
diferentes. Mas felizmente, tenho me aguentado muito bem e evoluído!» diz Inês
satisfeita com os resultados. Para Ricardo Batista, as sensações do treino com
os colegas são boas e estando o estágio a correr muito bem ‘aponta para um bom
desfecho do Campeonato do Mundo’. Ricardo salienta o bom ambiente, como em
todas as provas/estágios da seleção. Tiago partilhou connosco que que está a
‘gostar muito do nosso treino e da companhia de todos! «É algo diferente, mas à
espera de bons sentimentos.» Gabriela Ribeiro, tal como os seus colegas de
equipa, ‘sente que está evoluir muito em todos os segmentos e a trabalhar os
pontos mais fracos’. A triatleta espera que todo este trabalho se reflita na
sua prestação na sua próxima competição, no Campeonato do Mundo na Austrália,
em setembro.
Este
é um desejo que todos partilhamos para todos os triatletas juniores que tanto
se empenham na conquista de melhores resultados na modalidade.
Fonte:
FTP
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